
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) questionou nesta segunda-feira, 23, declara��o do ex-ministro da Controladoria-Geral da Uni�o (CGU) Jorge Hage, segundo a qual somente um "cego, surdo e mudo" pode acreditar que a corrup��o no Brasil � uma novidade.
Dias antes, o tucano, em resposta � afirma��o da presidente Dilma Rousseff (PT) de que a corrup��o � uma "senhora idosa" no Pa�s - feita logo depois das manifesta��es de 15 de mar�o contra o governo -, havia dito que o caso de corrup��o na Petrobras traz algo novo em termos de corrup��o. "Essa corrup��o n�o � uma senhora idosa, � uma mocinha, um beb� quase", disse o ex-presidente tucano.
"Quem afirmar que a corrup��o � um beb�, certamente estava de olhos fechados ou fazendo papel de cego, surdo e mudo at� agora. Porque at� as pedras da rua sabem que a corrup��o existe desde que existe a humanidade e, no Brasil, existe desde Pedro �lvares Cabral. Agora, se algu�m fazia quest�o de at� pouco tempo n�o enxerg�-la, n�o investig�-la, n�o traz�-la para a superf�cie e mant�-la debaixo do tapete, a� realmente pode dizer que ela nasceu agora e � um beb�", disse ao jornal O Estado de S. Paulo o ex-ministro Jorge Hage, que entre 2006 e 2014 comandou a CGU, �rg�o do governo federal encarregado de investigar den�ncias de corrup��o.
Hage avaliou que n�o se pode afirmar que o esc�ndalo de corrup��o na Petrobras revelado pela Opera��o Lava Jato � o maior caso de desvios de dinheiro p�blico da hist�ria do Pa�s mas �, certamente, o maior esquema j� investigado e punido.
"Eu disse, referindo-me ao petrol�o (esquema de corrup��o na Petrobras sob investiga��o), ser uma forma de corrup��o espec�fica e recente, quase um beb�. Al�m de ser o maior esc�ndalo j� apurado, como disse o ex-ministro, trata-se da articula��o de uma rede que incluiu diretores e funcion�rios da Petrobras, nomeados e sustentados pelo governo, vinculando empresas privadas e partidos, com fins de locupleta��o pessoal, mas tamb�m de financiamento a partidos pol�ticos", afirmou FHC. Ainda segundo o ex-presidente, o caso na estatal petroleira "encontra antecedentes no mensal�o, mas � bem distinto da forma usual de corrup��o pessoal, que tamb�m merece rep�dio".
"A ironia quanto a que qualquer cego v� que sempre houve corrup��o no Pa�s, como pretende o ex-ministro, encobre a gravidade e a especificidade do petrol�o, como se fosse um caso banal, o que provavelmente n�o � o prop�sito dele", criticou FHC.