Os procuradores da for�a-tarefa da Opera��o Lava Jato pediram que a cunhada do ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto permane�a presa preventivamente por ter mentido durante seu depoimento prestado nesta segunda-feira, 20, diante das autoridades. Marice Corr�a Lima foi detida temporariamente (por 5 dias) ap�s se entregar, na sede da Pol�cia Federal, em Curitiba, na sexta-feira.
Marice foi identificada como a pessoa que pode ter feito dep�sitos “picados” para a irm�o e mulher de Vaccari, considerados formas de ocultar o rastreamento de dinheiro ilegal.
Ouvida ontem em Curitiba, pelos investigadores da Lava Jato, Marice negou ter feito dep�sitos na conta da irm�, mulher de Vaccari, em 2015. Imagens in�ditas anexadas ao processo, das c�meras de bancos, mostram que a cunhada pode ter sido a origem desses dep�sitos e que eles teriam continuado at� mar�o.
“Assim, tudo indica que Giselda recebe uma esp�cie de “mesada” de fonte il�cita paga pela investigada Marice, sendo que os pagamentos continuam sendo feitos at� mar�o de 2015.”
Se o pedido for acatado pelo juiz federal S�rgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, ela permanecer� encarcerada por tempo indeterminado.
Identifica��o
A for�a-tarefa da Lava Jato havia identificado dep�sitos “picados”, no limite pr�ximo de R$ 10 mil, que somaram R$ 322,9 mil em conta da mulher do tesoureiro do PT sem identifica��o do depositante. Em um �nico dia, 12 de dezembro de 2013, Giselda Rousie de Lima recebeu em conta cinco dep�sitos, quatro deles no valor de R$ 2 mil e um de R$ 1.500.
Iniciou-se ent�o uma investiga��o para identifica��o quem poderia ter feitos os dep�sitos. O Banco Ita�, ap�s ser acionado pelo MPF, foi um dos que enviou imagens de suas c�meras internas.
Pedido de Pris�o Preventiva
“(O banco) identificou registros videogr�ficos de dois dep�sitos fracionados, com valor abaixo de R$ 10.000,00, realizados em por uma “pessoa do sexo feminino, aparentando mais de 50 anos de idade, comparece �s ag�ncias 4836 e 1685, ambas desta institui��o financeira, no intuito de realizar dep�sitos em esp�cie, por meio de caixa de autoatendimento, em benef�cio da conta titulada por Giselda Rouse de Lima”, registrou a for�a-tarefa da Lava Jato, no pedido de pris�o de Marice.
“Analisando as imagens do v�deo, tudo indica que Marice Correa Lima foi a pessoa respons�vel por tais dep�sitos.”
Um dos dep�sitos identificados e que justificaram o pedido de convers�o da pris�o tempor�ria, que tinha prazo de cinco dias, para preventiva, sem data determinada para acabar, foi em 2 de mar�o, �s 13h06.
“Das imagens enviadas pelo banco, as 13:04:55 � poss�vel verificar Marice esperando na fila da ag�ncia Fagundes Filho, em S�o Paulo. No exato momento da opera��o banc�ria identificada, as c�meras de seguran�a capturaram imagem de Marice realizando o dep�sito em um dos caixas autom�ticos da ag�ncia”, informa o MPF.
Houve ainda registro dela fazendo dep�sitos para a irm� na mesma ag�ncia no dia 6 de mar�o, �s 14h25.
Para os procuradores, “nesse contexto, a pris�o preventiva de Marice � imprescind�vel para a garantia da ordem p�blica e econ�mica, pois est� provado que h� risco concreto de reitera��o delitiva”.
A for�a-tarefa ressaltou ainda que o fato da cunhada de Vaccari estar no
Panam�, quando foi decretada sua pris�o, dever se levado em considera��o.
“Nunca � demais agregar que Marice estava no Panam�, conhecido para�so fiscal da Am�rica Central. Em que pese a sua viagem por si s� n�o seja il�cita, este fato associado ao contexto das atividades de Marice, aparentemente operadora de recursos il�citos, merece no m�nimo aprofundamento investigativo, pois levanta suspeitas da manuten��o de dep�sitos ocultos no exterior, como por diversas vezes se verificou com outros investigados nesta opera��o.”
Ouvida
A cunhada do ex-tesoureiro do PT negou em depoimento na Pol�cia Federal na tarde desta segunda- feira, 20, que tenha recebido propina em dinheiro vivo da OAS, empreiteira sob suspeita da Lava Jato por participa��o no cartel que assumiu contratos bilion�rios na Petrobr�s entre 2003 e 2014.
Marice Correa Lima dep�s durante duas horas e meia. Ela esclareceu que n�o viajou para o Panam� para fugir ao decreto de sua pris�o tempor�ria. Marice diz que foi �quele pa�s da Am�rica Central para participar do F�rum Sindical das Am�ricas.
A PF indagou de Marice sobre a den�ncia do doleiro Alberto Youssef que, em dela��o premiada, anexada aos autos da Opera��o Lava Jato, citou dois repasses de aproximadamente R$ 400 mil para Vaccari, em nome do PT.
� PF, a cunhada de Vaccari negou ter recebido valores de Youssef.
Em seu depoimento desta segunda feira, 20, ela tamb�m afirmou que n�o houve irregularidades na compra do apartamento OAS Bancoop - transa��o sob suspeita do Minist�rio P�blico Federal.
Os investigadores da Lava Jato apontam para o neg�cio que Marice realizou com a OAS. Ao comprar o im�vel ela lucrou 100% em apenas um ano - adquiriu o im�vel por R$ 200 mil e o vendeu um ano depois por R$ 432 mil para a pr�pria empreiteira.
A for�a-tarefa da Lava Jato v� “car�ter fraudulento” na transa��o. Os procuradores da Rep�blica e a PF suspeitam que o neg�cio “serviu para ocultar e dissimular a origem il�cita dos recursos, tratando-se de poss�vel vantagem indevida paga pela OAS a Jo�o Vaccari Neto”.
Marice disse que, em liberdade, poder� localizar todos os documentos relativos � compra do apartamento Bancoop e outros de interesse dos investigadores da Lava Jato.
Seu advogado, o criminalista Cl�udio Pimentel, disse ontem que ela “ratificou o depoimento que j� tinha prestado em novembro”. “Ela est� serena, tranquila, apesar das condi��es, e est� plenamente � disposi��o da Justi�a”, anotou o advogado. Ele n�o foi encontrado nesta ter�a-feira.