(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Depoimento � CPI da Petrobras revela esc�rnio de doleira ligada a Youssef

Na CPI, Nelma Kodama canta Amada amante, nega ter levado euros na calcinha, atribui a crise econ�mica ao fim do esquema de propina na estatal e promete delatar bancos se fechar acordo


postado em 13/05/2015 06:00 / atualizado em 13/05/2015 07:36

Nelma negou que tentava fugir do Brasil quando foi presa e disse que levava os 200 mil euros no bolso(foto: J.Campos/Gazeta do Povo)
Nelma negou que tentava fugir do Brasil quando foi presa e disse que levava os 200 mil euros no bolso (foto: J.Campos/Gazeta do Povo)

Bras�lia – Condenada a 18 anos de pris�o por evas�o de divisas, a doleira Nelma Mitsue Penasso Kodama saiu ontem de sua cela em Curitiba para depor na audi�ncia da Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da Petrobras na cidade e zombar dos deputados que a ouviam, no audit�rio da Justi�a Federal do Paran�. Ela foi presa em flagrante no aeroporto de Guarulhos (SP) em mar�o do ano passado, quando tentava fugir para a It�lia com 200 mil euros escondidos na calcinha. Para negar a acusa��o feita pela Pol�cia Federal, Nelma se levantou, virou as costas para os parlamentares e colocou as duas m�os nos bolsos traseiros da cal�a jeans. “O dinheiro estava aqui”, descreveu. A plateia riu.

A doleira disse que negocia uma dela��o com o Minist�rio P�blico e prometeu entregar gerentes de institui��es financeiras que facilitavam a lavagem de dinheiro. “Os bancos ganham e eu vou detalhar isso na minha dela��o”, afirmou. “Tenho documentos que provam que os bancos, os gerentes-gerais, est�o envolvidos”, garantiu, antes de voltar ao tom de esc�rnio, ao afirmar que a corrup��o da Petrobras movimenta a economia brasileira. “Quando parou a corrup��o, o Brasil parou”, disse Nelma. “� o que eu chamo no meu mercado de bike, bicicleta: um santo descobrindo o outro. Estamos na corrup��o da Petrobras, dos empreiteiros, e o que aconteceu: o pa�s entrou em crise, numa recess�o”, disse.

De acordo com a Pol�cia Federal, Nelma era piv� de um dos quatro n�cleos de doleiros que fizeram opera��es de c�mbio ilegais na Opera��o Lava-Jato, ao lado de Alberto Youssef, de quem era amante, Carlos Habib Charter e Raul Henrique Srour. Ela disse que era bem mais que uma namorada de Youssef. “Depende do que o senhor chama de amante”, disse Nelma ao responder o deputado Altineu C�rtes (PR-RJ). “Eu vivi maritalmente com ele. Amante � uma palavra que engloba tudo, n�? Ser amiga, companheira. Uma coisa bonita.” A doleira fez gra�a novamente ao cantar trecho da m�sica Amada amante, de Roberto Carlos, cujos primeiros versos dizem: “Esse amor demais antigo/ amor demais amigo/ que de tanto amor viveu/ que manteve acesa a chama/ da verdade de quem ama/ antes e depois do amor/ e voc� amada amante/ faz da vida um instante”. O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), interrompeu a cantoria.

Ontem, Nelma disse que n�o se sentia injusti�ada com a condena��o, mas com o tempo de 18 anos de cadeia. “N�o concordo com a dosimetria da pena”, disse ela aos deputados.

COXINHA Os tr�s ex-deputados investigados na Lava-Jato tamb�m prestaram depoimento ontem � CPI. De in�cio, eles afirmaram que n�o prestariam nenhum esclarecimento, mas acabaram comentando o caso de corrup��o na Petrobras de maneira superficial. Os tr�s est�o presos em Curitiba.

O ex-vice-presidente da C�mara Andr� Vargas (ex-PT do Paran�) negou irregularidade e disse que sua rela��o com Youssef era l�cita. “Eu o conhe�o h� mais de 30 anos”, disse o ex-parlamentar, expulso do PT. “Eu o conheci vendendo coxinha no aeroporto de Londrina. Depois dele ter cumprido pena, ele se transformou no propriet�rio do maior hotel de Londrina e � s�cio ainda de um grande hotel em Aparecida do Norte, com a empresa cat�lica.” Segundo Vargas, nada foi feito �s escondidas. “Ele � um empres�rio e eu mantive um relacionamento � luz do dia com ele.” O ex-deputado afirmou ainda que n�o reconhece “nenhum repasse” de Youssef para ele. “Porque n�o ocorreram”, assegurou Vargas.

O ex-deputado Luiz Arg�lo (SD-BA) garantiu que � inocente. “S� posso dizer que os humilhados um dia ser�o exaltados. Isso est� na B�blia. Todo mundo erra. At� Jesus Cristo, que era filho de Deus, errou.” Arg�lo era do PP, partido para o qual Youssef trabalhava. Ele disse que a rela��o com o doleiro sempre foi legal. “Conheci Youssef como empres�rio que tinha investimento na Bahia. Eu tinha uma rela��o privada com ele. Se agora ele virou criminoso, doleiro, eu n�o tenho nada com isso. Ele j� tinha investimento no estado da Bahia e eu o conheci depois de eleito deputado federal.”

Segundo o ex-parlamentar, eles foram apresentados “na casa dos deputados M�rio Negromonte e Jo�o Le�o (hoje vice-governador da Bahia)”. “N�o o conheci com sacola de dinheiro nem como doleiro”, disse Arg�lo. “N�o recebi doa��o nenhuma de construtora em 2010.” Tamb�m prestou depoimento ontem o r�u condenado por tr�fico Ren� Luiz Pereira.

Saiba mais

Homenagem a Nice

A can��o Amada amante foi composta por Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Segundo a biografia n�o-autorizada Roberto Carlos em detalhes, do historiador Paulo C�sar de Ara�jo, a letra � do Rei e a melodia, do Tremend�o. A can��o foi lan�ada em 1971 e mostrava seu amor por Cleonice Rossi Martinelli, a Nice. Ela se casara com um empres�rio, mas terminou o relacionamento por incompatibilidade, uma pequena revolu��o para a �poca, segundo Ara�jo. Ela conheceu Roberto Carlos em 1966. Outros versos dizem: “Esse amor sem preconceito/ sem saber o que � direito/ faz as suas pr�prias leis”. Num primeiro momento, a m�sica foi censurada pela ditadura militar.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)