
Procuradores j� se movimentam para enfrentar a crise entre o Congresso e o Minist�rio P�blico, caso a presidente Dilma Rousseff opte por indicar o chefe da Procuradoria-Geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, para ser reconduzido ao cargo. Eles admitem que o clima n�o � bom por causa dos efeitos da Opera��o Lava-Jato, que investiga parlamentares sob suspeita de receberem propina de esquemas de corrup��o na Petrobras, mas confiam que a eventual indica��o seja analisada no “mais alto n�vel poss�vel”. Para evitar futuros riscos, a Associa��o Nacional dos Procuradores da Rep�blica (ANPR) estuda a cria��o de uma frente parlamentar em defesa da categoria, mas a ideia foi adiada por causa do clima ruim na C�mara e no Senado, onde os dois presidentes das Casas e v�rios parlamentares s�o alvos de inqu�ritos da Lava-Jato.
Em entrevista ao Correio, tanto o atual presidente, Alexandre Camanho, quanto o pr�ximo mandat�rio, Jos� Robalinho Cavalcanti admitiram o clima ruim entre MP e parlamento. Para a ANPR, a escolha da lista tr�plice para o pr�ximo mandato � a prioridade da associa��o. “A discuss�o vai ser, talvez, mais aguda, mais acompanhada pela sociedade, mais problem�tica do ponto de vista pol�tico do que h� dois anos”, disse Cavalcanti, que assume o cargo na noite de hoje. “N�o h� como tapar sol com a peneira, mas ser� levado e discutido pela Presid�ncia da Rep�blica e pelo Senado Federal de maneira mais cristalina e do mais alto n�vel poss�vel”, acrescentou.
Camanho contou que o plano de uma frente parlamentar do Minist�rio P�blico foi adiado, mas n�o abortado. “Essas crises s�o passageiras”, disse o atual presidente da ANPR. “Mas � preciso que haja s�lidos interlocutores institucionais no Congresso para que as crises n�o saiam da dimens�o que elas precisam ter.”
Cavalcanti diz que o problema da Lava-Jato � que a opera��o mexe com pol�ticos poderosos. “A complica��o � mais pelo clima”, disse. “Por que a Lava Jato complica? H� uma investiga��o extremamente delicada e ampla em curso e com envolvimento muito grande de um corpo de agentes pol�ticos, deputados e senadores. Se o chefe da investiga��o tem o mandato que acaba no curso da investiga��o, � uma complica��o pol�tica.”
Processo
Pelas regras, a presidente da Rep�blica pode escolher qualquer pessoa do Minist�rio P�blico para dirigir a entidade, mas, tradicionalmente, os governos do PT t�m escolhido apenas os indicados em lista tr�plice da ANPR. A rela��o � composta ap�s elei��o na entidade.
A ANPR n�o opina sobre a recondu��o de Janot. Defende apenas que a lista tr�plice continue a ser respeitada e que um dos tr�s candidatos seja escolhido. O pr�prio Janot n�o se candidatou a nada nem anunciou que disputar� o cargo — embora seja o curso natural no Minist�rio P�blico. Por meio de assessoria, Janot disse ao Correio que � prematuro discutir uma eventual candidatura � reelei��o no cargo. O mandato do procurador-geral se encerra em 17 de setembro, cerca de um m�s depois de quando ANPR pretende entregar a lista a Dilma. O indicado por ela ainda ter� que ser sabatinado pelo Senado.