Curitiba - Na ter�a-feira passada, enquanto o advogado Luiz Edson Fachin, indicado a ministro do Supremo Tribunal Federal, era sabatinado no Senado, l�deres da oposi��o e da situa��o na Assembleia Legislativa do Paran� batiam boca sobre a a��o da pol�cia militar, chefiada pelo governador Beto Richa (PSDB), no protesto que no fim de abril deixou cerca de 200 pessoas feridas - a maioria professores.
Nas �ltimas semanas, o tema Fachin foi o �nico capaz de gerar um armist�cio no conflagrado cen�rio pol�tico paranaense.
"Ele nunca teve milit�ncia pol�tica", disse o l�der do governo, deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB), ao comentar cr�ticas que foram feitas ao jurista, o relacionando ao PT. Fachin gravou v�deo em 2010 em apoio � elei��o de Dilma Rousseff para a Presid�ncia. "(O ministro) Gilmar Mendes j� fez v�rias declara��es contundentes em favor do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. E isso tamb�m n�o o desabona", afirmou o l�der da oposi��o na Casa, deputado Tadeu Veneri (PT).
O Estado vive uma disputa pol�tica acirrada desde o fim do ano passado, quando Richa - j� governador reeleito - apresentou um pacote de ajuste fiscal. Uma das propostas previa a mudan�a das regras de pagamento do fundo de previd�ncia estadual. A medida descontentou v�rias categorias de servidores p�blicos, dentre elas o Sindicato dos Professores, ligado � CUT e ao PT. Ap�s o ato violento contra professores, gritos de "Fora, Beto Richa" invadiram as manifesta��es de rua na capital paranaense e at� o jogo da final do campeonato estadual de futebol.
Al�m da campanha a favor, no dia da sabatina de quase 11 horas no Senado o indicado pela presidente petista para o STF foi acompanhado em Bras�lia pelo pr�prio governador tucano. Richa tem atuado na linha de frente da defesa de Fachin, tentando romper resist�ncias dentro do PSDB.
'Bairristas'
O argumento mais usado pelos pol�ticos paranaenses para defender o jurista � simples: o bairrismo. H� mais de 100 anos o Paran� n�o tem um representante no STF. O �ltimo - e �nico - foi Ubaldino do Amaral Fontoura, entre 1894 e 1896. Apesar de n�o ser paranaense de fato, Fachin, que � ga�cho, construiu sua carreira jur�dica no Estado, onde ganhou proje��o ap�s atuar como procurador e depois assumir uma cadeira na Universidade Federal do Paran� (UFPR).
"Temos que ser bairristas. Se n�o for o Fachin, vai ser um outro t�o radical quanto ele", disse o deputado Pedro Lupion (DEM), membro da bancada ruralista, pertencente � base aliada de Richa. O jurista vem sendo atacado por representantes da bancada ruralista no Congresso por supostamente ter v�nculos com o Movimento dos Sem Terra (MST).
Antes de ser procurador do Estado - no in�cio dos anos 1990 -, Fachin advogou para o antigo Instituto de Terras e Cartografia - hoje Instituto Ambiental do Paran�. Como professor da UFPR, ele ajudou a criar uma turma especial composta por assentados, quilombolas e membros de outros movimentos. A iniciativa fazia parte do Programa Nacional de Educa��o na Reforma Agr�ria, do governo federal.