Rio, 20 - Os belgas da Astra Oil resistiram em pagar "b�nus" de US$ 25 milh�es inclu�dos no pre�o da refinaria de Pasadena por executivos da Petrobras na �poca das negocia��es de compra da unidade norte-americana, revelou auditoria interna da estatal. Os belgas queriam receber US$ 339 milh�es pela refinaria, mas a Petrobras insistiu, na �poca, em pagar mais, US$ 364 milh�es, valor que inclu�a US$ 25 milh�es como b�nus para ser dividido entre executivos que participaram da negocia��o. O adicional n�o foi detalhado ao conselho de administra��o na apresenta��o do projeto e tamb�m os auditores n�o identificaram, no relat�rio, a sua natureza.
Segundo o documento da auditoria interna, o contato da Petrobras na Astra, Alberto Feilhaber enviou e-mail ao ex-gerente da petroleira Rafael Mauro Comino informando que n�o havia "nenhuma inten��o da Astra em modificar" a oferta inicial de pagamento da Petrobras. No dia 6 de dezembro de 2005, Feilhaber afirma que a Astra queria cobrar US$ 189 milh�es e US$ 150 milh�es relativos �s vendas da refinaria e da comercializadora de combust�veis e petr�leo de Pasadena, exclu�dos os US$ 25 milh�es.
"Os advogados est�o recomendando ao Mike (ex-presidente da Astra) n�o mexer neste split (oferta de pre�o)", disse Feilhaber no e-mail. "O pior � que os advogados est�o copiando as notas para a B�lgica e isto pode atrapalhar o neg�cio", complementou. Por fim, Feilhaber fala de uma flexibilidade para baixar o b�nus de US$ 25 milh�es para US$ 20 milh�es, ou seja, que em vez de US$ 364 milh�es, valor que a Petrobras pretendia pagar, a Astra estava disposta a receber US$ 359 milh�es, uma diferen�a desfavor�vel � companhia belga de US$ 5 milh�es, contrariando a l�gica de negocia��o de ativos.
Quando enviou mensagem aos belgas pedindo a inclus�o de um valor adicional no pre�o total de Pasadena, o ex-gerente da Petrobras Comino afirmou que seria direcionado a "pessoas" da Petrobras e da Astra. Em depoimento � comiss�o de auditoria da estatal, "reconheceu que este valor foi adicionado ao pre�o final da opera��o.
"A comiss�o apurou que o valor de US$ 20 milh�es foi negociado, a t�tulo de "b�nus", pelos Srs. Rafael Mauro Comino e Alberto Feilhaber, com conhecimento dos Srs. Luis Carlos Moreira, Aur�lio Oliveira Telles, C�zar de Souza Tavares, Carlos Cesar Borromeu de Andrade e Thales Rezende de Miranda, al�m dos advogados da Thompson&Knight, escrit�rio contratado para assessorar a Petrobras. Tal valor foi acrescido � proposta, e efetivamente pago pela Petrobras � Astra", segundo o relat�rio da auditoria.
A auditoria concluiu ainda que, mesmo com o acesso aos e-mails trocados e com as declara��es dos executivos pelos membros da comiss�o, n�o foi poss�vel concluir o motivo do "b�nus" e � "raz�o pela qual o Sr. Alberto Feilhaber teria demonstrado preocupa��o com este assunto ou, ainda, a que pessoas seriam destinados". O relat�rio final da auditoria informa que o assunto "b�nus" n�o foi "mencionado, apresentado ou encaminhado � diretoria executiva" da Petrobras.
Personagem central nas negocia��es de compra da refinaria de Pasadena, Feilhaber foi empregado da estatal de 1976 a 1995 e, em seguida, vice-presidente da Astra Oil. Foi ele quem prop�s o in�cio das negocia��es entre as duas empresas ao ex-diretor Internacional da petroleira Nestor Cerver�, preso pela Pol�cia Federal, na Opera��o Lava Jato. Convidado pela comiss�o de auditoria da Petrobras, ele n�o compareceu. Por telefonema, disse apenas que n�o responderia aos questionamentos por orienta��o de advogados.