Bras�lia – Pressionada pelo PMDB por todos os lados, a presidente Dilma Rousseff mordeu a isca e acelerou as nomea��es dos cargos pedidos pelos aliados, apesar de ter demonstrado irrita��o com o projeto do PMDB para sabatinar indicados para o comando das empresas estatais, respons�veis por administrar um or�amento de R$ 105 bilh�es ao longo deste ano. O vice-presidente Michel Temer avisou que n�o h� como chegar � vota��o da desonera��o da folha de pagamentos das empresas – parte do ajuste fiscal – sem resolver as pend�ncias do segundo escal�o, sob pena de repres�lias em plen�rio.
A proposta da dupla peemedebista, apresentada na segunda-feira, pegou muito mal no Planalto. “Eles est�o querendo levar ao extremo o fisiologismo ao propor direito de veto aos indicados para estatais”, reclamou um assessor palaciano. “Voc� trava a administra��o, uma vez que as sabatinas n�o podem ser marcadas da noite para o dia, e ainda abre mais um espa�o para press�o pol�tica da oposi��o?”, questionou um aliado da presidente.
Mais tarde, no Senado, Calheiros rebateu as declara��es da presidente. “N�o h�, absolutamente, interfer�ncia. O que h� � um desejo da sociedade de que se abra a caixa-preta das estatais. Que isso fique absolutamente transparente, o pa�s cobra isso”, afirmou. “Esse projeto � uma resposta do Legislativo ao desalinho das estatais, inclusive da Petrobras”, completou Renan.
Mesmo ciente de que o projeto ainda precisa tramitar nas duas Casas, Dilma n�o quer se indispor ainda mais com a fr�gil base de sustenta��o no Congresso e autorizou os seus articuladores pol�ticos a acelerar as nomea��es do segundo e terceiro escal�es.
Segundo apurou o Estado de Minas, j� est�o definidos os cargos nacionais das autarquias e bancos p�blicos. Faltam ainda as negocia��es para os cargos regionais. O setor el�trico, outra joia da coroa federal, deve esperar mais um pouco. Dilma avisou que far� um exame minucioso das indica��es para as empresas el�tricas, algo que tamb�m anunciou no primeiro mandato, embora tenha mantido afilhados dos peemedebistas Jader Barbalho (PA) e Jos� Sarney em cargos estrat�gicos.
Mais uma vez, o gabinete do vice-presidente Michel Temer foi, ontem � tarde, palco de uma reuni�o com os ministros Eliseu Padilha (Avia��o Civil), Ricardo Berzoini (Comunica��es) e Aloizio Mercadante (Casa Civil). Um cacique do PP deu um recado aos articuladores. “N�o h� como chegar at� a semana que vem sem essa pauta (cargos) estar resolvida. Se isso acontecer, o governo n�o conseguir� dialogar com nenhuma lideran�a pedindo apoio ao ajuste”, amea�ou o parlamentar.
Respons�vel pelas negocia��es com os aliados, Padilha tem uma pasta com anota��es coloridas destacando quem deseja qual cargo no segundo escal�o. A partir da�, se v� na ingl�ria tarefa de administrar vaidades e interesses pol�ticos dos aliados. O Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), por exemplo, virou alvo de uma disputa entre PMDB e PP.
Os pepistas, que assumiram o Minist�rio da Integra��o Nacional e abocanharam a Companhia de Desenvolvimento do Vale do S�o Francisco (Codevasf), querem assumir a presid�ncia do Dnocs. Garantem ter recebido o sinal verde dos negociadores do governo. O problema � que a autarquia, neste momento, est� sob o comando do PMDB. “N�o venham querer tirar o Dnocs do PMDB. O PP quer uma inser��o maior no Sul e Sudeste. N�o precisam do Dnocs para nada. Eles j� t�m um minist�rio muito maior do que a bancada deles comporta”, atacou uma lideran�a peedemebista.
Pela equa��o, ainda n�o aceita por nenhuma das partes, o PMDB poderia ficar com a presidencia do Dnocs e o PP, com as demais diretorias. No in�cio da noite de ontem, Padilha tentava definir com o partido a indica��o para a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).