Bras�lia - O presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), trabalha para nomear pessoa de seu grupo pol�tico para comandar parte dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Servi�o (FGTS).
Tr�s ministros disseram ao jornal "O Estado de S. Paulo" em conversas reservadas, que Cunha usa o projeto da corre��o do FGTS, na contram�o dos interesses do Planalto, como moeda de troca para conseguir mais um posto estrat�gico na Caixa. O presidente da C�mara nega.
Cunha patrocina a proposta que dobra a corre��o do FGTS - dos atuais 3% ao ano mais Taxa Referencial (TR) para 6,17% ao ano, al�m da TR - nos dep�sitos feitos a partir de janeiro de 2016. "Vamos votar na primeira semana de agosto de qualquer maneira", garantiu ele ao jornal.
O governo teme que o projeto de lei, com forte apelo popular, seja aprovado pelo Congresso, o que encareceria os financiamentos com juros subsidiados nas �reas de infraestrutura, habita��o e saneamento.
Dilma pediu a Cunha, no �ltimo dia 6, que adiasse a vota��o na C�mara. A presidente chegou a dizer a ele que, se a proposta fosse aprovada como est�, tornaria invi�vel a terceira etapa do programa habitacional Minha Casa Minha Vida.
"N�o existe toma-l�, d�-c�. Tudo isso � fofoca de quem quer me constranger", rebateu o presidente da C�mara. "Eu n�o estou indicando nem Fabinho, nem Jo�ozinho, nem Marquinhos, nem ningu�m", insistiu. "Para manter a independ�ncia, a minha posi��o � incompat�vel com essas indica��es."
O projeto � assinado pelos deputados Paulo Pereira da Silva (SD-SP), da For�a Sindical, e pelos l�deres das bancadas do DEM, Mendon�a Filho (PE), e do PMDB, Leonardo Picciani (RJ). Pelo regimento, Cunha n�o pode apresentar projetos enquanto ocupar a presid�ncia da Casa. A Caixa calcula que, se o texto for aprovado, os interessados em financiar a casa pr�pria v�o pagar presta��o at� 38% maior nos empr�stimos.
Cunha sempre quis ter o controle da gest�o do FI-FGTS. Seu afilhado no banco estatal, F�bio Cleto, j� participa do comit� de investimento do FI-FGTS, mas apenas como representante da Caixa. Na �ltima reuni�o do grupo - formado por trabalhadores, empres�rios e indicados pelo governo -, Cleto pediu vistas da escolha dos projetos da carteira do BNDES que receberia R$ 10 bilh�es do FI-FGTS. O gesto, na pr�tica, atrasou a transfer�ncia dos recursos do fundo para o banco de fomento.
Os maiores grupos de infraestrutura do Pa�s procuram o fundo como �nica fonte de recursos neste momento em que at� mesmo o BNDES p�s o p� no freio dos desembolsos. Administrado pela Caixa, o FI-FGTS j� tem R$ 32,8 bilh�es investidos como s�cio dessas companhias ou em financiamentos.
Cleto e Vasconcelos n�o quiseram se pronunciar. A Caixa tamb�m n�o se manifestou.