O Departamento Jur�dico da construtora Odebrecht tentou impedir que a Pol�cia Federal tivesse acesso a dados armazenados no e-mail de Fabio Gandolfo, executivo da empreiteira que � investigado por suposto envolvimento no esquema de desvios da Eletronuclear, empresa que � bra�o da Eletrobr�s, no �mbito da Opera��o Lava-Jato. A construtora foi alvo de um mandado de busca e apreens�o em sua sede no Rio de Janeiro na execu��o da 16ª Fase da Opera��o Lava-Jato, batizada de Radioatividade e deflagrada na manh� desta ter�a-feira, pela PF.
Em of�cio encaminhado ao juiz S�rgio Moro na manh� de hoje, quando os mandados estavam sendo cumpridos, Igor alertou que teve dificuldades para conseguir as senhas de acesso aos servidores da construtora para obter os arquivos do e-mail de Gandolfo. "A alega��o dos defensores baseia-se no fato de que o servidor de e-mails da empresa estaria estabelecido no exterior e n�o abrangido pela ordem judicial. Neste sentido solicito a Vossa Excel�ncia o detalhamento do mandado de busca e apreens�o anterior para que seja deferido o acesso integral �s mensagens e arquivos armazenados na referida conta de e-mail, onde quer que se encontrem, no pa�s ou no exterior", escreveu o delegado em mensagem encaminhada � Justi�a �s 10h desta ter�a.
No of�cio, o delegado diz ainda que a a��o da Odebrecht � "t�o somente de uma mera estrat�gia de retardar a investiga��o policial". Com isso, Igor pede que o juiz autorize "a extra��o dos backups, c�pias de seguran�a e logs de acesso da conta investigada das �ltimas 48 horas", escreveu o delegado.
Em resposta, o juiz Sergio Moro escreveu que "n�o cabe aos empregados da Odebrecht, quer advogados ou n�o, se oporem ao cumprimento do mandado de busca. O crime investigado ocorreu no Brasil, o executivo investigado realizou comunica��es no Brasil, n�o tendo qualquer relev�ncia o suposto �bice (dificuldade) apontado", escreveu o juiz, autorizando o pedido do delegado. Procurada, a construtora n�o respondeu ao questionamento encaminhado pela reportagem at� a publica��o desta mat�ria.
Moro ressaltou ainda que qualquer resist�ncia ao cumprimento da ordem judicial deve ser comunicada a ele "cabendo somente a este decidir sobre eventual revoga��o, tendo ela for�a executiva imediata enquanto n�o houver nova delibera��o", escreveu o juiz. Al�m disso, o magistrado disse que se fosse necess�rio a PF deveria utilizar "for�a e pris�o" daqueles que se opuserem ao cumprimento da ordem judicial.
O juiz aproveitou o despacho para dizer que o comportamento da construtora "indica possibilidade de destrui��o de provas", relatando que isso j� ocorreu outras vezes: "como tamb�m indicam anota��es anteriores do Presidente da holding, ao recomendar "hieginiza��o de apetrechos"", escreveu Moro no despacho. O juiz se referiu a um bilhete escrito por Marcelo Odebrecht, presidente da Construtora, para a sua advogada no qual mencionava as palavras "destruir" e "e-mail sondas". O bilhete foi entregue quando Marcelo j� estava detido na Superintend�ncia do Paran� e foi fotografado por um policial federal por suspeita de que o executivo estaria pedindo a sua defesa a destrui��o de provas que pudessem incrimin�-lo. Por esse antecedente, Moro acatou o pedido do delegado e ampliou o pedido inicial de busca e apreens�o para que a PF tivesse acesso a c�pias e logins feitos nas �ltimas 48 horas.
Radioatividade
A PF deflagrou nesta ter�a-feira, na 16ª fase da Lava-Jato, denominada Opera��o Radioatividade. A opera��o teve como foco supostos desvios envolvendo a Eletronuclear, empresa que � vinculada a Eletrobr�s. Investigadores buscam ind�cios de desvio de recursos p�blicos envolvendo empreiteiras e obras da usina nuclear Angra 3. Foram cumpridos hoje 23 mandados de busca e apreens�o em Bras�lia, S�o Paulo e no Rio de Janeiro. Os alvos dos mandados de condu��o coercitiva s�o os executivos Renato Ribeiro Abreu, da MPE Participa��es, F�bio Adriani Gandolfo, da Odebrecht, Petr�nio Braz J�nior, da Queiroz Galv�o, Ricardo Ouriques Marques, da Techint Engenharia, Cl�vis Renato Peixoto Primoi, da Andrade Gutierrez.
Al�m disso, foram presos o presidente Global da Andrade Gutierrez Energia, Fl�vio Barra, e o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear que pediu afastamento do cargo em abril deste ano. Ambos tiveram pris�o tempor�ria decretada por Moro e est� sendo transferidos do Rio de Janeiro para a Superintend�ncia da Pol�cia Federal em Curitiba. A PF suspeita que o presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva recebeu R$ 4,5 milh�es de empreiteiras investigadas na Opera��o Lava Jato. A Opera��o teve como base os depoimentos prestados por Dalton Avancini, executivo da empresa Camargo Corr�a.