Bras�lia - A c�pula da CPI da Petrobras, formada em sua maioria por aliados do presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), solicitou � empresa de espionagem Kroll que d� prioridade �s investiga��es sobre o lobista J�lio Camargo, que acusa o peemedebista de ter pedido propina de US$ 5 milh�es no esquema de corrup��o da estatal.
A investiga��o paralela da CPI procura eventuais contas, movimenta��es financeiras e ativos patrimoniais no exterior que n�o foram mencionadas por Camargo na dele��o. Com isso, os aliados de Cunha esperam derrubar as acusa��es de Camargo contra o presidente da C�mara.
O primeiro contrato firmado com a Kroll, no valor de R$ 1,18 milh�o, j� pago, estabelece que a empresa investigue 15 pessoas. Uma fonte ligada � investiga��o disse que o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), e um dos sub-relatores da comiss�o, Andr� Moura (PSC-SE), escolheram 12 pessoas do hall de personagens que figuram na Opera��o Lava Jato para serem investigadas. Segundo vers�o oficial divulgada pela CPI, a Kroll j� havia encontrado ind�cios da exist�ncia de ativos no exterior vinculados a essas pessoas.
Na lista, h� ex-diretores da Petrobras, executivos e operadores do esquema de corrup��o. Pol�ticos ficaram de fora. As tr�s vagas restantes foram preservadas para novas "prioridades". H� cerca de um m�s, os deputados pediram prioridade na investiga��o de cinco pessoas. Duas semanas depois, restringiram a lista a quatro. J�lio Camargo � um desses nomes que s�o mantidos em sigilo. Cunha diz n�o fazer coment�rios sobre a CPI.
O peemedebista nega a acusa��o feita pelo lobista e responsabiliza o governo e a Procuradoria-Geral da Rep�blica pelas acusa��es. Segundo ele, Camargo foi pressionado pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot. Os advogados de Eduardo Cunha pediram ao Supremo Tribunal Federal a suspens�o da a��o penal em que Camargo cita o presidente da C�mara dos Deputados.
A defesa diz que houve uma "anomalia jur�dica", j� que o depoimento do lobista no qual Cunha foi citado foi prestado no Paran�, descumprindo a exig�ncia de que os atos relativos a um parlamentar sejam feitos perante o Supremo Tribunal Federal, devido � prerrogativa de foro privilegiado.
Investigados
O acesso � lista de investigados da Kroll �, em tese, restrito a Eduardo Cunha, Hugo Motta e Andr� Moura. O presidente da C�mara determinou sigilo dos documentos at� 2020. Em tr�s meses de atua��o, a Kroll investigou 59 contas banc�rias fora do Pa�s. A C�mara negocia com a empresa uma nova fase das investiga��es. A segunda etapa, que deve durar nove semanas, culminar� com a apresenta��o do relat�rio final.
O Legislativo tenta reduzir o novo valor cobrado pela empresa de espionagem, que deve superar R$ 1 milh�o. A empresa foi contratada com dispensa de licita��o, o que gerou questionamentos. O mist�rio acerca do trabalho feito pela Kroll � alvo de cr�tica de parlamentares da CPI.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) acusa Motta de esconder as investiga��es. Valente chegou a cobrar que os nomes a serem investigados pela empresa fossem submetidos � aprova��o da comiss�o. "Quando o contrato estiver fechado, ser� divulgado o n�mero de investigados e o valor a ser pago", afirmou Hugo Motta. Questionado sobre o fato de o lobista J�lio Camargo ser um dos alvos, o presidente da CPI da Petrobras afirmou que n�o faz coment�rios sobre os investigados.