
O ex-ministro Jos� Dirceu foi condenado no processo do mensal�o em outubro de 2010 a sete anos e 11 meses por forma��o de quadrilha e crime de corrup��o ativa. Al�m da pena de reclus�o, o petista tamb�m foi multado em R$ 676 mil, correspondentes a 260 dias-multa no valor de dez sal�rios m�nimos, fixados aos valores praticados na �poca.
Preso em 15 de novembro de 2013, Dirceu passou menos de um ano preso. No come�o de julho do ano passado, o ex-ministro deixou a Penitenci�ria da Papuda, em Bras�lia, onde cumpria pena em regime fechado. Ele migrou para o semiaberto e foi transferidos para o Centro de Progress�o Penitenci�ria (CPP).
Tamb�m em julho do ano passado, Dirceu come�ou a trabalhar no escrit�rio do advogado Jos� Gerardo Grossi. Em novembro do ano passado, o ministro Lu�s Roberto Barroso, do STF, concedeu a Dirceu a progress�o para o regime aberto. Dirceu atingiu o crit�rio de um sexto da pena ap�s o STF abater 142 dias da puni��o. O direito ao abatimento foi conquistado com o trabalho no escrit�rio e os cursos feitos pelo ministro enquanto estava preso. Sem os benef�cios previstos pela lei penal brasileira, Dirceu s� completaria o prazo de um sexto da pena em mar�o de 2015.
Habeas Corpus
No �ltimo dia 22, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Regi�o (TRF4) negou por unanimidade e em car�ter definitivo, habeas corpus preventivo para Jos� Dirceu. O indeferimento do pedido ocorreu 20 dias depois de a defesa de Dirceu entrar com a solicita��o.
A decis�o � da 8.ª Turma do TRF4, que julgou no �ltimo dia 22 recurso denominado agravo regimental em habeas corpus preventivo impetrado pela defesa de Dirceu no dia 8 de julho. No pedido, o criminalista Roberto Podval, que coordena o n�cleo de defesa do ex-ministro, argumentou ent�o que Dirceu estava na "imin�ncia de ser preso".
Novela
O juiz federal Nivaldo Brunoni, relator da Lava-Jato no TRF4 durante as f�rias do desembargador Jo�o Pedro Gebran Neto, havia negado a an�lise do habeas preventivo por entender que este n�o se justificava e negou seguimento ao processo.
A defesa pediu a Brunoni que reconsiderasse sua decis�o, mas o juiz indeferiu esse novo pedido. A defesa recorreu, ent�o, a um agravo regimental, com objetivo de levar a demanda ao crivo do colegiado da 8.ª Turma - formada por Brunoni, pelo desembargador federal Leandro Paulsen e pelo juiz convocado Rony Ferreira. O agravo tamb�m foi inferido. Com a decis�o da 8.ª Turma do TRF4, ficou encerrado o processo da Lava-jato.
R�u duas vezes
As duas vezes em que Jos� Dirceu foi r�u em julgamentos tra�aram momentos definidores dos mais de 45 anos de vida pol�tica do ex-ministro de Lula. Se na primeira condena��o, ele obteve "as gl�rias" por sua atua��o na resist�ncia contra a ditadura militar, a outra senten�a no mensal�o recebida quatro d�cadas depois coloca Dirceu no pequeno rol de pol�ticos de primeiro escal�o condenados por corrup��o no Brasil.
A primeira condena��o de Dirceu foi pela participa��o no hist�rico congresso da UNE em Ibi�na, em 1968. Preso junto com todos os estudantes do encontro, foi sentenciado a 14 meses em 21 de agosto de 1969. O c�rcere n�o duraria muito. Dias ap�s a condena��o, ele seria libertado com os demais presos pol�ticos trocados pelo embaixador americano Charles Elbrick, sequestrado por militantes de esquerda. Exilado para Cuba, foi tamb�m condenado ao banimento pelo regime militar.
Estudante de cursinho em 1964, Jos� Dirceu de Oliveira ingressou na Faculdade de Direito da PUC em 1965. Iniciou no movimento estudantil sua carreira pol�tica. Numa elei��o confusa, em outubro de 1967, tornou-se presidente da extinta Uni�o Estadual dos Estudantes (UEE).
Nas assembleias e nos com�cios rel�mpagos, seu discurso pol�tico e talento orat�rio mobilizavam os ouvintes. Comandou as passeatas de S�o Paulo em 1968, liderou os estudantes que instigaram a greve oper�ria em Osasco. Meses depois, era cotado como favorito para presidir a UNE, entidade ilegal no per�odo, mas mantida viva pelos estudantes que se organizavam contra a repress�o. A opera��o policial em Ibi�na impediu a elei��o e prendeu todos os l�deres do movimento estudantil.
No ex�lio, fez uma cirurgia pl�stica e curso de guerrilha. Retornou ao Brasil em 1975, vivendo com identidade falsa no interior do Paran� at� a anistia em 1979. Organizador de diferentes setores da esquerda, est� entre os fundadores do PT. Foi deputado estadual e federal por S�o Paulo e em 1995 se tornaria o presidente do partido.
Com a vit�ria de Lula e a chegada do PT ao governo federal, Dirceu foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil. Por sua influ�ncia, era tido como sucessor natural de Lula. A den�ncia do mensal�o pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, o derrubou Dirceu e o transformou em r�u. Ao contr�rio da primeira vez, quando a condena��o pelo arremedo de Justi�a Militar foi praticamente sum�ria, desta vez o processo se arrastaria por sete anos at� ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal.