S�o Paulo e Curitiba - Os investigadores da Opera��o Lava-Jato t�m os contratos, notas e trocas de mensagens da Galv�o Engenharia - empreiteira acusada de cartel e corrup��o na Petrobras - e a SC Consultoria, empresa de Zaida Sisson de Castro, mulher do ex-ministro da Agricultura do Peru, Rodolfo Beltr�n Bravo (governo Alan Garc�a). Zaida � suspeita de ser o elo do ex-ministro Jos� Dirceu com o governo peruano.
Foram identificadas pela Pol�cia Federal 20 transfer�ncias banc�rias da JD para a empresa de Zaida, entre 16 de janeiro de 2009 e 16 de novembro de 2011, totalizando R$ 364.398,00. Nesse per�odo, Dirceu foi contratado por duas empreiteiras do cartel que atuava na Petrobras, para supostamente prospectar neg�cios no Peru, entre elas a Galv�o Engenharia e a Engevix.
Zaida anota que prestou efetivamente servi�os de consultoria para a JD no Peru, mas que a SC Consultoria nunca recebeu valores da empresa de Dirceu. Diz que iniciou um trabalho conjunto em 2008, dado seu conhecimento com o mercado peruano. "Apresentei meus servi�os para identificar possibilidades para empresas do Brasil no Peru, principalmente na �rea de infraestrutura." O v�nculo com a empresa do ex-ministro preso terminou em setembro de 2011, destaca.
"A SC Consultoria nunca faturou para a JD", disse Zaida. "A Blitz de Brasil � que faturou a JD, porque tinha empresas que queriam pagar aqui (no Brasil)." A Blitz est� registrada em nome da filha da investigada.
Triangula��o
Para investigadores da Lava-Jato, os contratos e notas que mostram o v�nculo entre empreiteiras do cartel, a JD de Dirceu e a SC da mulher do ex-ministro peruano s�o ind�cios claros de uma triangula��o entre o ex-ministro e Zaida em um esquema de propina oculto em forma de "consultorias".
"Jos� Dirceu expandiu sua 'consultoria' para Zaida, que, segundo Milton Pascowitch, seria casada com um agente pol�tico do Peru, para atua��o naquele pa�s", registra o delegado Pol�cia Federal M�rcio Adriano Anselmo, no pedido de pris�o do ex-ministro.
Zaida Sisson, mulher de Rodolfo Beltr�n Bravo, ex-ministro da Agricultura do Peru (governo Alan Garc�a), foi alvo da Opera��o Pixuleco, 17.º cap�tulo da Lava-Jato. A Pol�cia Federal vasculhou um apartamento no Centro de S�o Paulo, endere�o da investigada, segundo os investidores.
Brasileira, ela teria sido elo do ex-ministro-chefe da Casa Civil (Governo Lula) Jos� Dirceu em neg�cios da empreiteira brasileira Engevix e Galv�o Engenharia no Peru.
Zaida Sisson foi citada na dela��o premiada do lobista Milton Pascowitch, que denunciou propinas para o ex-ministro Jos� Dirceu. "Zaida foi mencionada por Milton como esposa do Ministro da Agricultura do Peru e indicada por Dirceu a atuar na obten��o de contratos para a Engevix naquele pa�s. Ali�s, Zaida tamb�m foi citada em informa��es prestadas por outra empreiteira cartelizada, a Galv�o Engenharia, como respons�vel pela SC Consultoria S.A.C., indicada por Dirceu para prestar assessoria � Galv�o no Peru", aponta documento do Minist�rio P�blico Federal no pedido de pris�o de Dirceu.
Documentos
Os contratos em poder da PF foram entregues pela pr�pria Galv�o Engenharia, a pedido do delegado Eduardo da Silva Mauat. Eles foram apresentados junto com os contratos e notas de pagamentos para a JD Assessoria e Consultoria, do ex-ministro. Para a empreiteira, os servi�os s�o legais e foram executados.
Nos argumentos que apresentou � Pol�cia Federal, a Galv�o explicou que contratou em 2009 a JD para buscar neg�cios na Am�rica Latina. O contrato foi mantido at� 2011 prevendo pagamentos mensais de R$ 25 mil.
A Galv�o informou que contratou a SC Consultoria por interm�dio da JD. "Dentro do escopo contratado, a JD Assessoria e Consultoria Ltda, por meio de parceria internacional, disponibilizou os servi�os da empresa SC Consultoria para proceder o apoio necess�rio � expans�o do neg�cio da Galv�o Engenharia S.A em solo peruano", informou a empreiteira � Lava-Jato.
Em nota enviada ao jornal "O Estado de S. Paulo", a mulher do ex-ministro informou que "no caso da Construtora Galv�o e Engevix n�o participou em nenhum projeto conclu�do ou em curso a estas empresas".
A PF tem um contrato com a SC de 15 de julho de 2010. Pela Galv�o, quem assina � Marcos de Mora Wanderley. O contrato previa o pagamento mensal de US$ 5 mil. O contrato foi reincidido pela Galv�o em 25 de junho de 2012 de forma amig�vel entre as partes.
O contrato da SC Consultoria com a Galv�o teria servido para buscar neg�cios em dois projetos: Projeto Especial Binacional Puyango-Tumbes, para irriga��o das �reas de cultivo no Peru e no Equador, e o Projeto Especial de Irriga��o da Marge Direita do Rio Tubes.
Segundo a Galv�o, a "SC Consultoria ainda auxiliou a Galv�o em projeto de saneamento contratado junto � estatal peruana Sedapal (Empresa de Servicios de Agua Potable Y Alcantarillado de Lima), intermediando as demandas da empresa junto ao cliente", em 2010.
Zaida informou na quarta-feira, 5, que jamais recebeu pagamentos il�citos da JD, empresa do ex-ministro Jos� Dirceu. Zaida � taxativa. "N�o � certo como mencionam alguns meios que fui o bra�o direito ou operadora do sr. Dirceu em Peru. Meu rol foi sempre laboral e de orienta��o com o devido cumprimento e �tica."
"Recha�o categoricamente haver recebido pelas consultorias neste per�odo comiss�o ou pagamento com algum prop�sito il�cito", ela afirma. "Meus honor�rios foram em torno de R$ 15 mil durante 35 meses devidamente justificados e declarados ante as autoridades tribut�rias de ambos pa�ses."
"Por quase tr�s anos, a SC Consultoria deu suporte a alguns projetos da Galv�o Engenharia, realizou reuni�es peri�dicas com representantes da peticion�ria com ministros da Agricultura, com o presidente regional de Tumbes no Peru, prospectou poss�veis projetos de interesses nas �reas de infraestrutura, saneamento, rodovias, etc., sendo que em ao menos uma dessas reuni�es Jos� Dirceu esteve presente", declarou a Galv�o, em documento entregue � PF, datado de 16 de abril.
Defesa de Zaida
Zaida informou nessa quinta-feira, 6, que seus servi�os para a Galv�o Engenharia n�o foram feitos via JD. "A consultoria que dei � Galv�o Engenharia no Peru n�o foi pela JD, porque o diretor local tinha total autonomia e nunca chegou a conhecer o JD."
"Tenho todas as notas fiscais e impostos pagos e eu fazia informes do meu trabalho de 3 em 3 meses. A empresa tem todos os documentos."
Segundo Zaida, "a SC Consultoria nunca faturou para a JD". "A SC � minha empresa peruana. A Blitz de Brasil � que faturou a JD, porque tinha empresas que queriam pagar aqui."