S�o Paulo e Curitiba – Um novo delator da Opera��o Lava Jato confessou que sua empresa Link Projetos e Participa��es foi usada como intermedi�ria para repasse de ao menos R$ 765 mil, de 2010 a 2014, entre a empreiteira Engevix e a Aratec Engenharia Consultoria e Representa��es, controlada pelo presidente licenciado da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, preso desde o final de julho sob suspeita de receber propinas nas obras de Angra 3.
"As declara��es do colaborador Victor Sergio Colavitti somadas ao conjunto de provas j� constante dos autos, evidenciam plenamente que foram firmados contratos fict�cios pela Link Projetos, tanto com a Engevix, tanto com a Aratec, para que fosse proporcionada a passagem de valores da corrup��o para Othon Luiz", sustentam os procuradores do Minist�rio P�blico Federal.
A for�a-tarefa suspeita que Othon Pinheiro teria recebido um total de US$ 30 milh�es em propinas de empreiteiras. Desse volume, R$ 4,5 milh�es j� foram rastreados na conta da Aratec Engenharia Consultoria. Segundo o Minist�rio P�blico Federal, a Engevix recebeu da Eletronuclear, com quem tem contratos firmados, pelo menos R$ 136.894.258,23 entre 2011 e 2013. A empreiteira tamb�m � investigada no esquema de corrup��o instalado na Petrobras.
A Engevix fez contato com a pessoa de Victor Sergio Colavitti, com o fim de utilizar a empresa administrada por este para intermedia��o do repasse da propina destinada a Othon Luiz, que seria recebida na empresa Aratec", aponta a for�a-tarefa da Lava-Jato.
Othon Luiz foi preso temporariamente por 10 dias na Opera��o Radioatividade, 16ª fase da Lava-Jato, deflagrada em 28 de julho. Na quinta-feira, o juiz federal S�rgio Moro decretou a pris�o preventiva do almirante, baseado em novas provas apresentadas pelo Minist�rio P�blico Federal. Uma delas � o depoimento de Victor Colavitti.
O empres�rio revelou que atendeu pedidos da Engevix, e, em 30 de maio de 2010, 24 de maio de 2012 e 15 de janeiro de 2013, a Link Projetos celebrou contratos fict�cios com a empreiteira, sem presta��o de servi�os. Victor Colavitti afirmou ainda que tamb�m foi firmado, entre a Link e a Engevix, o contrato fict�cio, em 1 de dezembro de 2013, o qual foi assinado em 21 de janeiro de 2014, no valor de R$ 450 mil.
"Todavia, com a deflagra��o da Opera��o Lava-Jato em mar�o de 2014, Victor Sergio recusou a dar cumprimento aos repasses. A prop�sito, o colaborador revelou que Ana Cristina, filha de Othon, chegou a emitir uma nota fiscal em abril de 2014 que foi enviada � Link Projetos", destacou a Procuradoria.
Em consulta � base de notas ficais da Aratec, a Procuradoria constatou que 'realmente foi emitida em favor da Link a Nota Fiscal 610 de 1º de abril de 2014, o que corrobora as declara��es do colaborador'.
Em um depoimento, Victor Colavitti afirmou que n�o conheceu Othon Luiz ou sua filha Ana Cristina Toniolo e que n�o sabia que os pagamentos envolvessem contrapartida de contratos da Engevix com a Eletronuclear ou qualquer empresa p�blica. O empres�rio disse � for�a-tarefa que a Link foi aberta em 2003 e presta servi�os de projetos, na �rea de engenharia em geral, topografia, assessoria comercial na �rea de engenharia, intermedia��o de neg�cios para empresas diversas, inclusive para a Engevix. Segundo ele, houve presta��o de servi�o � empreiteira em outros contratos.
Por volta de abril de 2010, durante um encontro na empresa Engevix, foi pedido ao declarante que fizesse alguns pagamentos para Engevix, devidos a urna determinada empresa chamada Aratec, sendo que na ocasi�o apenas foi dito ao declarante que os pagamentos n�o poderiam ser feitos pela Engevix", contou o empres�rio � for�a-tarefa. "Para preservar seu bom relacionamento com a empresa Engevix, bem como para preservar os contratos ent�o em andamento e pela perspectiva de novos neg�cios, o declarante aceitou fazer tais pagamentos sem maiores questionamentos."
Victor Colavitti explicou que conforme os pagamentos da Engevix eram feitos para a Link, logo na sequencia a Aratec emitia a respectiva nota fiscal e ele determinava o pagamento � Aratec j� com todos os impostos recolhidos. O dono da Link disse acreditar que houve um repasse aproximado de R$ 765 mil � Aratec, entre 2010 e 2014.
Ele n�o soube informar a que t�tulo eram feitos esses pagamentos da Engevix � empresa Aratec. Mas afirmou "com absoluta certeza que o servi�os descritos no contrato entre Link e Aratec jamais foram prestados". Ele esclareceu que o contrato entre a empresa do almirante e a Link "veio pronto da Aratec".
Procuradas nesta sexta-feira, as defesas de Othon e de sua filha e da Engevix n�o se manifestaram. No in�cio desta semana, a defesa do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva afirmou � Justi�a Federal que os repasses feitos por empreiteiras para a Aratec Engenharia, criada por ele, est�o relacionados a servi�os de tradu��o prestados por sua filha. Em peti��o anexada aos autos da investiga��o, a filha do almirante, Ana Cristina Toniolo, corroborou o que foi dito pela defesa do pai.