
Bras�lia - A agenda apresentada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi elogiada nessa ter�a-feira, 11, pela presidente Dilma Rousseff, mas incomodou o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e setores do PT e desorientou os l�deres da base na Casa, que procuram agora uma forma de n�o perderem espa�o nas negocia��es com o Pal�cio do Planalto.
O dia foi tomado pelas rea��es ao pacote de 29 propostas apresentado por Renan, batizado de "Agenda Brasil". Em entrevista ap�s o lan�amento do novo plano energ�tico, Dilma afirmou que muitas das propostas coincidem com ideias do governo.
"S�o propostas muito bem-vindas. Eu queria at� dizer que, para n�s, � a melhor rela��o poss�vel do Executivo com o Legislativo. Ent�o, n�s olhamos essas propostas com grande interesse e valorizamos muito a presen�a delas", afirmou. "Eu acho que essa, sim, � a agenda positiva para o Pa�s. Mostra, por parte do Senado, uma disposi��o em contribuir para o Brasil sair das suas dificuldades o mais r�pido poss�vel."
A iniciativa de Renan irritou Cunha, que rompeu com o governo ap�s ser citado em dela��o da Opera��o Lava-Jato. O deputado classificou a iniciativa como tentativa de criar constrangimento para a C�mara, "o que n�o vai acontecer", segundo ele. "Vivemos pela Constitui��o um sistema bicameral", afirmou. "As duas Casas t�m de funcionar e aprovar suas propostas. N�o d� para se achar que s� o Senado funciona ou s� a C�mara funciona."
Os l�deres da base na C�mara, que na semana passada apoiaram a iniciativa de Cunha de aprovar proposta de emenda constitucional que eleva gastos com vencimentos dos advogados da Uni�o e delegados da Pol�cia Federal, adotaram nova postura. Reunidos com o vice-presidente Michel Temer e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Eliseu Padilha (Avia��o Civil), os deputados admitiram que a aprova��o da PEC colou na Casa a pecha de "irrespons�vel" - destaques que ampliavam o custo da proposta foram rejeitados ontem.
Para esses l�deres, a avalia��o � de que a iniciativa de Renan ajuda a desviar o foco da discuss�o do impeachment, �s v�speras dos protestos contra o governo. "A reuni�o de hoje (ontem) foi mais pol�tica, avaliou-se a posi��o de cavalo de pau do Senado", disse o l�der do PR na C�mara, Maur�cio Quintela Lessa (AL). No primeiro semestre, Renan dificultou o tr�mite de medidas como a revis�o da desonera��o das empresas.
Os l�deres chegaram a rascunhar uma carta com propostas para uma "agenda positiva" dos deputados. A iniciativa foi bloqueada pelo l�der do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), um dos principais aliados de Cunha na Casa. "O Senado tem todo o direito de exercer o papel que acho que deve exercer, mas n�o creio que haja a condi��o de que uma das Casas � respons�vel e outra irrespons�vel."
A oposi��o foi ao ataque. "N�o podemos ser massa de manobra no momento em que a nau naufraga, levada a pique pelo governo e pelo PT", disse o l�der do PSDB no Senado, C�ssio Cunha Lima (PB). "S�o iniciativas que alimentam o confronto. A C�mara n�o vai ficar passiva e em posi��o de que parte do Parlamento � irrespons�vel e parte, salvadora da p�tria", afirmou o l�der do DEM na C�mara, Mendon�a Filho (PE).
Balan�o
Dos 29 itens propostos por Renan, pelo menos 19 j� est�o em discuss�o no Congresso, segundo a lideran�a do governo no Senado. Nem todas s�o palat�veis ao governo. As propostas que incluem a cobran�a no Sistema �nico de Sa�de (SUS) por faixa de renda e a revis�o dos marcos jur�dicos que regulam as �reas ind�genas s�o vistas como sens�veis. J� a cria��o de um imposto sobre heran�a e a limita��o de que sejam concedidas liminares para que os governos paguem por tratamentos de sa�de considerados experimentais agradaram ao governo.