
Bras�lia – A presidente Dilma Rousseff est�, mais uma vez, espremida entre a briga dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Um dia ap�s Renan apresentar um pacote econ�mico com 27 itens que podem aliviar a press�o pol�tica sobre Dilma, Cunha reclamou que os deputados n�o foram ouvidos na elabora��o da lista com as medidas. “Vivemos, pela Constitui��o, em um sistema bicameral, n�o vivemos em um sistema unicameral. As duas Casas t�m de funcionar e aprovar as suas propostas. N�o d� para achar que s� a C�mara funciona ou s� o Senado funciona”, criticou Cunha. Sem isso, completou, a tentativa de acerto corre o risco de ser “um mero jogo para a plateia”.
Rompido com o governo desde julho, Cunha n�o gostou de ver Renan apresentar uma proposta de a��es que, segundo interlocutores do senador alagoano, diminuem a press�o sobre um poss�vel impeachment contra Dilma. “A rela��o melhorou. N�o d� para dizer que Renan virou o salvador da p�tria, porque a p�tria � enorme e o buraco no qual ela est� tamb�m. Mas devemos dizer que ele se transformou em um poder moderador”, declarou um peemedebista.
Cunha est�, de fato, disposto a comprar a briga com Renan, que disse, na segunda-feira, que impeachment e aprova��o de contas presidenciais n�o deveriam ser prioridade do Congresso. “Contas � uma decis�o dele (Renan Calheiros). J� apreciamos e votamos (contas de governos anteriores). Desde quando cumprir nossa obriga��o � tacar fogo em alguma coisa? N�o cumprir nossa obriga��o � que nos responsabiliza por omiss�o. Se ele (Renan) n�o apreciar as contas, ele que responda perante a Casa dele e perante a sociedade”, disse Cunha.
O peemedebista fluminense afirmou ainda que � o Senado, e n�o a C�mara, que est� segurando o ajuste fiscal, j� que ainda n�o foi votado o projeto que altera as al�quotas que incidem sobre a folha de pagamentos (leia texto nesta p�gina). “Se o Renan n�o tivesse devolvido a MP l� atr�s (que aumentava as al�quotas de alguns setores), o governo j� teria, ao menos, R$ 6 bilh�es em caixa este ano para amenizar a crise econ�mica”, completou o presidente da C�mara.
As medidas apresentadas por Renan se dividem em tr�s eixos: melhoria do ambiente de neg�cios, equil�brio fiscal e prote��o social. O presidente do Senado prop�e, por exemplo, a aprova��o de um projeto que vincula as altera��es na legisla��o das desonera��es ao cumprimento de metas de emprego; a cobran�a diferenciada de procedimentos do SUS por faixa de renda; a reforma da lei de licita��es; a aprova��o da Lei de Responsabilidade das estatais; a unifica��o das al�quotas interestaduais do ICMS; a amplia��o da idade m�nima para aposentadoria e a cria��o de mecanismo para acelerar o licenciamento ambiental em obras de infraestrutura.
Lula
Se Cunha foi exclu�do da elabora��o da “Agenda Brasil”, como foi batizado o pacote econ�mico elaborado por Renan, tampouco participar�, na manh� de hoje, do caf� da manh� no Pal�cio do Jaburu com o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. Lula, que chegou nessa ter�a-feira (11) � noite a Bras�lia para participar da abertura da Marcha das Margaridas e encontrar-se com o vice-presidente Michel Temer, Renan Calheiros, o l�der do PMDB no Senado, Eun�cio Oliveira (CE), e o relator do pacote econ�mico, Romero Juc� (PMDB-RR).
O encontro foi pedido por Lula antes mesmo de chegar a Bras�lia. Ele tem estado frequentemente com os peemedebistas do Senado, sempre que est� na capital federal. Mas esta � a primeira vez que solicita uma reuni�o com Temer. O vice-presidente, que j� estava prestigiado com a indica��o para a articula��o pol�tica do governo, est� mais ainda ap�s defender um pacto nacional para o pa�s sair da crise, afirmar a Dilma que, se ela quisesse, deixaria o cargo e ouvir da presidente: “N�o, Michel, voc� fica”. Lula dever� pedir empenho do PMDB para ajudar na governabilidade de Dilma, na aprova��o das medidas que melhorar�o o ambiente econ�mico.
Jantar com ministros do STF
A presidente Dilma Rousseff segue a odisseia em busca da popularidade perdida. Dilma ofereceu nessa ter�a-feira um jantar para ministros do Supremo Tribunal Federal, advogados e representantes do Minist�rio P�blico Federal. O mote foi a comemora��o do Dia do Advogado e da cria��o de cursos jur�dicos no pa�s. O ministro Marco Aur�lio Mello, contudo, n�o compareceu ao encontro e disse que esse tipo de reuni�o pode passar uma imagem distorcida para a sociedade. “A leitura que o pagador de impostos, o cidad�o, faz, n�o � boa e isso acaba por desgastar a institui��o”, explicou Marco Aur�lio. Dilma deve se encontrar hoje com Lula. Nessa ter�a-feira (11), mais um partido, o PSC, anunciou o desembarque da base aliada.