A engenheira Ana Cristina Toniolo, filha do ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, afirmou � Pol�cia Federal que os contratos entre a Aratec, empresa controlada por ela e pelo pai, e a CG Consultoria 'chegavam prontos'. Othon Luiz, preso desde 28 de julho na Opera��o Lava-Jato, � suspeito de ter recebido R$ 4,5 milh�es em propina sobre contratos da Usina Angra 3. Os investigadores suspeitam que a propina para o almirante pode ter chegado a R$ 30 milh�es.
"Nunca negociou os valores dos contratos firmados entre a Aratec e a CG Consultoria; que os contratos vinham prontos da parte de Carlos", afirmou Ana Cristina Toniolo. "A din�mica era a seguinte, primeiro Carlos enviava um contrato � declarante, posteriormente pedia a emiss�o de notas fiscais, e passava o valor; que em um terceiro momento � que pedia que o estudo relativo ao referido contrato fosse efetivamente entregue, e ent�o avisava que aquele contrato j� estava "fechado"; que acredita que este relacionamento tenha durado cerca de dois anos."
De acordo com levantamentos da Receita Federal, a principal fonte pagadora que contribuiu para o 'repentino crescimento' da receita bruta da Aratec, entre 2009 e 2014, foi a CG Consultoria. A empreiteira Andrade Gutierrez, j� investigada na Lava Jato, declarou que pagou � CG Consultoria (antiga CG Impex), a quantia de R$ 2,93 milh�es, entre 2009 e 2012. No mesmo per�odo, a CG Consultoria depositou para a Aratec a quantia de R$ 2.699.730 milh�es. O Minist�rio P�blico Federal afirma que a diferen�a entre os dois valores foi "o custo da lavagem" descontado na opera��o.
Ana Cristina Toniolo relatou � PF que em 2009, o pai lhe telefonou avisando que Carlos Gallo iria ligar e 'que era para a Aratec emitir algumas notas fiscais para ele, sendo que Carlos passaria os dados necess�rios'. "Carlos procurou a declarante e pediu que fizesse alguns trabalhos, passando os contratos prontos, o projeto a ser feito, e pedia para que a nota fiscal fosse emitida apenas quando ele pedisse; que ap�s a nota fiscal emitida, Carlos pedia � declarante que montasse um paper, um estudo referente ao tema; que n�o se tratavam de estudos profundos de autoria da declarante e nem de consultorias, apenas de uma compila��o de informa��es sobre um tema", afirmou.
Segundo a filha do almirante, ela 'apenas obedeceu �quilo que lhe foi pedido, n�o sendo Carlos Gallo um cliente seu propriamente'. Ela relatou � delegada Erika Mialik Marena que n�o questionou o executivo da CG Consultoria sobre a raz�o dos pedidos dos tais estudos, apenas atendeu a uma solicita��o de seu pai.
Ouvido na Procuradoria da Rep�blica em S�o Paulo, Carlos Gallo argumentou que apesar de n�o ter funcion�rios prestou servi�os de consultoria para Andrade Gutierrez. Ele alegou entretanto que o trabalho n�o teria qualquer vincula��o com as obras de Angra 3.
"A vincula��o do supostos servi�os de consultoria da CG Consultoria com as obras da Andrade Gutierrez em Angra 3, sob o comando do investigado Othon Luiz, apesar de n�o reconhecida por Carlos Montenegro Gallo, est� clara nos lan�amentos fiscais da pr�pria Andrade Gutierrez", aponta a Procuradoria em pedido de pris�o de Othon Luiz.
Nos lan�amentos da empreiteira, segundo o Minist�rio P�blico Federal, estava a express�o 'overhead'. "Registre-se que a express�o Overhead � relacionada a custos indiretos, que n�o se referem ao trabalho nem � mat�ria-prima, o que, sem d�vida, no caso contrato, relaciona-se com "custos extras" de Angra 3 destinados ao pagamento de vantagens indevidas a Othon Luiz."
