S�o Paulo e Curitiba - O juiz federal S�rgio Moro, que conduz as a��es da Opera��o Lava Jato, viu ind�cios de pl�gio em dois documentos apresentados a ele pela defesa de Ana Cristina Toniolo, filha do presidente licenciado da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. Papeis em nome da Aratec Engenharia, empresa controlada por Ana Cristina e pelo pai, foram anexados aos autos com o objetivo de justificar servi�os prestados. A Lava Jato suspeita que R$ 4,5 milh�es depositados na conta da Aratec t�m origem em propinas para o almirante no �mbito das obras de Angra3.
O almirante Othon Luiz foi preso temporariamente em 28 de julho, na Opera��o Radioatividade, 16º cap�tulo da Lava Jato. Na sexta-feira, 7, Moro decretou a pris�o preventiva do presidente licenciado da Eletronuclear amparado em documentos que revelam ativos custodiados em Luxemburgo, em nome de offshores sediadas em Hong Kong e no Uruguai cujo detentor dos direitos econ�micos seria o presidente da Eletronuclear.
A propina de empreiteiras para o almirante teria transitado por contas de empresas de fachada antes de aportar no caixa da Aratec. "Os documentos apresentados pela defesa de Ana e Othon, no prazo fixado pelo Ju�zo, n�o comprovam a efetiva presta��o de servi�os pela Aratec a CG Consultoria, ao contr�rio, aparentam ser fraudulentos, em tentativa de ludibriar este Ju�zo", afirmou Moro.
A CG Consultoria � uma das empresas suspeitas de terem repasso propina � Aratec, por meio de contratos frios. Othon Luiz e a filha afirmam que os contratos firmados entre a Aratec e as empresas intermedi�rias s�o verdadeiros. A defesa de ambos sustenta que houve efetiva presta��o de servi�o e que os valores seriam referentes a tradu��es feitas por Ana Cristina.
"A defesa de Ana Cristina apresentou, para comprovar os servi�os, dois artigos escritos, sem identifica��o do autor espec�fico, mas com o timbre da Aratec, e aparentes projetos da Aratec, mas sem qualquer elemento que possibilite afirmar sua autenticidade, ou esclarecimentos essenciais como para quem foram feitos, quando foram feitos e a que eventuais contratos estariam vinculados. Em um exame sum�rio do material apresentado, o texto dos dois referidos projetos aparenta ser bastante similar, apesar de mudan�a dos nomes envolvidos no projeto", observou o juiz da Lava Jato.
O magistrado destacou: "Em exame sum�rio do material apresentado, o texto do artigo apresentado pela defesa de Ana Cristina para comprova��o dos servi�os da Aratec ("Processos de produ��o de combust�veis sint�ticos: An�lise das trajet�rias tecnol�gicas") �, em princ�pio, mera reprodu��o de artigo que pode ser encontrado na rede mundial de computadores e foi escrito por F.B.D., J.V.B., E.L.F. de A. e R.B., sendo apresentado no 2º Congresso Brasileiro de P&D em Petr�leo e G�s, sem qualquer rela��o o texto original com a Aratec, Othon Luiz ou Ana Cristina."
Na avalia��o do juiz da Lava Jato, "o mesmo ocorre com o artigo apresentado pela defesa de Ana Cristina com o t�tulo 'Electromechanical Assemblage of Fuel Activation Device, tamb�m apresentado para comprova��o dos servi�os prestados pela Aratec, cujo texto foi, em princ�pio, copiado literalmente da rede mundial de computadores, n�o tendo tamb�m o texto original qualquer rela��o com a Aratec, Othon Luiz ou Ana Cristina".
Othon Luiz foi presidente da Eletronuclear entre 5 de outubro de 2005 e 29 de abril de 2015, quando licenciou-se do cargo. Para a Pol�cia Federal, ele se afastou em decorr�ncia de not�cias sobre o poss�vel envolvimento da Eletronuclear na Lava Jato.
"O afastamento do cargo p�blico em nada altera o risco � instru��o ou investiga��o, pois a produ��o de documentos falsos pode ser feita fora da Eletronuclear", sustenta o juiz da Lava Jato.
A reportagem tentou contato com as defesas de Othon Luiz e de Ana Cristina, mas n�o houve retorno.