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Estado de Minas AS NOTAS FRIAS DE COLLOR

Den�ncia aponta que dinheiro lavado com ajuda de Meire Poza teria abastecido contas de Collor

Documentos mostram que Camargo Corr�a repassou R$ 3,5 milh�es a amigo do ex-presidente


postado em 30/08/2015 07:00 / atualizado em 30/08/2015 07:32

Collor preferiu não comentar a denúncia e jamais explicou o motivo de ter recebido dinheiro de doleiro(foto: Geraldo Magela/Agencia Senado)
Collor preferiu n�o comentar a den�ncia e jamais explicou o motivo de ter recebido dinheiro de doleiro (foto: Geraldo Magela/Agencia Senado)

O senador Fernando Collor (PTB-AL) se beneficiou da emiss�o de notas frias da contadora Meire Poza, que trabalhava para o doleiro Alberto Youssef. A informa��o consta da den�ncia contra o ex-presidente da Rep�blica perante o Supremo Tribunal Federal (STF), que h� mais de uma semana mant�m o documento em sigilo.


Parte dos recursos recebidos pela contadora teve origem numa empresa de um amigo do ex-presidente, que, por sua vez, recebeu dinheiro de consultoria sem nenhuma explica��o da empreiteira Camargo Corr�a. A construtora repassou R$ 3,5 milh�es para a Globalbank, do ex-ministro “collorido” Pedro Paulo Leoni Ramos. Dois dias depois do recebimento de uma parcela do dinheiro, em 19 de dezembro de 2012, a firma do amigo do senador repassou R$ 729 mil para o escrit�rio de contabilidade de Meire Poza, que enviou o dinheiro para o doleiro.

Ao todo, empresas de Pedro Paulo, o “PP”, pagaram R$ 2,9 milh�es para a contadora. Entre as notas frias de Meire, uma parte foi para Collor. � o que diz depoimento do doleiro, que sustenta a den�ncia do procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, ao STF. N�o h� prazo para a den�ncia ter seu sigilo levantado pelo ministro-relator da Lava-Jato no Supremo, Teori Zavascki, embora os investigadores j� tenham pedido a publicidade dos documentos. O ministro entende que trechos de dela��o premiada, como a do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, for�am-no a manter o segredo de todos os pap�is.

O Relat�rio 15.615 do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostrou que, a partir de 28 de dezembro – oito dias depois de Meire Poza emitir as notas frias e entregar ao doleiro dinheiro vivo –, foram identificadas nas contas de Collor “transa��es (a cr�dito) de forma fracionada, configurando tentativa de burla aos controles do Banco Central”. De 28 de dezembro de 2012 a 4 de abril de 2013, foram R$ 126,3 mil para o senador.

Mas, para a PGR, n�o foi s�. Collor “figura em outras opera��es suspeitas envolvendo a manipula��o de dinheiro em esp�cie em quantias consider�veis”, de acordo com manifesta��o do Minist�rio P�blico, assinada por Janot e produzida com apoio de um grupo de trabalho de 11 procuradores e promotores de Justi�a designados para a Lava-Jato.

R$ 26 milh�es

Ao todo, o senador � acusado de receber R$ 26 milh�es em propinas no esquema de desvios da Petrobras entre 2010 e 2014. Um dos motivos dos subornos era um contrato de troca de bandeira de postos de combust�veis. O acordo foi fechado entre a Petrobras Distribuidora, a BR Distribuidora e a empresa DVBR Derivados do Brasil S/A. O outro foram contratos de constru��o de base de combust�vel entre a BR e a UTC Engenharia, de Ricardo Pessoa, que fechou dela��o premiada. Ele disse que pagou R$ 20 milh�es a Collor com recursos do esquema.

O senador e o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tamb�m denunciado, responder�o a outros inqu�ritos da Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) sobre outros crimes de colarinho branco. Assim como fizeram em junho, a Camargo Corr�a e “PP” n�o explicaram que tipo de consultorias justificou o pagamento de R$ 3,5 milh�es pela empreiteira. “O empres�rio j� prestou todos os esclarecimentos �s autoridades competentes, depoimento este que est� sob sigilo, e reafirma a disposi��o dele para continuar colaborando com quaisquer outros questionamentos que forem necess�rios”, limitou-se a dizer a assessoria de Pedro Paulo Leoni Ramos, dono da GPI Investimentos.

Carro do doleiro

Carros de luxo do senador foram apreendidos em julho, durante a Opera��o Politeia uma Ferrari, uma Lamborghini e um Porsche. Mas, em um of�cio a Zavascki, Janot diz que um outro carro foi comprado com parte do dinheiro recebido de Youssef, um Bentley Continental 2012/2013, de placa CJC-0110-SP. “A suspeita se confirmou”, diz a Procuradoria, j� que um relat�rio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras mostrou que ele foi comprado por empresa ligada ao doleiro, a Phisical Com�rcio, por R$ 225 mil. O restante do valor do carro, R$ 770 mil, foi pago pela empresa do senador, a Gazeta de Alagoas.

A pr�pria Gazeta recebeu dinheiro de Youssef em outros momentos. O doleiro afirmou que fazia pagamentos em esp�cie para Collor a pedido de Pedro Paulo Leoni. Tudo tinha como destino o senador. “As vantagens il�citas foram pagas por meio de sofisticado esquema de lavagem de dinheiro, envolvendo diversas pessoas f�sicas e empresas, chegando �s m�os do senador Fernando Collor de Mello em valores em esp�cie.”

"Lances espetaculosos"

A assessoria de Collor n�o prestou esclarecimentos � reportagem. Apesar de j� ter at� xingado o procurador Rodrigo Janot, o senador jamais esclareceu o motivo de ter recebido dinheiro do doleiro Alberto Youssef, parte dele em sua pr�pria conta banc�ria. Em nota na semana passada, quando foi denunciado, o ex-presidente desqualificou a acusa��o constru�da sob “lances espetaculosos”. “Como um teatro, o procurador-geral encarregou-se de selecionar a ordem dos atos para a plateia, sem nenhuma vista pela principal v�tima dessa trama, que tamb�m n�o teve direito a falar nos autos”, afirmou Collor. De acordo com o parlamentar, dois depoimentos que ele prestaria foram desmarcados pelo Minist�rio P�blico.

A Camargo Corr�a disse apenas que “segue colaborando com as investiga��es coerente com a decis�o de sua administra��o de sanar irregularidades e aprimorar os programas de controle interno e compliance”. A empreiteira fechou acordos de leni�ncia com o Executivo para pagar mais de R$ 800 milh�es em multas, confessar crimes e apontar respons�veis por negociatas na Petrobras e na usina de Angra 3.


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