
Segundo o juiz, todos ganham com a colabora��o premiada, inclusive advogados e re�s. “Mais do que um m�todo de investiga��o, ela � um meio de defesa. Para um advogado que auxilia seu cliente a obter, dentro do que � previsto na lei, esse benef�cio, eu n�o vejo nenhum tipo de reprova��o”, disse. Moro ainda afirmou entender as cr�ticas feitas por advogados ao m�todo. “�s vezes, alguns s�o um pouquinho agressivos, mas, em geral, isso deve ser compreendido dentro do calor do debate”, afirmou. Disse ainda que, se a colabora��o premiada � o caminho necess�rio para prender grandes chefes criminosos, ent�o � o caminho certo a ser tomado pela Justi�a.
A fala de Moro � uma resposta � presidente Dilma Rousseff, que, em junho, disse em entrevista que “n�o respeitava delator”, ao ser questionada sobre os depoimentos do dono da Construtora UTC, Ricardo Pessoa, que citou pol�ticos da base aliada de seu governo como benefici�rios de crimes de corrup��o. Na ocasi�o, a presidente citou um personagem da Inconfid�ncia Mineira para tentar explicar porque n�o respeitava delator.
“Tem um personagem que a gente n�o gosta porque as professoras nos ensinam a n�o gostar dele. Ele se chama Joaquim Silv�rio dos Reis, o delator. Eu n�o respeito delator, at� porque eu estive presa na ditadura e sei o que �. Tentaram me transformar em uma delatora. A ditadura fazia isso com as pessoas presas. Ent�o, n�o respeito nenhuma fala. Agora, acho que a Justi�a, para ser bem precisa, tem que pegar tudo que ele disse e investigar, sem exce��o”, disse Dilma, na �poca.
Silv�rio dos Reis era um coronel mineiro no s�culo 18. Cr�tico dos altos impostos cobrados pela Coroa Portuguesa, integrou a Inconfid�ncia Mineira, que planejava lutar pela independ�ncia do Brasil. No entanto, diante da possibilidade de ter suas d�vidas perdoadas pela Coroa, ele delatou outros inconfidentes e o movimento foi reprimido.
O juiz da Lava-Jato deu as declara��es durante uma palestra na subse��o do Jabaquara da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de S�o Paulo. No evento, ele foi aplaudido diversas vezes e elogiado pelas pessoas presentes. Em resposta aos elogios, Moro disse n�o merecer tanta aten��o do p�blico e n�o ter voca��o para celebridade. “Sou apenas um juiz. Na verdade, neste caso, meu papel � um papel passivo. Quem faz a investiga��o � a Pol�cia Federal, o Minist�rio P�blico.”
J�RI POPULAR Ao ser perguntado sobre o uso de foro privilegiado, declarou-se contra, por considerar que “todos devem ser tratados igualmente”. Por�m, disse que, mesmo quando h� foro privilegiado, “n�o ocorre nenhum tipo de impunidade”.
Moro tamb�m afirmou ser simp�tico � ideia de que crimes de corrup��o sejam julgados por j�ri popular. Disse, por�m, que o tribunal de j�ri pode ser muito caro financeiramente. “Do ponto de vista pr�tico, tenho d�vidas se seria economicamente poss�vel abarcar algo al�m dos crimes dolosos”, declarou.
Cunha no STF
O presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que o ministro Teori Zavascki reconsidere sua decis�o, na qual negou que o juiz S�rgio Moro o tenha investigado, ou deixe o plen�rio avaliar se o magistrado usurpou compet�ncias do tribunal. Antes de ser denunciado pela Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) ao STF pelos crimes de corrup��o e lavagem de dinheiro no esquema de corrup��o da Petrobras, Cunha entrou com um pedido para anular eventuais provas produzidas contra ele sob a condu��o de Moro. O alvo era o depoimento do lobista J�lio Camargo, no qual ele citou pagamento de propina de US$ 5 milh�es para o peemedebista. A declara��o de Camargo, que mudou sua primeira vers�o apresentada na dela��o premiada, tamb�m foi feita aos investigadores da PGR.