
A Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da Petrobras vai ouvir cinco pessoas nesta segunda-feira em Curitiba, entre eles Jos� Dirceu, ex-deputado e ex-ministro da Casa Civil. Ao todo, a CPI pretende ouvir 13 pessoas nesta semana, al�m de fazer pelo menos uma acarea��o at� a pr�xima quinta-feira (5) na capital paranaense. Todos os depoentes est�o presos, acusados de envolvimento em irregularidades na Petrobras no contexto da Opera��o Lava-Jato.
Al�m de Jos� Dirceu, ser�o ouvidos na segunda-feira Jorge Zelada, ex-diretor da �rea Internacional da Petrobras, e tr�s empres�rios. Dois s�o executivos da empreiteira Andrade Gutierrez: Ot�vio Marques de Azevedo e Elton Negr�o de Azevedo. O terceiro � Jo�o Antonio Bernardi Filho, representante no Brasil da empresa italiana Saipem.
"Como a log�stica para que essas pessoas venham a Bras�lia requer policiamento e avi�es, a CPI entendeu que � mais pr�tico ir at� o Paran�, como fez da outra vez", disse o relator da comiss�o, deputado Luiz S�rgio (PT-RJ).
Os depoimentos ser�o tomados no Foro da Se��o Judici�ria do Paran�, a partir das 9 horas.
Quem s�o os depoentes:
JOS� DIRCEU O ex-ministro foi preso na 17ª fase da Lava-Jato. Condenado no processo do mensal�o por corrup��o ativa, Dirceu cumpria pena de 7 anos e 11 meses de pris�o em regime domiciliar desde novembro do ano passado.
O Minist�rio P�blico Federal suspeita que a empresa de consultoria de Dirceu tenha recebido dinheiro das empreiteiras que tinham neg�cios com a Petrobras por meio de contratos fict�cios, formalizados apenas para justificar pagamento de propinas.
A empresa de consultoria dele, a JD Assessoria e Consultoria, recebeu R$ 29 milh�es entre 2006 e 2013. A defesa do ex-ministro sustenta que os pagamentos foram feitos em troca de servi�os de consultoria efetivamente realizados.
As informa��es que levaram Dirceu novamente � pris�o foram fornecidas principalmente por Milton Pascowitch, acusado de ser intermedi�rio de pagamento de propina de empresas contratadas pela Petrobras, como a Engevix, a diretores da empresa.
O empres�rio contou � Pol�cia Federal que Jos� Dirceu, por meio da empresa JD Consultoria, intermediou a contrata��o da Engevix pela Petrobras para a constru��o da unidade de tratamento de g�s de Cacimbas, em Linhares (ES), um projeto de R$ 1,4 bilh�o.
JORGE ZELADA Foi o sucessor de Nestor Cerver�, tamb�m preso pela Opera��o Lava Jato, na diretoria da �rea Internacional da Petrobras. Ele comandou o setor de 2008 a 2012.
Zelada foi acusado de envolvimento em recebimento de propina pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e pelo ex-gerente da �rea de Servi�os Pedro Barusco. De acordo com Barusco, Zelada foi beneficiado na �poca em que era gerente de obras de Engenharia e Servi�os. Barusco n�o soube informar se Zelada continuou a receber vantagens indevidas no cargo de diretor da �rea Internacional.
Jorge Zelada foi denunciado por corrup��o passiva, lavagem de dinheiro e evas�o de divisas. Segundo a den�ncia, os lobistas Hsin Chi Su, tamb�m chamado de Nobu Su, e Hamylton Padilha repassaram 31 milh�es de d�lares em propinas para Zelada, para o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa e para o PMDB. Conforme a den�ncia, o partido era o respons�vel pela indica��o de Zelada para o cargo e benefici�rio do dinheiro ilegal do esquema.
OT�VIO MARQUES DE AZEVEDO Presidente da Andrade Gutierrez, Azevedo foi preso na 14ª etapa da Lava Jato. Ele admitiu em depoimento, um m�s antes, ter sido procurado por Fernando Ant�nio Falc�o Soares, conhecido como Fernando Baiano, para que a empreiteira fizesse doa��es de campanha ao PMDB.
Soares, tamb�m preso em Curitiba, era na �poca representante da empresa italiana Acciona e prop�s a ele parcerias em neg�cios, como amplia��o do Canal do Panam�, mas nada foi adiante. Azevedo afirmou em depoimento n�o ter atendido a nenhum dos pedidos.
O principal executivo da empreiteira negou que a Andrade Gutierrez tenha participado do esquema de cartel em obras da Petrobras. Ele alegou que o fato de a empreiteira, apesar de ser a segunda maior do pa�s, ocupar apenas a 12ª posi��o na participa��o de contratos com a estatal � uma prova de que n�o houve pagamento de propina.
ELTON NEGR�O DE AZEVEDO Executivo da Andrade Gutierrez, foi preso junto com o presidente da empresa na 14ª fase da Opera��o Lava Jato. Segundo o ex-gerente de Servi�os da Petrobras, Pedro Barusco, a empreiteira pagou propina relativa a seis contratos da Petrobras, com valor total de R$ 4 bilh�es.
Paulo Roberto Costa tamb�m acusa a Andrade Gutierrez de pagar propina em troca de contratos da Petrobras. Ele disse que quem intermediava os pagamentos era Fernando Soares, o Fernando Baiano.
JO�O ANTONIO BERNARDI FILHO Empres�rio, foi denunciado pelo Minist�rio P�blico Federal (MPF) por corrup��o ativa e passiva e lavagem de dinheiro junto com o ex-diretor de Servi�os da Petrobras, Renato Duque; com a advogada Christina Maria da Silva Jorge; e com os empres�rios Ant�nio Carlos Briganti Bernardi e J�lio Gerin de Almeida Camargo.
Segundo a den�ncia, Bernardi, representante da empresa italiana Saipem, controlava a offshore Hayley, com sede no Uruguai e conta banc�ria na Su��a, usada para a lavagem de dinheiro e o pagamento de propina a Duque.
De acordo com o MPF, Bernardi ofereceu vantagem indevida a Duque em troca do contrato de instala��o do gasoduto submarino de interliga��o dos campos de Lula e Cernambi, localizados na Bacia de Santos, com a Petrobras.
Segundo a den�ncia, entre janeiro e agosto de 2011 Jo�o Bernardi ofereceu R$ 100 mil a Duque para que a Saipem vencesse a licita��o do gasoduto.
Agenda
Nesta ter�a-feira (1º), a CPI da Petrobras pretende ouvir mais seis pessoas. est� previsto o depoimento de cinco executivos da construtora Odebrecht e um ex-funcion�rio da Petrobras.
Entre os depoentes, est� o presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht. Ao todo, a Pol�cia Federal prendeu oito executivos da empresa, suspeita de pagar propinas de mais de R$ 500 milh�es a diretores da Petrobras e agentes pol�ticos em troca de contratos com a estatal.
Al�m do presidente, ser�o ouvidos na ter�a os executivos M�rcio Faria da Silva, Rog�rio Santos de Ara�jo, C�sar Ramos Rocha e Alexandrino de Salles Ramos de Alencar.
Est� previsto para o mesmo dia o depoimento de Celso Araripe de Oliveira, ex-gerente de Projetos da Petrobras. Ele foi acusado de receber propina de R$ 1,4 milh�o da Odebrecht em troca da constru��o da sede da estatal em Vit�ria (ES).
Na quarta-feira (2) devem ser ouvidos o publicit�rio Ricardo Hoffmann, ex-vice-presidente da ag�ncia Borghi/Lowe; e o empres�rio Fernando Ant�nio Guimar�es Hourneaux de Moura. Hoffmann � acusado de intermediar contratos fraudulentos de publicidade com o Minist�rio da Sa�de, com a ajuda do ex-deputado federal Andr� Vargas. Moura, por sua vez, � apontado pela PF como representante do ex-ministro Jos� Dirceu na Petrobras. Ele foi acusado por Milton Pascowitch de ter recebido R$ 5,3 milh�es em propina pelo contrato de obras da Unidade de Tratamento de G�s Natural de Cacimbas, em Linhares (ES).
No mesmo dia, a CPI pretende fazer uma acarea��o entre o empres�rio Augusto Ribeiro Mendon�a, o ex-diretor de Servi�os da Petrobras; Renato Duque e o ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto.
Mendon�a, presidente da Setal Engenharia, disse ao Minist�rio P�blico que pagou de R$ 50 milh�es a R$ 60 milh�es em propina ao ex-diretor de Servi�os da Petrobras Renato Duque entre 2008 e 2011. Ele disse que parte da propina foi paga na forma de doa��es oficiais ao PT. Duque e Vaccari negam.
Com informa��es da Ag�ncia C�mara