
A c�pula do PMDB se recusou nessa segunda-feira a indicar nomes para compor o Minist�rio e a ajudar a presidente Dilma Rousseff a cortar pastas. Em tr�s conversas com Dilma, o vice-presidente Michel Temer sugeriu a ela que adiasse a reforma ministerial, sob a alega��o de que, neste momento de fragilidade, mudan�as na equipe s� provocariam mais instabilidade pol�tica e atritos na base aliada do governo.
A falta de indica��es foi interpretada nos bastidores como mais um gesto do PMDB na dire��o do rompimento com o Planalto. Al�m de Temer, os presidentes da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), avisaram Dilma que n�o apresentar�o nomes para cargos.
� noite, inconformada com a recusa do PMDB, Dilma chamou Temer para outra conversa, no Pal�cio da Alvorada. Os l�deres do PMDB na C�mara, Leonardo Picciani (RJ), e no Senado, Eun�cio Oliveira (CE), tamb�m foram convocados. Picciani disse a amigos que a bancada na C�mara "quer ter um ministro".
A partir da�, uma sucess�o de encontros - um na casa de Eun�cio, com Temer, e outro na de Cunha - reuniu grupos de peemedebistas at� perto da meia-noite. Foi um dia intenso de negocia��es. Diante de tantos problemas, a presidente j� cogita a possibilidade de segurar a reforma ministerial para a pr�xima semana, depois da viagem a Nova York, onde participar� da Assembleia Geral da ONU.
Para completar, Dilma tamb�m estava ontem muito preocupada em adiar a vota��o, prevista para hoje, dos vetos presidenciais � chamada pauta-bomba, que aumenta os gastos do governo. Ao avaliar que pode sofrer outra derrota no Congresso, ela chegou a telefonar para Cunha.
"Compreendo o momento dif�cil", afirmou o presidente da C�mara.
Ministros disseram que o novo impasse para a composi��o da equipe ocorreu porque a presidente decidiu cortar quadros importantes do PMDB, como os ministros Henrique Eduardo Alves - que comanda o Turismo e preside o partido no Rio Grande do Norte - e Helder Barbalho, hoje no controle da Pesca. Filho do senador peemedebista Jader Barbalho, Helder � presidente do PMDB do Par�.
O plano do governo prev� a jun��o dos minist�rios da Pesca com Agricultura, comandada por K�tia Abreu, uma crist� nova no PMDB. O Turismo, por sua vez, deve ser incorporado ao Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior. Peemedebistas se queixaram de que o PT de Dilma n�o estaria sendo t�o atingido. Um ministro comentou que Temer n�o poderia "chancelar" mais esse desgaste.
Na tentativa de compensar o PMDB, uma das alternativas em estudo � dar � legenda o controle de Comunica��es, pasta atualmente chefiada por Ricardo Berzoini (PT), que assumir� a articula��o pol�tica do Planalto.
O governo quer aproveitar a reforma administrativa, que vai cortar dez dos 39 minist�rios e mil cargos comissionados, para p�r na equipe nomes que tenham votos tanto na C�mara como no Senado. Dilma tamb�m foi aconselhada pelo ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva a encaixar no primeiro escal�o pol�ticos com influ�ncia sobre as bancadas, que possam barrar um poss�vel processo de impeachment contra ela.
O l�der do governo no Senado, Delc�dio Amaral (PT-MS), admitiu que, caso n�o haja entendimento com o PMDB, o melhor � deixar a reforma para depois. H� receio de que uma troca de ministros, agora, contamine a vota��o dos vetos a projetos como o do reajuste dos funcion�rios do Judici�rio.
"Precisamos garantir maioria na C�mara e no Senado", disse Delc�dio. "Um mau desempenho do governo na vota��o dos vetos pode trazer impacto na economia. Cautela e canja de galinha n�o fazem mal a ningu�m. Seria melhor adiar essa reforma."