Bras�lia - O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva desembarca nesta quarta-feira em Bras�lia para que a presidente Dilma Rousseff apresente a ele o esbo�o da reforma ministerial que ainda est� inconclusa. Para atender o PMDB, Dilma deve aceitar dar ao partido o s�timo minist�rio — ofereceu a Cultura, mas a legenda n�o demonstrou muito interesse na pasta, mas quer mais uma. E para dar andamento � reforma, Dilma demitiu por telefone o ministro da Sa�de, o petista Arthur Chioro. A conversa, que ocorreu pela manh�, foi telegr�fica. A presidente foi seca e apenas informou ao ministro que precisava do cargo.
A data do an�ncio da reforma ministerial n�o est� garantida. A maior possibilidade � que seja amanh�, j� que a presidente quis evitar a coincid�ncia da divulga��o dos nomes com a vota��o dos vetos presidenciais, previsto para a sess�o de hoje do Congresso. Mas por causa de um embate entre os presidentes da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pode ser que esta sess�o n�o ocorra hoje, obrigando a presidente a anunciar os novos ministros sem a certeza da fidelidade dos partidos em plen�rio.
O PMDB continua sendo a principal dor de cabe�a da presidente, embora a legenda sempre diga que n�o faz quest�o de cargos e tenha atuado pela redu��o do n�mero de minist�rios. Na cota peemedebista, s�o duas vagas para a C�mara: Manoel J�nior, da Para�ba, para a Sa�de; e Celso Pansera, para uma pasta na �rea de infraestrutura (Portos ou Avia��o Civil). Duas pastas para o Senado: Eduardo Braga (que continua em Minas e Energia) e Helder Barbalho (Portos ou Avia��o Civil).
Outras duas pastas viriam na cota do vice-presidente Michel Temer: Eliseu Padilha (destino indefinido) e Henrique Alves (Turismo), e a s�tima, por vontade da presidente Dilma: K�tia Abreu (Agricultura). Nessa negocia��o, em conversas com os peemedebistas, surgiu a possibilidade de o PT deixar o Minist�rio da Cultura para o PMDB. “N�o queremos, a sinaliza��o � Sa�de mais uma pasta de infra. N�o temos sequer nomes para indicar para a Cultura”, confirmou um deputado peemedebista, sem pruridos.
Hist�ria repetida
Onze anos depois, a hist�ria se repete. Dilma copiou o modelo de Luiz In�cio Lula da Silva. Assim como o antecessor despachou Cristovam Buarque do Minist�rio da Educa��o, a petista demitiu por telefone o ministro da Sa�de, Arthur Chioro. N�o h� ainda uma defini��o de que dia ele deixar� a pasta. No dia 24, os dois estiveram reunidos no Pal�cio da Alvorada para tratar da reforma ministerial. Tr�s dias antes, Chioro dava sua sa�da como certa, ap�s reuni�o com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, em que foi comunicado sobre a necessidade de deixar o cargo. Desde ent�o, ele tem avisado a servidores pr�ximos sobre seu afastamento. Dentro do minist�rio, h� um descontentamento com a troca de comando e um receio de reflexos nos cargos de segundo escal�o. A gest�o dele � bem avaliada por especialistas da �rea devido ao seu comprometimento e postura t�cnica. O ministro participou da gest�o da pasta entre 2003 e 2005 como diretor do Departamento de Aten��o Especializada. Neste ano, ele se destacou na defesa da recria��o da CPMF.
Na avalia��o de pessoas pr�ximas a Chioro, a forma da demiss�o foi uma resposta �s declara��es recentes dele sobre a situa��o da Sa�de. Em entrevista a um jornal paulista, publicada na segunda-feira, o ministro afirmou que quem assumir seu cargo enfrentar� uma situa��o or�ament�ria dif�cil. De acordo com ele, os recursos reservados para a �rea de m�dia e alta complexidade s�o suficientes para cobrir as despesas apenas at� este m�s. Em nota, o Minist�rio da Sa�de informou que o telefonema da presidente com Chioro foi sobre a reforma ministerial. “O ministro Arthur Chioro tem conversado com a presidente sobre as articula��es envolvendo a pasta na reforma ministerial”, diz o texto.