S�o Paulo, 16 - O lobista e operador de propinas Julio Gerin Camargo, um dos delatores da Opera��o Lava Jato, afirmou � Procuradoria-Geral da Rep�blica que o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebeu R$ 300 mil em 'horas de voo' como parte de uma propina de R$ 1 milh�o, em 2014. Camargo entregou � PGR tr�s notas fiscais relativas ao aluguel de dois jatinhos que teriam sido usados pelo deputado ou por pessoas por ele indicadas.
Julio Camargo disse que a quantia de R$ 1 milh�o seria relativa � 'varia��o da taxa cambial' de uma propina de US$ 10 milh�es sobre contratos de constru��o de navios-sonda da Petrobras. O lobista relatou � for�a-tarefa da Opera��o Lava Jato que recebeu Eduardo Cunha em seu escrit�rio, em S�o Paulo, para tratar do pagamento da propina.
Segundo ele, R$ 500 mil foram pagos pelo operador de propina do PMDB, Fernando Falc�o Soares, o Fernando Baiano. Os outros R$ 500 mil ficaram por conta do pr�prio Julio Camargo.
"Que, nessa reuni�o, a pedido de Eduardo Cunha, acertou que pagaria R$ 200 mil em esp�cie; Que, ainda nessa reuni�o, Eduardo Cunha disse o nome e as caracter�sticas da pessoa que iria buscar o dinheiro com o declarante (Julio Camargo)", relatou o lobista.
Julio Camargo afirmou que o presidente da C�mara "enviou um representante" a seu escrit�rio, em S�o Paulo. O dinheiro teria sido entregue 3 dias depois da reuni�o. "N�o recorda do nome do representante de Eduardo Cunha, mas era uma pessoa branca, no dia portava bon�, idade entre 40 ou 50 anos, forte, com caracter�sticas de seguran�a."
De acordo com o lobista, o dinheiro foi entregue ao emiss�rio de Eduardo Cunha em um envelope pardo. "A pessoa pegou o envelope e colocou em uma mochila que portava."
Em sua dela��o premiada, Julio Camargo disse que R$ 300 mil seriam destinados ao fretamento dos jatinhos para uso do deputado. Ele relatou que mandou que "a empresa Global T�xi A�reo faturasse voos solicitados por Eduardo Cunha no valor de ate R$ 300 mil". O pagamento seria efetivado por meio de uma de suas empresas, a Piemonte Empreendimentos.
"N�o recebia informa��es da Global sobre quem seriam as pessoas que voaram por indica��o de Eduardo Cunha; que foi faturado aproximadamente R$ 120 mil ou R$ 130 mil."
O delator disse acreditar que "o cr�dito" de R$ 300 mil n�o foi totalmente utilizado "em raz�o do desencadeamento da Opera��o Lava Jato, considerando que o nome do declarante (Julio Camargo) j� estava sendo divulgado e o deputado Eduardo Cunha pode ter preferido, por cautela, n�o fazer mais voos sob a responsabilidade do declarante".
Al�m das faturas da Global, Julio Camargo entregou � Procuradoria-Geral da Rep�blica recibos da empresa Reali T�xi A�reo. "A empresa Global possivelmente fez um subafretamento para a Reali T�xi A�reo para poder atender a solicita��o de Eduardo Cunha."