S�o Paulo - O lobista Fernando Falc�o Soares, o Fernando Baiano, disse � for�a-tarefa da Opera��o Lava-Jato, que era "um cobrador" a servi�o do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Apontado como operador de propinas do PMDB no esquema de corrup��o que se instalou na estatal petrol�fera entre 2004 e 2014, Baiano declarou que recebia "valores em esp�cie" e emprestava suas contas no exterior para alojar dep�sitos destinados ao ex-diretor.
Segundo Fernando Baiano, os repasses ao ex-diretor da Petrobras obedeciam uma tabela de controle de valores. "Em geral, eram empresas que depositavam valores no exterior." Baiano disse que "n�o sabe de quem vinham esses dep�sitos, n�o sabe de quais empresas estava buscando dinheiro em esp�cie".
As revela��es de Baiano foram feitas no dia 15 de setembro. Ele afirmou minuciosamente que recebeu "mais de vinte dep�sitos no exterior, no interesse de Paulo Roberto Costa", entre 2007 e 2011. "Pode ter sido mais", disse. O delator disse que um dos locais em que buscou dinheiro para o ent�o dirigente da Petrobras foi na Rua da Assembleia, 10, no Rio. Outro local, na Avenida Rio Branco, tamb�m no Rio. "Eram salas que aparentavam ser estruturas tempor�rias e n�o empresas", descreveu.
Paulo Roberto Costa, indica��o do PP para o cargo estrat�gico na petroleira, foi preso na Lava-Jato em mar�o de 2014. Cinco meses depois fez dela��o premiada e abriu m�o espontaneamente de cerca de US$ 30 milh�es que ele admitiu ter recebido em propinas do esquema na Petrobras, dos quais US$ 23 milh�es foram depositado na Su��a.
A partir do relato de Baiano, no entanto, investigadores suspeitam que o ex-diretor da estatal pode ter mais dinheiro oculto em para�sos fiscais. Esses investigadores dizem estranhar que funcion�rios menos graduados da Petrobras - como Pedro Barusco, ex-gerente, que admitiu recebimento de US$ 97 milh�es - tenham reunido fortuna maior que Costa, poderoso mandat�rio da �rea de Abastecimento durante oito anos, entre 2004 e 2012.
Em 2008 ou 2009, segundo o delator, o ent�o diretor de Abastecimento da estatal petrol�fera lhe pediu que "cobrasse" um executivo da empreiteira Andrade Giutierrez, Lu�s M�rio Mattoni, "que n�o estaria cumprindo o cronograma estabelecido por Paulo Roberto Costa para pagamento de valores". Segundo Baiano, esta foi a primeira vez que Costa indicou "o nome de uma empresa espec�fica para cobran�a".
Ele relatou que Mattoni, da Andrade Gutierrez, ao ser cobrado, disse que iria "conversar com Paulo Roberto para resolver a quest�o". O executivo da empreiteira ofereceu em sua resid�ncia um jantar a Paulo Roberto.
"Foi um jantar de cortesia e uma conversa institucional, disseram que a Andrade Gutierrez tinha uma participa��o pequena nos contratos da Petrobras e pediram ajuda de Paulo Roberto Costa para ampliar a participa��o da empresa. Ap�s o jantar oferecido por Lu�s M�rio ficou mais frequente Paulo Roberto pedir ao declarante cobrar valores da Andrade Gutierrez."
O delator disse acreditar que Paulo Roberto Costa "criou a vers�o" de que ele era o operador do PMDB para desviar para ele recursos destinados ao Partido Progressista”, disse Fernando Baiano. "Para justificar ao PP os desvios de valores em seu benef�cio, Paulo Roberto dizia que estes valores estavam sendo supostamente destinados por mim ao PMDB."
A defesa de Paulo Roberto Costa n�o se manifestou sobre a dela��o de Fernando Baiano. A Andrade Gutierrez informou que "para garantir que n�o haja qualquer preju�zo � defesa de seus colaboradores e ex-colaboradores n�o far� mais qualquer pronunciamento sobre os processos em andamento".