Corrup��o provoca bate-boca entre Cunha e Dilma

Que a rela��o entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ),  nunca foi das melhores, todo mundo j� sabe, mas nesta semana, a troca de “amabilidades” entre os dois foi p�blica e atravessou continentes. Alvos dos parlamentares e, se depender dos colegas, com os mandatos em risco, Dilma e Cunha usaram da ironia e dos microfones dos rep�rteres para lavar roupa suja, atacando e se defendendo mutuamente. Tudo come�ou no domingo, quando Dilma comentou a situa��o do desafeto Eduardo Cunha. Questionada em Estocolmo, na Su�cia, se o caso das contas secretas do peemedebista na Su��a seriam um constrangimento para o Brasil, a petista afirmou que seria estranho se causasse e emendou: “Lamento que seja um brasileiro, se � isso que voc� quer saber”. Dilma foi questionada mais uma vez se a situa��o era ruim para o pa�s e disse considerar a pergunta capciosa.

Cunha n�o gostou nada da fala, que ganhou destaque nos notici�rios, e rebateu no dia seguinte, quando que entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para dar seguimento aos processos que pedem o impeachment da petista. “Lamento que seja com um governo brasileiro o maior esc�ndalo de corrup��o do mundo”, afirmou, se referindo � Opera��o Lava-Jato, que investiga um grande esquema de pagamento de propinas na Petrobras.

Cunha, por�m, foi apontado como um dos recebedores de propinas da estatal e est� no centro dos holofotes por causa da revela��o de uma investiga��o do Minist�rio P�blico da Su��a sobre suas contas naquele pa�s n�o declaradas � Receita brasileira. Fazendo refer�ncia ao fato, Dilma rebateu ontem o presidente da C�mara, dizendo que seu governo n�o est� envolvido em nenhum esc�ndalo de corrup��o. “N�o � o meu governo que est� sendo acusado atualmente”, devolveu.

P�ROLA A afirma��o da petista causou revolta entre seus oposicionistas, que fizeram quest�o de lembrar o esc�ndalo da Petrobras, que teria desviado R$ 21 bilh�es dos cofres p�blicos do pa�s. O vice-presidente da Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito da Petrobras, Antonio Imbassahy (PSDB/BA) disse que a presidente teria se envergonhado ao responder sobre os pedidos de impeachment contra ela e “soltou a p�rola do dia”. “A pr�tica permite � presidente a proeza de mentir sem nem ficar vermelha. N�o h� fuso hor�rio do mundo que fa�a algu�m se esquecer do petrol�o, o maior esc�ndalo da hist�ria do Brasil”, afirmou.

Dilma � alvejada por oposicionistas e tem contra si at� ent�o 17 pedidos de impeachment. Os opositores usam as pedaladas fiscais apontadas pelo Tribunal de Contas da Uni�o – que consistem na antecipa��o de receitas para pagar programas do governo – para pedir o afastamento da presidente. At� o STF conceder tr�s liminares paralisando a tramita��o das representa��es, estava nas m�os de Cunha dar o aval para a abertura dos processos contra a petista. Eduardo Cunha, por sua vez, foi surpreendido com a divulga��o de passaportes dele, da mulher e da filha essa semana, que comprovariam a exist�ncia das contas n�o declaradas na Su��a. De acordo com a investiga��o, ele teria movimentado R$ 23,2 milh�es na Su��a em quatro contas banc�rias. Segundo as autoridades da Su��a, um neg�cio da Petrobras de US$ 34,5 milh�es fechado em 2011 em Benin, na �frica, teria servido para abastecer as contas. O dossi� do MP su��o entregue � Procuradoria-Geral da Rep�blica do Brasil mostra que o dinheiro de uma das contas secretas pagou para a mulher de Eduardo Cunha at� uma academia de t�nis famosa nos Estados Unidos.