O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva disse ontem (23) que, em vez de querer "afundar" o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em fun��o das investiga��es da Opera�ao Lava-Jato, espera "apenas" que o peemedebista coloque em vota��o projetos de interesse do governo. Para Lula, Cunha "tem que ter o direito de defesa" tanto quanto ele pr�prio ou a presidente Dilma Rousseff.
"Enquanto ele for presidente da C�mara, ele vai determinar a pauta do Congresso Nacional e n�s temos interesse em aprovar n�o s� parte do ajuste, aprovar a CPMF, o Or�amento, mas aprovar outras medidas que est�o l� que s�o importantes (...) Ao inv�s de ficar querendo afundar ele, eu quero � que ele coloque em vota��o as coisas e deixe o processo seguir naturalmente. E quando for julgado, ele vai pagar o pre�o. � apenas isso que eu quero", afirmou o ex-presidente � R�dio Metr�pole, de Salvador.
O petista declarou n�o haver qualquer tipo de acordo com Cunha, como foi noticiado recentemente. Pelo acerto, o governo salvaria Cunha da cassa��o mesmo ap�s revela��o de contas secretas dele na Su��a e, em troca, o deputado frearia os processos de impeachment contra Dilma. "N�o tem acordo, porque eu n�o tenho nem mandato para fazer acordo. O que eu tenho � liberdade para conversar com todo mundo", disse.
O ex-presidente destacou que estava reunido com a bancada do PT, em Bras�lia, discutindo a pauta de vota��es no Congresso, quando sa�ram as not�cias de um acordo costurado por ele com Cunha. "E eu sou obrigado a responder isso? Algu�m pergunta assim para mim: 'presidente, est� pronto o acordo?' Mas que acordo? Eu estou cansado de ila��es, n�o fa�o pol�tica por ila��es."
Lava-Jato
Ao ser questionado sobre as refer�ncias a seu nome em investiga��es da Opera��o Lava-Jato, Lula disse estar "tranquilo". "O papel da oposi��o � tentar matar o seu advers�rio. Se n�o posso na pol�tica, vou tentar algum outro jeito. Antigamente, se esperava atr�s de uma moita e matava."
O ex-presidente alegou que a possibilidade de ele ser candidato a presidente da Rep�blica em 2018 preocupa seus advers�rios pol�ticos. "Eles j� est�o preocupados com 2018, em evitar a possibilidade de o Lula voltar - e eu nunca disse a ningu�m que vou voltar (...) Sou muito pragm�tico em Bras�lia, sinceramente gostaria que n�o fosse eu o candidato outra vez. Gostaria que n�s tiv�ssemos uma pessoa mais nova, mais competente. O Brasil precisa de novas lideran�as", afirmou.
Reiterou ainda que, apesar do que diga a oposi��o, o PT n�o est� "morto" e fez uma refer�ncia indireta � disputa na capital paulista em 2016. "As pessoas s�o burras de n�o perceber que cada elei��o � uma elei��o. O cara n�o vai votar no prefeito pensando na presidenta n�o."
Estelionato
O ex-presidente falou � r�dio que Dilma foi obrigada pelas circunst�ncias a fazer o ajuste fiscal, mesmo depois de ter dito, durante a campanha, que ajuste era "coisa de tucano". "Dilma dizia que ajuste era coisa de tucano e que ela n�o ia mexer nos direitos dos trabalhadores. E ela foi obrigada pelas circunst�ncias pol�ticas", disse.
Segundo Lula, "a presidente Dilma foi obrigada a manter uma pol�tica de subs�dio importante para garantir o emprego e outra de desonera��o muito grande. Chegou no fim do ano, voc� percebe que a despesa est� um pouco maior do que a receita, ent�o, voc� � obrigado a parar por uma quest�o de responsabilidade e a Dilma parou".