S�o Paulo - Sem poder contar com financiamentos empresariais e em meio � maior crise de imagem de sua hist�ria, o PT decidiu adotar nas elei��es municipais do ano que vem uma estrat�gia semelhante � que era usada nos anos 1980, nas origens do partido. A ideia � lan�ar o maior n�mero poss�vel de candidatos a prefeito, mesmo com poucas chances de vit�ria, para ocupar os espa�os no debate pol�tico, principalmente no r�dio e na TV, para fazer a defesa do partido.
Em documentos oficiais, o PT ainda fala em "manter a trajet�ria de crescimento", mas em conversas reservadas integrantes do partido admitem que, em fun��o da crise, a legenda deve, pela primeira vez em sua hist�ria, sair de uma elei��o municipal menor do que entrou, "As elei��es n�o s�o um fim em si mesmo", diz a resolu��o eleitoral aprovada quinta-feira pelo Diret�rio Nacional do PT. O documento marca o in�cio formal do debate eleitoral e define a estrat�gia para 2016.
"Vamos ter como centro do debate a defesa do PT. Isso vai nos levar a um n�mero grande de candidaturas para que os espa�os pol�ticos sejam ocupados, principalmente onde h� r�dio e TV", disse o presidente do PT, Rui Falc�o. Segundo ele, a ideia � lan�ar o "maior n�mero poss�vel" de candidatos desde que n�o atropelem alian�as j� consolidadas com partidos da base. O foco principal � a elei��o geral de 2018.
A estrat�gia vai no sentido contr�rio � adotada nos �ltimos pleitos, quando o PT adotou uma postura mais pragm�tica, privilegiando as cidades onde o partido tinha chances reais de vit�ria e, nas demais, fez coliga��es com aliados.
Antipetismo
Alguns pr�-candidatos j� reclamam da orienta��o. Muitos deles querem esconder o PT e Dilma e focar suas campanhas nas quest�es locais para se preservar do desgaste do governo e da rejei��o ao partido.
O antipetismo j� � visto como um dos maiores entraves para os candidatos do partido em 2016. Por isso, v�rios prefeitos est�o deixando a legenda para concorrer por outras siglas. Dos 632 prefeitos eleitos pelo PT em 2012, 69 sa�ram. Isso levou o pr�prio Lula a abordar o assunto na quinta-feira. "Quem quiser sair que saia. Este partido tem porta de entrada e porta de sa�da".
Outra semelhan�a da estrat�gia tra�ada para 2016 em rela��o aos prim�rdios do petismo � a falta de dinheiro. O partido aboliu as contribui��es empresariais em suas campanhas. "Nada melhor do que usar o verbo e gastar muita sola de sapato", disse Falc�o em comunicado � milit�ncia petista.
Neste cen�rio, a reelei��o de Fernando Haddad em S�o Paulo ganhou ainda mais import�ncia. "Se ganharmos S�o Paulo ganhamos a elei��o", disse o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva em reuni�o do Conselho Pol�tico do PT, em setembro.
O prefeito enfrenta os piores �ndices de popularidade desde sua elei��o e j� consultou aliados sobre a possibilidade de deixar o partido. Segundo o presidente do PT paulistano, Paulo Fiorilo, a nova estrat�gia vai exigir esfor�o. "Aquela milit�ncia dos anos 80 ficou muito distante do PT", admitiu. "Mas por outro lado o PT, com seus 37 diret�rios zonais, tem mais capilaridade para fazer o di�logo com a popula��o, algo necess�rio em uma campanha com pouco dinheiro", completou. O PT tamb�m ainda n�o sabe o que fazer com Dilma. "Ainda n�o discutimos isso. Temos que saber se ainda vem algum recurso federal, com o que podemos contar", disse Fiorilo.
Mudan�as
Com mais de 50 anos de experi�ncia, o soci�logo Luiz Werneck Vianna, professor da PUC-RJ, atua principalmente nas �reas de judicializa��o da pol�tica, rela��es entre os Poderes e, mais recentemente, nas gest�es do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo durante o 39.º Encontro Anual da Associa��o Nacional de P�s-Gradua��o e Pesquisa em Ci�ncias Sociais (Anpocs), em Caxambu (MG), Vianna avalia como "preocupante" o fato de Lula e dois filhos dele serem citados em investiga��es da Pol�cia Federal.
Werneck Vianna diz que "j� passou da hora de o PT fazer uma autocr�tica". O professor acredita, no entanto, que o partido n�o deve acabar, mas "deve mudar".