
Apesar dos atendimentos, a base aliada continua rebelde no Congresso, a presidente Dilma Rousseff ainda sofre amea�a de impeachment e o PMDB critica a pol�tica econ�mica do governo. “N�s estamos vivendo um momento muito complexo”, admite o ministro. Berzoini diz tamb�m que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva ainda � um nome muito competitivo do PT para a sucess�o da presidente Dilma em 2018, “mas n�o � a �nica op��o”.
Faz um m�s que a presidente Dilma concluiu a reforma ministerial para contemplar o PMDB, mas at� hoje sofre derrotas no Congresso e n�o conseguiu recompor sua base de apoio. De que adiantou a reforma?
Mudou o quadro, a rela��o com o PMDB da C�mara e estamos construindo um caminho para consolidar a base. Mas � �bvio que o governo n�o sente, de maneira alguma, que tem uma base organizada. N�s estamos vivendo um momento muito complexo. N�o h� m�gica na pol�tica. Parte da base est� preocupada com a quest�o econ�mica e social, parte foi atingida pelos processos da Opera��o Lava-Jato e outra parte tem demandas que n�o foram atendidas. Mas o ambiente, hoje, � muito melhor.
Uma queixa constante dos parlamentares era a falta de di�logo com o Planalto. O sr. conseguiu mudar isso?
Tem dia que eu recebo 70, 80 parlamentares. Eu brinco que aqui n�o � nem consult�rio, que s� atende com hora marcada. � um pronto-socorro mesmo.
Esse toma l�, d� c� n�o incomoda?
N�o h� toma l�, d� c�. Em nenhum pa�s do mundo existe democracia sem participa��o da base parlamentar no governo. No parlamentarismo � assim e no presidencialismo tamb�m. N�o vejo problema nisso.
Diante de tantas dificuldades, o governo desistiu de tentar aprovar a CPMF neste ano no Congresso Nacional?
Ningu�m desistiu de nada. Vamos trabalhar para acelerar tudo que for poss�vel, mas temos que ser realistas em rela��o ao calend�rio. H� pouco tempo at� o fim do ano.
O presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que vai decidir neste m�s sobre os pedidos de impeachment contra a presidente Dilma. O governo tem base para barrar o processo, caso ele seja deflagrado?
N�o h� nenhum elemento fact�vel para se produzir uma decis�o pela abertura de um processo assim.
Nem o fato de o governo ter continuado a praticar as chamadas pedaladas fiscais em 2015?
N�o. Aquilo que foi feito era necess�rio fazer em qualquer governo. Eu n�o concordo com a decis�o do Tribunal de Contas da Uni�o. E o TCU d� um parecer, n�o julga ningu�m. Quem pode tomar uma decis�o sobre as contas governamentais � o Congresso. As contas de 2014 n�o foram julgadas. Muito menos as de 2015, porque o ano n�o terminou.
O Pal�cio do Planalto nega que tenha feito acordo com Cunha para salvar a presidente Dilma, mas o PT n�o pediu a cassa��o dele no Conselho de �tica, embora a maioria da bancada tenha assinado requerimento nesse sentido. N�o � estranho?
Eu acho que os integrantes do PT n�o devem fazer prejulgamentos. Devem tomar uma decis�o no momento apropriado. Do ponto de vista pol�tico, n�o h� raz�o para o Executivo se meter num assunto que � do Judici�rio, do Minist�rio P�blico e da C�mara.
O sr. n�o tinha essa mesma cautela quando era oposi��o e prop�s o “Fora FHC”, em 1999...
Mas, como parlamentar, eu nunca apresentei nada � bancada do PT nesse sentido. Naquela �poca, eu propunha que n�s trabalh�ssemos com o conceito pol�tico de que, para mudar o Brasil, era preciso por meio do processo eleitoral, mudar o governo. A express�o “Fora FHC” era “fora a pol�tica econ�mica”.
O que o sr. achou do documento do PMDB criticando a pol�tica econ�mica?
� natural, em um governo com tantos partidos na base, que haja heterogeneidade de opini�es. O importante � dialogar, e n�o transformar isso em elemento de crise.
Mas o texto traz express�es duras, como “nosso desajuste fiscal chegou a um ponto cr�tico”...
Essa � uma opini�o que j� foi manifestada inclusive pela presidenta Dilma. N�s tivemos, de fato, um problema fiscal grave do fim do ano passado para c�, motivado por uma mudan�a de conjuntura, que pode ser explicada por dois fatores: a queda de pre�os das commodities e da expectativa de crescimento de v�rios pa�ses, especialmente da China, e o impacto que a Lava- Jato teve em rela��o �s grandes empresas de engenharia. Grandes empregadoras sofreram muito com essa opera��o e est�o reorganizando a sua estrat�gia.
A Opera��o Lava-Jato atrapalha o governo?
A Lava-Jato atrapalha a economia, o pa�s e o governo do ponto de vista empresarial. Provoca impactos severos no PIB.
A Opera��o Zelotes tamb�m prejudica?
Qualquer fato que impacte a economia nos preocupa. Essas opera��es produzem efeitos colaterais que devem ser tratados de maneira respons�vel pelo governo. Sei que voc�s v�o perguntar se o governo queria que as investiga��es acabassem. N�o � isso. O governo simplesmente acha que precisamos encontrar mecanismos para reverter este quadro. Por isso a discuss�o sobre os acordos de leni�ncia � importante. � preciso separar a parte criminal daquilo que estas empresas representam. Quem cometeu il�citos que se responsabilize pelo que fez. O que n�o se pode � destruir riqueza.
Como o sr. avalia a investiga��o que resultou na busca e apreens�o de documentos no escrit�rio de um dos filhos do ex-presidente Lula?
Primeiro, � bom lembrar que essa Opera��o Zelotes investiga muitas megaempresas. E � curioso que ela hoje tenha um foco que pare�a essencialmente pol�tico, voltado para algu�m com uma lideran�a hist�rica no Pa�s.
O sr. est� dizendo que houve exagero por parte da PF?
Eu acho muito estranho haver uma intima��o �s 23 horas para um cidad�o que tem endere�o fixo e que n�o est� tentando evitar nada. Ningu�m quer blindar ningu�m, mas � preciso que as investiga��es sejam feitas de maneira correta, alinhadas com o Estado Democr�tico de Direito.
Como est� a rela��o entre a presidente Dilma e o ex-presidente Lula ap�s esse epis�dio?
A rela��o entre os dois � tranquila, afetuosa, de di�logo permanente, o que n�o quer dizer que eles pensem igual sobre tudo.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, resiste at� o ano que vem? O ex-presidente Lula chegou a dizer que ele tinha prazo de validade...
Todos n�s temos prazo de validade, que � dezembro de 2018. Al�m disso, ministro da Fazenda e t�cnico da Sele��o s�o sempre objetos de cr�tica, em qualquer conjuntura. N�o vejo nenhuma raz�o para prever a sa�da do ministro Levy por causa de alguma diverg�ncia sobre a quest�o econ�mica. Eu, por exemplo, recebo cr�ticas com muita tranquilidade. Quem n�o gosta de cr�tica n�o deve fazer pol�tica.
A presidente aguenta mais tr�s anos com popularidade abaixo dos dois d�gitos?
Todo mundo que governa trabalha para aumentar sua popularidade. N�s queremos chegar em 2018 com a presidenta reconhecida pelo povo por suas qualidades.
E o ex-presidente Lula vai ser candidato do PT em 2018, mesmo se a “pancadaria”, como ele diz, continuar?
Ele � um dos nomes mais competitivos que o PT pode apresentar em 2018, mas n�o � a �nica op��o.
Quem seria a outra op��o? O sr.?
Se algu�m lembrar do meu nome, posso at� n�o aceitar, mas triste eu n�o fico (risos).