A nova palavra de ordem dentro do governo � n�o causar atritos. A orienta��o vale, especialmente, para o relacionamento com o Tribunal de Contas da Uni�o (TCU). Ap�s desaprova��o un�nime das contas presidenciais e fiscaliza��es para analisar a responsabilidade de Dilma Rousseff em preju�zo de R$ 2,8 bilh�es na Petrobras, o governo n�o quer travar mais uma queda de bra�o.
Entre seguidas nega��es, os senadores governistas acabaram rejeitando a convoca��o de Carlos Juliano Ribeiro Nardes, sobrinho de Augusto Nardes, ministro do TCU que deu parecer pela reprova��o das contas de 2014.
Carlos Juliano � propriet�rio da empresa Planalto Solu��es e Neg�cios, investigada pela Opera��o Zelotes. De acordo com as investiga��es, o sobrinho e o ministro Nardes, que j� foi s�cio da empresa, teriam recebido pagamentos da SGR Consultoria, acusada de corromper funcion�rios do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
Durante a audi�ncia da CPI, senadores do governo tiveram a oportunidade de fazer retalia��o ao ministro que reprovou as contas presidenciais e facilitar as investiga��es, mas votaram unanimemente pela rejei��o da convoca��o de Carlos Juliano.
A decis�o dos senadores da base foi uma tentativa de evitar novos atritos com o TCU, que tem em m�os a��es prejudiciais ao governo. Nesta semana, o ministro Jos� M�cio comunicou que o tribunal far� nova fiscaliza��o para analisar a responsabilidade do conselho de administra��o da Petrobras na paralisa��o das refinarias Premium I e II. No per�odo, o conselho era presidido por Dilma Rousseff.
Al�m disso, pe�as-chave do governo como o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e presidentes da Petrobras e do BNDES est�o na mira do TCU e podem ser multados e responsabilizados pelas "pedaladas fiscais" praticadas no ano passado.
Um pedido particular do senador Otto Alencar (PSD-BA) tamb�m teria sensibilizado os demais senadores da base para que rejeitassem a convoca��o do sobrinho de Augusto Nardes. H� pouco mais de uma semana, o TCU divulgou parecer sobre auditoria realizada nas obras da Ferrovia de Integra��o Oeste-Leste (Fiol), questionando a viabilidade econ�mica do projeto e sugerindo que o governo avaliasse a possibilidade de construir apenas o trecho final, que liga Caetit� a Ilh�us (BA).
O relat�rio causou indisposi��o com o governador baiano, Rui Costa (PT), que organizou comitiva e fez visita ao presidente do TCU.
O senador Alencar negou qualquer pedido especial para ajudar Augusto Nardes. "Eu n�o conhe�o o ministro e nunca nos reunimos", alegou. Mas confirmou a insatisfa��o da bancada baiana com o relat�rio do TCU. Ele argumentou, entretanto, que a relatoria do processo que pede reavalia��o da Fiol n�o pertence a Nardes, mas ao ministro Augusto Sherman.
A Fiol � uma empreitada bilion�ria de administra��o federal. Com extens�o de 1,5 mil km, corta todo o territ�rio da Bahia, al�m de parte do Estado de Tocantins. Apesar do car�ter regional, a constru��o tamb�m esconde interesses nacionais. A Fiol j� estava em processo de constru��o durante o mandato do ex-governador Jaques Wagner, atual ministro da Casa Civil. Wagner tamb�m auxiliou na elei��o do atual governador, o correligion�rio Rui Costa.