(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

PF investiga se ex-assessor da Casa Civil intermediou propina para campanha


postado em 09/11/2015 19:21

O pagamento de R$ 2 milh�es feito pelo doleiro Alberto Youssef, em 2010, a pedido do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa � o caminho que a Opera��o Lava-Jato trilha para chegar ao suposto uso de dinheiro de propina na campanha da primeira elei��o da presidente Dilma Rousseff. O pagamento envolveria um pedido do ex-ministro Antonio Palocci, que foi coordenador da campanha presidencial do PT naquele ano e um ex-assessor especial da Casa Civil Charles Capella de Abreu.

Youssef - pe�a central da Lava-Jato - detalhou em novo depoimento prestado � Pol�cia Federal no dia 29 de outubro o pagamento que fez em dinheiro vivo no Hotel Blue Tree, na Avenida Faria Lima, em S�o Paulo, a um emiss�rio que ele n�o sabe dizer quem era. A suspeita dos investigadores recai sobre Charles Capella de Abreu.

"Tal pessoa tinha a cor de pela branca, estatura m�dia alta, sendo um pouco mais alto que ele, que tem 1 metro e 71 cent�metros, complei��o f�sica normal, mas se tratando de pessoa obesa ou de barriga saliente", descreveu o doleiro.

O suspeito recebeu Youssef em um quarto do hotel, conta o doleiro, que disse n�o se lembrar exatamente o m�s, nem o dia, possivelmente "no per�odo de junho a outubro de 2010". "Os R$ 2 milh�es determinados por Paulo Roberto Costa a tal pessoa foram entregues em uma ou duas malas pequenas, do tipo daqueles que se leva como bagagem de m�o em voos comerciais", afirmou Youssef ao delegado Luciano Flores de Lima, da equipe da Lava-Jato.

"Esclarece que pode ter sido uma mala pequena, com al�a telesc�pica, e uma maleta, como costumava fazer para transportar essa quantidade de dois milh�es de reais em notas de R$ 100,00, como foi no presente caso", anotou a PF. O doleiro disse que costumava usar esse tipo de bagagem para "n�o chamar a aten��o, pois encaixava a maleta na al�a prolongada da mala, puxando-as enquanto caminhava".

A PF mostrou uma foto de Charles Capella de Abreu para Youssef para saber se poderia ser ele o emiss�rio que recebeu o dinheiro da propina da Petrobras. "Reconhece como sendo poss�vel que a foto seja de tal pessoa referida acima, para a qual entregou os R$ 2 milh�es em notas cuja maioria (cerca de 85%) eram em c�dulas de R$ 100,00 por ordem de Paulo Roberto Costa", registra o depoimento. Em termos de probabilidade porcentual, Youssef disse acreditar que tenha "70% a 80% de certeza" se tratar da mesma pessoa.

Perguntado pelo delegado se conhecia Charles Capella de Abreu, Youssef respondeu que o nome n�o era estranho, mas n�o se lembrava se realmente o conhecia.

Acarea��o


O pagamento de R$ 2 milh�es � campanha presidencial do PT em 2010 foi inicialmente apontado aos investigadores da PF, nas dela��es de Paulo Roberto Costa, o primeiro delator da Lava-Jato em agosto de 2014. O ex-diretor relatou ter recebido um pedido via Youssef, que teria falado no nome de Palocci. O doleiro negou ter sido ele o autor do pedido e revelou posteriormente que outro operador de propinas traria � tona tal demanda.

Seria Fernando Antonio Falc�o Soares, o Fernando Baiano, operador de propinas ligado ao PMDB. Ele tamb�m fez acordo de dela��o premiada com a Lava-Jato e em depoimento no dia 15 de setembro revelou que aproximou Palocci de Costa.

Para isso, Fernando Baiano afirma ter se reunido com o pecuarista Jos� Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, para que ele tentasse garantir a perman�ncia de Costa na Diretoria de Abastecimento da Petrobras caso a candidata Dilma fosse eleita. Costa temia ser demitido do cargo.

Bumlai respondeu que sim (poderia ajudar) e que faria o que fosse poss�vel, afirma Baiano. "Bumlai disse que a pessoa mais indicada para fazer a aproxima��o de Paulo Roberto Costa com o PT era Antonio Palocci, uma vez que era naquele momento o coordenador da campanha de Dilma Roussef e provavelmente seria o ministro da Casa Civil."

Fernando Baiano conta que acompanhou posteriormente Costa no encontro com Palocci, em Bras�lia. O ex-ministro teria falado que "haveria interesse por parte do PT" na continuidade dele na Diretoria de Abastecimento.

"Em seguida se passou a falar da campanha presidencial; que ent�o Antonio Palocci falou que seria muito importante se Paulo Roberto Costa em sua rela��o com as empresas que eram prestadoras de servi�os na Petrobras conseguisse ajudar com doa��es para a campanha de Dilma Rousseff."

Fernando Baiano afirma que o ex-diretor disse que poderia ajudar mas n�o falou sobre valores nem como seria essa ajuda.

"No final da conversa, Antonio Palocci disse que havia uma pessoa que trabalhava com ele, possivelmente um assessor dele, que o estava ajudando nesta parte de arrecada��o", explicou Fernando Baiano. "Pelo que se recorda, o nome dessa pessoa era Charles.

Paulo Roberto Costa foi colocado frente-a-frente com Fernando Baiano na quinta-feira, 5, e negou que tivesse participado de reuni�o com ele e Palocci para tratar do assunto. O ex-diretor sustenta ter ouvido de Youssef o pedido de R$ 2 milh�es para a campanha do PT a pedido do ex-ministro. Costa disse que autorizou o pagamento.

DEFESA - PALOCCI

O criminalista Jos� Roberto Batochio, que defende Palocci, foi taxativo. "Est�o querendo fazer uma dela��o de concilia��o para tentar eliminar as insuper�veis e intranspon�veis diverg�ncias. Mentiras ditas pelos tr�s envolvidos (Fernando Baiano, Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef), um desmentindo o outro. Inventam mil mentiras, mas a verdade teima em aparecer. � um esc�ndalo de invencionices com a finalidade de escapar da cadeia. Uma coisa absolutamente inid�nea, claramente inveross�mil com a qual n�o se compadece a seriedade da Justi�a."

Batochio reafirma que "Palocci jamais se reuniu com esse Fernando Baiano, n�o o conhece, nunca o viu na vida, em lugar algum".

"� preciso que a Justi�a cancele os benef�cios aos mentirosos e deve faz�-lo de of�cio, sem ter que esperar ser provocada. A Justi�a tem compromisso com a verdade e n�o com escambos, com trocas que escapam da moralidade."

Perguntado se o desmentido de Paulo Roberto Costa foi bom para a defesa de Palocci, o advogado criminalista disse. "Foi bom para a verdade e para a Justi�a."

Batochio disse ter sido informado que, na acarea��o, Fernando Baiano confundiu-se at� na hora de informar onde ficou hospedado em Bras�lia e quem fez a reserva para ele.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)