
Bras�lia – Cada vez mais cercado de den�ncias, o presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vem se desidratando em prest�gio dentro do pr�prio partido. J� � majorit�rio o n�mero de filiados e militantes que olham com ressalvas a situa��o de Cunha, optando por esperar a defesa que pretende apresentar ao Conselho de �tica nesta semana para definir se prestam ou n�o solidariedade ao comandante da C�mara. Segundo nome na linha sucess�ria da Presid�ncia da Rep�blica, Cunha era visto, at� quatro meses, como um prov�vel candidato ao Planalto em 2018. Hoje, n�o consegue mais obter o apoio da maioria dos correligion�rios. “A situa��o dele � dram�tica e tem se deteriorado rapidamente, especialmente nos �ltimos tr�s dias”, disse um integrante da c�pula partid�ria.
Cunha, no entanto, ainda conta com o apoio de uma parte do PMDB, sobretudo entre os deputados. L�der da bancada entre 2014 e 2015, antes de vencer a elei��o para a presid�ncia da Casa, Cunha ainda � considerado o grande l�der dos peemedebistas da C�mara. “N�o podemos menosprezar o atual l�der Leonardo Picciani (PMDB-RJ). Mas, entre os deputados, Cunha est� colhendo o que semeou e plantou no passado recente”, disse um deputado pr�ximo ao presidente da C�mara e que torce para que Cunha consiga responder, no Conselho de �tica, �s acusa��es que pesam contra ele.
Esse grupo ainda � um pouco maior do que aqueles que defendem, abertamente, a sa�da de Cunha da presid�ncia. “Como confiar numa pessoa que mente sobre contas banc�rias na Su��a, j� confirmadas pela Procuradoria?”, questionou, h� um m�s, o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), a voz mais contundente dentro do partido a defender a defenestra��o do peemedebista fluminense.
Outros ressentidos admitem a dificuldade para prestar solidariedade. “Como n�s vamos declarar apoio se nunca sabemos o que est� acontecendo? Ele n�o conta a hist�ria toda e n�s acabamos sendo surpreendidos com os fatos”, reclamou um antigo companheiro, preterido em embates internos recentes. Esse mesmo peemedebista ironizou sobre as estrat�gias tra�adas por Cunha. “Ele combina uma coisa � noite e, no dia seguinte, quando abre os jornais, � obrigado a replanejar o roteiro diante das novas den�ncias”, provocou o ex-aliado.
Na semana que passou, ap�s ser abandonado pelos partidos de oposi��o, Cunha recebeu apoio de l�deres de 13 partidos, que defenderam o direito de ele responder �s acusa��es na condi��o de presidente da Casa. Entre os signat�rios, aparece Leonardo Picciani. “Ele assinou por decis�o pr�pria, n�o houve qualquer consulta � bancada”, reclamou um parlamentar.
Perspectiva
Na verdade, Picciani, na opini�o de correligion�rios, tenta se reposicionar. No in�cio do ano, quando Cunha deixou a lideran�a para disputar a presid�ncia da Casa, praticamente imp�s aos demais comandados o nome de Picciani para suced�-lo. Embora tenha dito de que n�o interferiu na disputa, os derrotados L�cio Vieira Lima (PMDB-BA) e Danilo Forte (hoje no PSB-CE) demoraram um tempo para curar as feridas. Mas Picciani, estimulado pelo pai, Jorge, presidente da Assembleia Legislativa do Rio, come�ou a se animar com a perspectiva de poder e passou a deslizar na Casa conversando sobre a possibilidade de um p�s-Cunha, apresentando-se como alternativa. Ele e Jorge at� se reuniram com a presidente Dilma Rousseff para, em tese, discutir a sucess�o municipal fluminense. Mas a disputa pela C�mara foi o assunto principal do encontro.
No Senado, Cunha n�o conta com apoio. Uma das expectativas de Cunha ao buscar ganhar tempo � torcer para que surjam den�ncias contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A exemplo do presidente da C�mara, Renan tamb�m est� sendo investigado pela Opera��o Lava-Jato, mas o processo contra ele corre em um ritmo mais lento, tanto no Minist�rio P�blico quanto no Supremo Tribunal Federal. “Se surgirem provas contra Renan, Cunha pretende cobrar do PT e do Planalto o mesmo tratamento. Se estes pedem a ren�ncia de Cunha, dever�o pedir tamb�m a de Renan”, admitiu um petista.
Rejei��o dentro do pr�prio PMDB
Bras�lia – O PMDB realizar� um Congresso na ter�a-feira, em Bras�lia, mas, para evitar desgaste ao partido, algumas lideran�as defendem que o presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), n�o compare�a. Alvo da Opera��o Lava-Jato por suspeita de participa��o no esquema de desvio de recursos da Petrobras e acusado de ter mentido � CPI da estatal ao afirmar que n�o tem contas banc�rias no exterior, Cunha responde a dois inqu�ritos no Supremo Tribunal Federal (STF) e a um processo de cassa��o no Conselho de �tica da C�mara.
Pensado inicialmente para marcar – ou, pelo menos, pressionar os aliados do Planalto – desembaque do governo, o evento foi esvaziado gradualmente pela a��o da presidente Dilma Rousseff e do vice-presidente Michel Temer. Dilma ampliou os espa�os do partido na Esplanada, entregando, inclusive, o Minist�rio da Sa�de, que tem o maior or�amento do primeiro escal�o federal. Al�m disso, a c�pula partid�ria e o Instituto Ulysses Guimar�es elaboraram um documento intitulado “Uma ponte para o futuro”.
No texto, foram apresentadas uma s�rie de propostas econ�micas, pol�ticas e sociais como alternativas para encerrar a recess�o que assola o pa�s. “O texto foi bem recebido, inclusive, por aqueles que defendiam o desembarque do governo. A inten��o era justamente fazer com o que o PMDB retomasse a dianteira nos debates sobre o atual momento”, explicou um aliado do vice-presidente Michel Temer. Al�m da an�lise aprofundada sobre o documento, ser�o apresentadas tamb�m propostas de mudan�as para o estatuto da legenda.
Acordo barra conselho de �tica
Bras�lia – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), colocou panos quentes em um imbr�glio envolvendo o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) para evitar que um processo disciplinar reabrisse os trabalhos no Conselho de �tica da Casa. De acordo com parlamentares, o movimento foi feito para evitar que a reabertura pudesse estimular senadores a aproveitar a atividade e apresentar processos contra colegas alvos da Opera��o Lava-Jato. Renan e outros 10 senadores s�o investigados sob a suspeita de terem recebido recursos da Petrobras. Procurado, ele n�o foi encontrado para falar sobre o assunto.
No fim de outubro, Caiado discutiu com Braga aos xingamentos de “bandido” e “safado” em uma reuni�o da Comiss�o Mista Permanente de Mudan�as Clim�ticas do Congresso. Para o caso n�o descambar para as agress�es f�sicas, os dois precisaram ser contidos por Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).
A confus�o come�ou quando Caiado fazia perguntas ao ministro sobre a renova��o de concess�es de distribuidoras e sobre o processo de privatiza��o da Companhia Energ�tica de Goi�s (Celg). Ele chamou a aten��o do ministro para que prestasse aten��o aos questionamentos.
Braga disse que havia ido � audi�ncia para tratar de clima e n�o do assunto colocado pelo senador, e tentou pedir desculpas por ter se virado. “Estou aqui com a maior educa��o, mas vim aqui para debater clima”, disse. Caiado se irritou e decidiu deixar a comiss�o. Enquanto sa�a, Braga disse: “Vossa Excel�ncia deveria ficar calmo. Vossa Excel�ncia est� desequilibrado”. Neste momento, Caiado voltou e foi em dire��o ao ministro com o dedo em riste afirmando que estava sendo desrespeitado.
ARGUMENTO
Durante a sess�o, Coelho afirmou que iria pedir as imagens e o �udio da reuni�o para enviar o material � Mesa Diretora do Senado, que deveria avaliar se houve quebra de decoro parlamentar, o que geraria um processo contra Caiado no Conselho de �tica. Quando o caso chegou ao conhecimento de Renan, o peemedebista atuou para convencer os senadores a esquecer o processo. O argumento usado foi que, diante da crise pol�tica no pa�s e das den�ncias de corrup��o contra o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), n�o seria positivo para o Senado que o Conselho de �tica da Casa fosse reativado.
O �ltimo caso analisado pelo colegiado, respons�vel por julgar a conduta �tica dos senadores, foi em 2013, envolvendo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Ele foi acusado de ter recebido propina do senador Jo�o Capiberibe (PSB-AP), na �poca governador do Amap� enquanto Randolfe era deputado. O pr�prio Renan j� foi alvo do Conselho. Em 2007, ele chegou a se licenciar da presid�ncia do Senado ap�s responder �s den�ncias no �rg�o.
Os caciques e Cunha
Michel Temer,
vice-presidente
Tem agido como conselheiro pol�tico de Cunha, mas sempre pende para o lado do governo durante os arroubos oposicionistas do presidente da C�mara. N�o vai propor uma mo��o de apoio a ele.
Renan Calheiros,
presidente do Senado
Desde que Cunha foi eleito presidente da C�mara, vive uma rela��o de parceria e antagonismo. Uma queda do peemedebista fluminense seria bom para Renan, j� que ele reassumiria um protagonismo isolado no Congresso.
Eun�cio Oliveira,
l�der do PMDB no Senado
Um dos que organizam a vida partid�ria e os congressos da legenda, tamb�m se sentia incomodado com a postura de estrela do presidente da C�mara.
Eduardo Paes,
prefeito do Rio
Principal nome do PMDB no estado, prov�vel candidato do partido ao governo estadual ou, at� mesmo, � Presid�ncia da Rep�blica em 2018, Paes tem todo o interesse no ocaso de Cunha.
Leonardo Picciani,
l�der do PMDB na C�mara
Eleito l�der da bancada com o apoio de Cunha, negociou pessoalmente dois minist�rios para os deputados e ainda trabalha para suceder a Cunha na presid�ncia da Casa.