Bel�gua, MA - Um ano ap�s a reelei��o da presidente Dilma Rousseff, a cidade mais “dilmista” do Brasil sofre as consequ�ncias da crise econ�mica e teme cortes nos benef�cios sociais, o que impacta a popularidade da presidente. At� eleitores que dizem n�o estar arrependidos do voto na petista se dizem frustrados com o in�cio do segundo mandato. Nem mesmo o prefeito do munic�pio, que tamb�m � do PT, poupa a presidente de cr�ticas.
Os moradores do munic�pio do semi�rido maranhense sofrem com o aumento de pre�os, como na conta de luz, e a amea�a de cortes em programas como o seguro-defeso. Os problemas acentuados pela crise se somam � seca e � pobreza cr�nica.
O prefeito, Adalberto Rodrigues, culpa a correligion�ria Dilma pelo quadro. “Ela que est� no comando. A gente n�o imaginava que a situa��o ia chegar nesse ponto”, diz. O petista se queixa de que a presidente n�o reconheceu Bel�gua por ter sido a cidade que mais deu votos a ela proporcionalmente. “Nunca nos visitou nem fui convocado para uma audi�ncia com ela. A presidente nunca sequer disse o nome de Bel�gua”, afirma.
No munic�pio, o esgoto corre a c�u aberto, a maioria das casas � de barro e o acesso dif�cil compromete ainda mais o atendimento de sa�de � popula��o. Boa parte do caminho � feita em estrada sem asfalto, com areia e rio, que dificultam a locomo��o de carros de passeio.
O �ndice de desenvolvimento humano de Bel�gua � um dos piores do Maranh�o, que tem o segundo pior IDH do Pa�s. Neste ano, o governador do Estado, Fl�vio Dino (PC do B), criou um plano para superar a “extrema pobreza” dos 30 munic�pios maranhenses com pior IDH, entre os quais Bel�gua. O munic�pio tem �ndice de 0,512, sendo que o indicador varia de 0 a 1; quanto mais pr�ximo de 1, maior � o desenvolvimento humano. Dos 217 munic�pios maranhenses, somente oito t�m �ndice pior do que o de Bel�gua.
Bolso
Os aposentados Ad�o Torres da Silva, de 71 anos, e Tereza Rodrigues Xavier da Silva, de 69 anos, que fizeram quest�o de votar na presidente, afirmam que est�o arrependidos da escolha. “Est�o nascendo umas coisas erradas que a gente n�o entende muito bem, mas sentimos no bolso que as coisas est�o pior”, diz o aposentado, que trabalha na ro�a, na produ��o de farinha de mandioca. Ele diz que conseguia antes vender um saco de 60 quilos de farinha por R$ 100; agora, n�o acha quem pague R$ 80.
Do lado das despesas, Tereza reclama do aumento da conta de luz e dos alimentos. “A gente votou nela porque achou que as coisas iam melhorar, mas tudo piorou”, afirma. Evang�lica, ela diz que o pastor afirmou que a presidente corre o risco de deixar o cargo antes do fim do mandato, em 2018, por irregularidades que teria cometido.
“O pastor diz que esse governo n�o est� sendo muito bom para os pobres”, afirma a aposentada. Tereza diz ainda que, agora, tem de aguentar a cobran�a da neta Tamires, de 15 anos, “que fica dizendo o tempo todo que tinha dito que n�o era para votar na presidente”.
Prefeito
A popula��o do munic�pio est� tamb�m decepcionada com o prefeito. Segundo as queixas, ele s� aparece no munic�pio em alguns dias da semana. No in�cio do m�s, a reportagem o procurou ao longo de todo o dia na prefeitura e na casa dele em Bel�gua. Em v�o. S� conseguiu conversar com ele, por telefone, no fim da tarde.
Rodrigues afirmou que foi no dia anterior � sede da prefeitura e que na quinta-feira estava em visita a munic�pios vizinhos. “Com o Brasil do jeito que est�, � muito f�cil o prefeito colocar tudo nas costas dela (Dilma) e n�o fazer nada”, diz o comerciante Paulo Jorge Alves, de 45 anos.
Carlos Souza Silva, de 35 anos, foi um dos 230 eleitores que votaram no candidato da oposi��o, senador A�cio Neves (PSDB-MG), assim como fez o ex-governador do Maranh�o Jos� Sarney. “Sabia que tudo ia piorar com a Dilma”, diz o mototaxista, que recebe o seguro-defeso, benef�cio que s� teria direito quem vive da pesca artesanal. “N�o sei se com ele seria diferente... Mas se ela ficar a�, vai levar de cinco a seis anos para a situa��o melhorar”, acredita.