S�o Paulo - O governo federal pode poupar a parcela mais pobre dos brasileiros dos cortes de gastos necess�rios devido � crise econ�mica por meio da redu��o nominal de sal�rios do funcionalismo p�blico. A tese foi defendida pelo ex-subsecret�rio de A��es Estrat�gicas da Secretaria de Assuntos Estrat�gicos da Presid�ncia da Rep�blica Ricardo Paes de Barros nesta quinta-feira, 26. "O governo pode equilibrar o or�amento sem aumentar a pobreza no Brasil", afirmou, durante palestra sobre redu��o da desigualdade social e pol�ticas p�blicas promovida pelo Instituto Lula, na sede da Central �nica dos Trabalhadores (CUT), na capital paulista.
Em sua palestra, o professor do Insper fez um panorama das mudan�as sociais entre 2001 e 2014 e classificou os avan�os do per�odo como "fant�sticos". "O progresso social foi alcan�ado com uma queda gigante na desigualdade, ano ap�s ano", destacou. De acordo com Paes de Barros, entre 1976 e 2000, a desigualdade social permaneceu praticamente est�vel no Brasil, mas entre 2001 e 2015, houve quedas em todos os anos.
Para ilustrar a melhoria nas condi��es de vida dos brasileiros, o especialista relatou que, em 2000, metade dos munic�pios do Pa�s, a grande maioria nas regi�es Norte e Nordeste, tinha um �ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) similar ao da �frica Central. "Em 10 anos, s� h� menos de 1% dos munic�pios naquelas condi��es. � um avan�o absolutamente fant�stico. Um progresso para ningu�m botar defeito", comentou.
Trabalho e renda
Paes de Barros destacou que nos �ltimos 14 anos, a renda per capta dos 10% mais pobres da popula��o brasileira cresceu 7,5% ao ano. Este ritmo de avan�o � quase quatro vezes maior que o acr�scimo da renda dos 10% mais ricos entre 2001 a 2014. Segundo o especialista, a renda per capta da metade mais pobre do Brasil cresceu mais de 5% ao ano neste per�odo. "Quando um jornal fala que Brasil n�o cresce, os 50% mais pobres se perguntam: 'de que pa�s eles est�o falando? Eu vejo a renda crescer h� 15 anos'", afirmou Paes de Barros.
Segundo ele, entre 2002 e 2014, a taxa de desocupa��o foi reduzida em 8,8 pontos porcentuais, enquanto a remunera��o real dos trabalhadores cresceu mais de 41%. "O avan�o no combate � desigualdade se deu com a diminui��o da taxa de desemprego e o aumento da remunera��o do trabalho no Brasil", afirmou. Apenas para os 10% mais pobres, a maior parte do progresso social, 70%, se deu via transfer�ncia de renda. "Mas para a metade mais pobre dos brasileiros, foi o trabalho que fez com que eles sa�ssem da pobreza", afirmou.
Mudan�as demogr�ficas
De acordo com Paes de Barros, a efici�ncia das pol�ticas p�blicas dos �ltimos anos e mudan�as no perfil da popula��o brasileira levam � necessidade de reformula��o dessas a��es. "A pol�tica social quando � ineficaz pode ser a mesma sempre. Mas para se conseguir mais 15 anos com o mesmo ritmo de progresso que tivemos, precisamos adaptar nossa pol�tica social", disse.
Segundo ele, o Brasil ter� o maior contingente de jovens integrando a for�a de trabalho entre os anos de 2000 e 2020. A diferen�a entre a quantidade de pessoas trabalhando e o n�mero de dependentes, disse, ser� de 65 milh�es. "Isso nunca aconteceu e n�o vai voltar a acontecer", afirmou o professor do Insper, alertando para a necessidade de o Pa�s se preparar para o envelhecimento da popula��o, que processo que aumentar� consideravelmente em apenas 20 anos.
Um problema apontado pelo especialista � que � necess�rio aumentar a qualidade do ensino dos alunos brasileiros de modo a elevar o n�vel da produtividade no Pa�s, o que n�o vem acontecendo.