BR Distribuidora foi 'retribui��o' a Cerver�, diz delator

S�o Paulo - O lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, disse, em acordo de dela��o premiada com a for�a-tarefa da Opera��o Lava-Jato, ter ouvido do pecuarista Jos� Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerver� foi indicado para a diretoria financeira da BR Distribuidora por ter ajudado o Grupo Schahin a obter contrato de opera��o do navio-sonda Vit�ria 10.000. Auditoria da estatal constatou irregularidade nesse neg�cio.

Baiano diz que procurou Bumlai - preso na semana passada pela Pol�cia Federal -, entre fim de 2007 e in�cio de 2008, com pedido de ajuda para manter Cerver� na Diretoria Internacional da Petrobras, cargo que ele ocupava desde 2003. A articula��o fracassou, mas, na mesma �poca, ele disse ter recebido um telefonema do pecuarista no qual Bumlai afirmou estar no Pal�cio da Alvorada, onde teria conversado com o ent�o presidente Lula sobre o assunto. Na conversa, Bumlai lhe informou da indica��o de Cerver� para a BR Distribuidora.

"Jos� Carlos Bumlai telefonou para o depoente e disse-lhe que estava em Bras�lia, ressaltando que tinha conversado com Lula e que n�o tinha mais como manter Nestor Cerver� na Diretoria Internacional", relatam os investigadores da Lava Jato a partir do depoimento de Baiano. "Na mesma ocasi�o, Bumlai informou que, em raz�o da ajuda de Cerver� na contrata��o do Grupo Schahin para opera��o do navio-sonda Vit�ria 10.000, ele havia sido indicado para o cargo de diretor financeiro da BR Distribuidora" - cargo que ele ocupou de 2008 a 2014.

Cerver� negociou a contrata��o da Schahin para operar o navio-sonda Vit�ria 10.000, quando era diretor de Internacional da Petrobras, por US$ 1,5 bilh�o. Auditoria interna da estatal, conclu�da em maio, confirmou que houve direcionamento indevido na contrata��o da empresa. O neg�cio seria uma compensa��o por empr�stimo de R$ 12 milh�es do Banco Schahin a Bumlai que teria como destino final o PT. Segundo Baiano, ele e Bumlai acertaram pagamento de US$ 5 milh�es em propina a Cerver� e a dois ex-gerentes da estatal, pagos pela Schahin.

Contradi��o

Baiano tamb�m relata a articula��o pol�tica feita por Bumlai para tentar manter Cerver� na Diretoria Internacional. O pecuarista teria intermediado at� uma conversa em 2007 entre o ent�o diretor da Petrobras e o vice-presidente da Rep�blica Michel Temer (PMDB), na �poca deputado.

� reportagem, Temer confirmou, via assessoria, o encontro com Cerver� em S�o Paulo e disse que a reuni�o foi intermediada por Bumlai. Temer relata que o ex-diretor estava buscando apoio para permanecer na estatal e diz ter afirmado a ele que "n�o poderia fazer nada".

De acordo com Temer, j� havia uma indica��o do ent�o presidente do PMDB de Minas, Fernando Diniz, morto em 2009, para nomear o engenheiro Jorge Zelada para o cargo, o que acabou ocorrendo. Zelada tamb�m foi preso pela Lava Jato.

A informa��o de Temer contradiz o depoimento do pecuarista � for�a-tarefa. Na segunda-feira, ele disse � PF que n�o se dedicou a ajudar na manuten��o de Cerver� no cargo.

A articula��o para manter Cerver� no cargo, relata Baiano, come�ou quando ele soube de "press�es muito fortes" para sua demiss�o. O lobista afirmou que o pecuarista lhe disse ter conversado com Lula, mas n�o poderia interferir no assunto pois a Diretoria Internacional tinha sido prometida � bancada mineira do PMDB na C�mara. Procurado pela reportagem, o Instituto Lula afirmou que n�o iria comentar o assunto.