Bras�lia - O governo avaliou que a opera��o da Pol�cia Federal desta ter�a-feira, 15,intensificou ainda mais a crise pol�tica por atingir o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (RJ), a c�pula do PMDB e alvejar dois ministros do partido, mas dobrou a aposta no Senado para barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O receio do Planalto e do PT, no entanto, � de que o vice Michel Temer acabe sendo visto como perspectiva de poder, conseguindo atrair apoios no PMDB mais adiante. Para auxiliares de Dilma, o fato de Temer ter convocado para esta Quarta-feira (16) uma reuni�o da Executiva Nacional do PMDB mostra como � forte a rela��o dele com Cunha. Temer n�o comparecer� ao encontro, que tem o objetivo de proibir a filia��o de deputados dispostos a reconduzir Leonardo Picciani (RJ) ao comando da bancada na C�mara. Mesmo assim, muitos v�o pregar ali o rompimento com o Planalto, que s� deve ocorrer em 2016.
Na outra ponta, Renan disse a articuladores pol�ticos do Planalto que n�o deixar� a crise contaminar o Senado. Apesar de a investiga��o ter chegado at� a sede do PMDB de Alagoas - Estado administrado por seu filho - e atingido pol�ticos de sua confian�a, como o ex-presidente da Transpetro S�rgio Machado, Renan disse ser contra o desembarque do governo.
Os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, conversaram nessa ter�a-feira (15) com os colegas Henrique Eduardo Alves (Turismo) e Celso Pansera (Ci�ncia e Tecnologia) e asseguraram a perman�ncia dos dois na equipe. Ligados a Cunha, que teve a resid�ncia oficial em Bras�lia e uma casa no Rio vasculhadas pela PF, Alves e Pansera tamb�m foram alvos da Opera��o Catilin�rias.
"Continuem trabalhando normalmente. O governo n�o interfere na Pol�cia Federal nem nas determina��es do Teori Zavascki", disse Wagner a eles, numa refer�ncia ao ministro do Supremo Tribunal Federal. Na lista dos investigados est�o tamb�m os ex-ministros de Minas e Energia Edison Lob�o (PMDB) e da Integra��o Fernando Bezerra Coelho (PSB), hoje senadores.
Apesar de Cunha querer que a Executiva do PMDB antecipe de mar�o para janeiro a conven��o que deve definir o rompimento com Dilma, nenhum dos seis ministros do partido mostra disposi��o em entregar os cargos. O �nico que o fez foi Eliseu Padilha, que ocupava a Avia��o Civil e pediu demiss�o logo depois de Cunha ter deflagrado o impeachment.
Em nota, a Secretaria de Comunica��o Social n�o citou os nomes dos ministros sob suspeita ao tratar das buscas e apreens�es feitas pela PF. "O governo federal espera que todos os fatos investigados na nova fase da Lava-Jato, envolvendo ministros de Estado e outras autoridades, sejam esclarecidos o mais breve poss�vel, e que a verdade se estabele�a", destaca o texto divulgado pelo Planalto, a pedido de Dilma. "Que todos os investigados possam apresentar suas defesas dentro do princ�pio do contradit�rio, e que esse processo fortale�a as institui��es brasileiras."
A maior esperan�a do governo na batalha contra o impeachment reside hoje no julgamento do Supremo, que vai definir o rito do processo. O Planalto espera que a Corte anule a vota��o da Comiss�o Especial na C�mara, majoritariamente contr�ria a Dilma, e eleja o Senado como a inst�ncia que dar� a palavra final sobre o afastamento da presidente. � naquela Casa que ela ainda tem maioria mais folgada, com o respaldo de Renan.
Ao mesmo tempo, o Planalto faz v�rias articula��es para derrotar o grupo de Cunha e isolar Temer. Em conversas reservadas, petistas dizem que at� Renan tem ajudado a conseguir votos para reconduzir Picciani, um aliado de Dilma, � lideran�a do PMDB na C�mara, na tentativa de evitar o impeachment. Renan tamb�m � investigado na Lava-Jato, mas o Supremo n�o aceitou o pedido do Minist�rio P�blico para que seu nome fosse envolvido na a��o de ter�a-feira.