Bras�lia – Ap�s passar o ano em um “inferno astral”, imersa na pior crise econ�mica das �ltimas duas d�cadas e pressionada politicamente, a presidente Dilma Rousseff n�o conseguir� descanso nem no fim do ano. Pela primeira vez desde que assumiu o Planalto, em 2011, a petista n�o vai tirar folga em dezembro, como fez nos �ltimos anos, e na segunda-feira j� estar� de volta a Bras�lia para se reunir com a equipe. O objetivo � apresentar medidas econ�micas no in�cio do ano que vem, ap�s a troca de ministros da Fazenda, de onde saiu Joaquim Levy para dar lugar a Nelson Barbosa, e do Planejamento, assumido por Valdir Sim�o. Especialistas analisam que tirar folga poderia aliviar a tens�o � qual a presidente acabou exposta neste ano.
Dilma viajou na quarta-feira para Porto Alegre para passar o Natal com a fam�lia. A filha da presidente, Paula Rousseff, est� gr�vida do segundo filho, que deve nascer nos pr�ximos dias.
Nos anos anteriores, Dilma costumava aproveitar a folga do Natal para descansar at� os primeiros dias de janeiro. Desde que assumiu o governo, Dilma tira alguns dias de f�rias no fim do ano, em Aratu, na Bahia. Em 2011, a presidente viajou � Praia de Inema, na base a�rea, e ficou do dia 26 at� 8 de janeiro. Nos outros, repetiu o comportamento. Em 2013, em 2 de janeiro, Dilma chegou a ser alvo de protesto de quilombolas. No mesmo ano, ela teve de interromper o descanso por um dia para visitar a cidade de Governador Valadares (MG), que havia sido inundada.
Os ex-presidentes Luiz In�cio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso tamb�m tinham o costume de tirar f�rias no mesmo per�odo. Lula tamb�m costumava ir a Aratu. Em 2010, o ex-presidente chegou a ser fotografado levando um isopor na cabe�a em uma das praias do local. Diferentemente de Dilma, que todo ano vai a Aratu, Lula variou um pouco mais seus destinos. Ele chegou a visitar Fernando de Noronha e o Guaruj�. J� FHC n�o passava o descanso em Aratu. Mas fazia quest�o de tir�-lo e o fez mesmo em meio a uma reforma, em 1999, quando foi a Praia do Saco, em Sergipe.
DESCANSO ESSENCIAL Para a diretora de �tica e Defesa Profissional da Associa��o Nacional de Medicina do Trabalho, Rosylane Rocha, as f�rias proporcionam um escape para o estresse e tens�o provocados pelo trabalho. Rosylane destaca o car�ter revigorante do descanso. “� como se neste per�odo houvesse uma recarga de energia para retornar com vigor para uma nova fase de alta produtividade”, diz. A m�dica do trabalho tamb�m ressalta que tentar solucionar um problema, abrindo m�o das f�rias pode ser prejudicial, com desgaste f�sico e emocional. “Muitas vezes, a aten��o e o racioc�nio ficam por demais comprometidos, a ponto de n�o se obter �xito em tratativas e planejamentos de crise. Nesse sentido, sempre que poss�vel, � desej�vel se afastar por um tempo para descansar a mente.”
No caso da decis�o da presidente Dilma de abrir m�o das f�rias, Rosylane entende a necessidade de trabalho da petista, mas diz que reduzir a tens�o poderia evitar maiores desgastes. “Por se tratar de chefe de Estado, suas f�rias n�o s�o f�rias em ess�ncia, tendo em vista que deve ser interpelada a todo momento por seus assessores e demais autoridades para assuntos urgentes de interesse da na��o. Ainda assim, diminuir a agenda presidencial j� aliviaria a tens�o e seria importante para se recuperar um pouco do cansa�o f�sico e mental. A decis�o de abrir m�o das f�rias, na situa��o de grave crise, pode ser a �nica medida poss�vel para evitar maiores desgastes e piorar a tens�o”, avalia.
Mem�ria
Protesto, descanso e isopor na cabe�a
Durante o primeiro mandato, a presidente Dilma Rousseff manteve o destino das f�rias: a praia de Inema, na Base Naval de Aratu (BA). No �ltimo ano, teve apenas cinco dias de descanso. Um dos motivos do retorno � capital federal foi a cerim�nia de posse, em 1º de janeiro, no Pal�cio do Planalto. No mesmo per�odo, ela lidava com o ajuste fiscal e com a imin�ncia da instaura��o da CPI da Petrobras. Em 2013, a presidente interrompeu o descanso para visitar Governador Valadares (MG), inundada por enchentes, e retornou no mesmo dia para a praia. No ano anterior, enfrentou um protesto em frente � Base Naval de Aratu, organizado pela comunidade quilombola local que denunciava supostos atos de viol�ncia da Marinha contra a comunidade. O local tamb�m foi cen�rio das f�rias do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, onde chegou a ser visto com um isopor na cabe�a no �ltimo ano do mandato. Ele tamb�m visitou Fernando de Noronha (PE) e o Guaruj�, no litoral de S�o Paulo. Em janeiro de 2006, durante a repercuss�o do mensal�o, denunciado em julho de 2005, o ent�o presidente encurtou as suas f�rias de fim de ano na base naval. No mesmo per�odo, o pa�s enfrentava a crise do Fundo Monet�rio Internacional (FMI), outra grande pol�mica do governo Lula. J� o antecessor, Fernando Henrique Cardoso, viajou em janeiro de 1999 para a Praia do Saco (SE), pr�xima a Aracaju, onde passou seis dias, enquanto uma crise financeira se desenrolava. As f�rias foram vistas como uma tentativa de mostrar tranquilidade e evitar o p�nico no mercado financeiro. Nesse per�odo, a substitui��o do ent�o presidente do Banco Central (BC), Gustavo Franco, pelo diretor de pol�tica monet�ria do BC, Francisco Lopes, provocou instabilidade na confian�a dos investidores. Tamb�m estava pendente o pedido de morat�ria – prorroga��o do pagamento da d�vida – do ent�o governador de Minas Gerais, Itamar Franco. Somado a isso, o Congresso trabalhava em uma convoca��o extraordin�ria em vota��es de ajuste fiscal.