O entregador de propinas Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Cear�, disse que era cobrado pelos deputados destinat�rios de valores il�citos do esquema Lava-Jato. "Cad� o resto?", perguntavam os parlamentares ao receberem sacolas de dinheiro vivo, segundo o Termo de Colabora��o n�mero 5 de Cear� perante a Procuradoria-Geral da Rep�blica.
O delator fez dezenove depoimentos entre os dias 29 de junho e 2 de julho de 2015. Tudo o que ele disse faz parte dos autos da Opera��o Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, inst�ncia competente para investigar pol�ticos com foro privilegiado, deputados e senadores.
Cear� contou que retirava os valores em esp�cie no escrit�rio de Youssef, em S�o Paulo, na Avenida S�o Gabriel. Em Bras�lia, ia ao encontro dos deputados. As entregas, disse, ocorreram em 2010 ano de elei��es. "Foi umas quatro vezes nesse apartamento funcional entregar dinheiro em esp�cie. Nessas oportunidades transportava R$ 300 mil."
Ele disse que 'transportava o dinheiro no corpo, usando meias de futebol e cal�as pr�prias, mais folgadas, cal�as de trabalho'.
"Ao chegar ao apartamento, ia ao banheiro para retirar o dinheiro das pernas, que estava embalado em filmes pl�sticos, retornava com uma sacola de dinheiro e apresentava a todos que estavam � espera, na sala do apartamento. Os deputados federais recebiam o declarante e pegavam o dinheiro. O declarante n�o sabia como eles dividiam os valores. Os deputados federais sempre perguntavam para o depoente: 'Cad� o resto?'. O depoente apenas respondia que aquela era a quantia que ele estava transportando."
Os pol�ticos citados na dela��o de Carlos Alexandre de Souza, o Cear�, negam recebimento de propinas no esquema desmontado na Opera��o Lava-Jato.
O ex-ministro do governo Dilma Rousseff (Cidades) M�rio Negromonte disse � reportagem que os delatores Alberto Youssef e Cear� fazem 'jogo farsante' para atingi-lo.
Os ex-deputados Pedro Corr�a (PP/PE) e Luiz Argolo (SD/BA) est�o presos em Curitiba, base da miss�o Lava-Jato, condenados pelo juiz federal S�rgio Moro por crimes de corrup��o e lavagem de dinheiro. Eles negam terem sido beneficiados pelo esquema de cartel e fraudes instalado na Petrobr�s entre 2004 e 2014.
O ex-deputado Jo�o Pizzolatti (PP/SC) diz que est� '� disposi��o das autoridades' para esclarecer todos os fatos.
O deputado Nelson Meurer (PP/PR) tem reiterado que n�o recebeu propinas.