Bras�lia - Mensagens trocadas entre o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o empreiteiro L�o Pinheiro, da OAS, indicam que os dois atuaram em favor dos interesses do prefeito de S�o Paulo, Fernando Haddad (PT), na vota��o do projeto de rolagem da d�vida da cidade. As conversas apareceram em meio �s investiga��es da Opera��o Lava Jato sobre o esquema de corrup��o na Petrobras.
O material faz parte de um conjunto de centenas de mensagens trocadas pelo empreiteiro e o presidente da C�mara, analisadas pela Procuradoria-Geral da Rep�blica. O prefeito � citado nominalmente tanto por Cunha quanto por Pinheiro. J� condenado a 16 anos de reclus�o por crimes como forma��o de quadrilha e corrup��o ativa, o empreiteiro demonstra atuar como ponte entre Haddad e Cunha.
A aprova��o do projeto de rolagem da d�vida dos Estados e dos munic�pios aconteceu no segundo semestre de 2013, logo ap�s a s�rie de protestos por melhores servi�os p�blicos. A Prefeitura de S�o Paulo enfrentava enormes problemas financeiros e o prefeito Fernando Haddad viu-se obrigado a cancelar o aumento da passagem de �nibus no momento em que precisava melhorar o caixa do munic�pio.
Na ocasi�o, Cunha era l�der do PMDB na C�mara e atuou como relator do projeto de lei complementar da rolagem da d�vida na Comiss�o de Finan�as e Tributa��o. Segundo os procuradores da Lava Jato, a primeira conversa com Pinheiro sobre Haddad se d� em 12 de agosto de 2013. O empreiteiro e o deputado claramente trocam detalhes sobre o texto da proposta.
Pinheiro trata o prefeito por "Fernando"
"Ainda hoje mando o texto que combinamos. A minuta do Fernando voc� me manda", diz Pinheiro. Por um momento, o deputado demonstra desconhecer a quem exatamente o empreiteiro se referia e questiona: "Qual do Fernando?" O empreiteiro ressalta: "Haddad".
Em outra mensagem, de 28 de agosto, Cunha pede a Pinheiro que oriente o prefeito a falar com o ent�o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que no come�o da tramita��o da proposta havia se posicionado contra o pleito do prefeito. "Agora tem de por Haddad para falar com Mantega", diz o peemedebista.
As negocia��es se arrastaram pelo m�s de setembro. Ao fim, em 23 de outubro, a proposta de interesse de Haddad passou na C�mara. Al�m da renegocia��o da d�vida, a PGR aponta a atua��o de Cunha em favor da OAS em ao menos 11 medidas provis�rias, em troca de "vantagens indevidas", especialmente doa��es eleitorais para o pr�prio deputado e seus aliados. Documentos da investiga��o dizem que empreiteiras chegavam a redigir os projetos.
Defesa
O prefeito Fernando Haddad recha�ou ter havido qualquer irregularidade nas negocia��es para a aprova��o do projeto da rolagem da d�vida dos Estados e dos munic�pios.
Ele disse que chegou ao empreiteiro L�o Pinheiro por interm�dio da Associa��o Paulista de Empres�rios de Obras P�blicas (Apeop), entidade que integra o Conselho da Cidade, composto lideran�as pol�ticas, empresariais e de entidade de classe.
"O pessoal da Apeop me falou que o L�o Pinheiro era uma pessoa que gozava da confian�a do Eduardo Cunha, relator da proposta", disse Haddad. O prefeito tamb�m detalhou que se encontrou com Pinheiro na Apeop num evento. "Eu falei: 'L�o, estou sabendo que voc� tem uma amizade com o Eduardo. Fa�a chegar a ele uma emenda sem a qual o projeto se for aprovado n�o vai resolver o problema dos munic�pios'".
Haddad disse que falou tamb�m com Eduardo Cunha. Ele ressaltou que fez "uma grande mobiliza��o" com v�rias lideran�as da cidade para aprovar a lei.