
Documento apreendido no gabinete do senador Delc�dio Amaral (PT/MS), ex-l�der do governo no Senado, atribui ao ex-diretor da �rea Internacional da Petrobras Nestor Cerver� a revela��o de que o ministro-chefe da Casa Civil do governo Dilma, Jaques Wagner (PT), recebeu "um grande aporte de recursos" para sua campanha ao governo da Bahia em 2006.
De acordo com Cerver�, o dinheiro teria sido desviado da Petrobras e "dirigido" pelo ent�o presidente da estatal, Jos� S�rgio Gabrielli. Wagner foi eleito governador baiano naquele ano e reeleito em 2010. Em outubro de 2015, assumiu a chefia da Casa Civil de Dilma, deixando o Minist�rio da Defesa.
O documento � um resumo das informa��es que Cerver� prestou � Procuradoria-Geral da Rep�blica antes de fechar seu acordo de dela��o premiada. Segundo o jornal Valor Econ�mico, os pap�is foram apreendidos no dia 25 de novembro, quando Delc�dio foi preso sob acusa��o de tramar contra a Opera��o Lava Jato. O senador, que continua detido em Bras�lia, temia a dela��o de Cerver�.
Os investigadores querem saber como o petista teve acesso ao conte�do da colabora��o do ex-diretor da Petrobras. Em sua dela��o, Cerver� falou de Delc�dio e tamb�m do ministro da Casa Civil.
"Na campanha para o governo do Estado da Bahia, em 2006, houve um grande aporte de recursos para o candidato do PT, Jaques Wagner, dirigida por Gabrielli. Nessa �poca, o presidente Gabrielli decidiu realocar a parte operacional da parte financeira para Salvador, sem haver nenhuma justificativa, pois havia espa�o para referida �rea no Rio de Janeiro", informou o ex-diretor. "Para tanto, foi constru�do um grande pr�dio em Salvador, onde atualmente � o setor financeiro da Petrobras."
Ouvido pela reportagem, o ex-presidente da Petrobras afirmou categoricamente. "Nunca soube de utiliza��o de recursos ilegais dos fornecedores da Petrobras para a campanha do governador Jaques Wagner em 2006 ou em 2010."
Cerver� relatou como teve conhecimento da quest�o. Segundo ele, "tal fato era de conhecimento not�rio de todos os diretores da Petrobras". O ex-diretor disse que n�o sabe qual foi a empreiteira que construiu o pr�dio da estatal, "sendo que muito provavelmente foi essa construtora que fez a doa��o para a campanha de Jaques Wagner".
"As informa��es sobre o dinheiro enviado para a campanha de Jaques Wagner em 2006 foram da Ouvidoria Geral Maria Augusta (falecida) e de Armando Tripodi, que foi chefe de gabinete de Gabrielli e do qual me tornei amigo". Maria Augusta Carneiro Ribeiro morreu em 2009 ap�s um acidente de carro no Rio.
As assessorias de Jaques Wagner e da Petrobras ainda n�o retornaram ao contato da reportagem para comentar o caso.
Em nota, Gabrielli se defendeu. "Repudio, mais uma vez, o m�todo utilizado para obten��o e o conte�do das acusa��es levantadas atrav�s de vazamentos seletivos de dela��es premiadas. Em primeiro lugar, o trecho citado no vazamento da dela��o, de posse do jornal e sem que eu tenha tido acesso a ela, fala de pessoas j� falecidas", afirmou.
Gabrielli diz, ainda, que "n�o h� uma acusa��o expl�cita, at� pelo pr�prio delator, segundo a parte do material a que o jornal se refere, sobre minha participa��o direta nos pretensos fatos delatados". Ela afirma que "nunca soube de utiliza��o de recursos ilegais dos fornecedores da Petrobras para a campanha do governador Jaques Wagner em 2006 ou em 2010".