S�o Paulo - A Opera��o Lava-Jato analisa registros de doa��es eleitorais e contribui��es partid�rias da OAS encontrados nas buscas e apreens�es feitas pela Pol�cia Federal nos endere�os da empresa - uma das l�deres do cartel que fatiava obras na Petrobras e em outras �reas do governo, corrompendo pol�ticos e agentes p�blicos.
A PF destacou em an�lise de material apreendido, anexado no final de 2015 ao inqu�rito que apura o envolvimento de executivos da OAS no esquema da Petrobras, o registro de doa��o para o Instituto Lula - do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva - sem valores especificados. O controle de supostos pagamentos para o instituto est� na mesma tabela de doa��es que eram lan�adas na contabilidade interna em uma planilha denominada "Adi��o". Uma f�rmula associada � conta em que aparece a refer�ncia ao instituto est� sob an�lise.
S�o arquivos recuperados do computador de um executivo da OAS, Alexandre Portela. Nesses e-mails, foram encontrados documentos contendo v�rias planilhas. H� ainda uma mesma planilha referente a 2014.
A planilha "apresenta a conta 5220421 - Contribui��es para partidos pol�ticos no valor de R$ 500 mil". Os investigadores destacam que h� uma "nota denominada NOTA-DOA��ES em que deve-se: Controlar essa conta para n�o ultrapassar o limite de 2% do Lucro Operacional, antes da dedu��o das DOA��ES". Com um lucro operacional de R$ 58,8 milh�es, o valor de 2% � de R$ 1,17 milh�o.
A Lava-Jato sabe que al�m de doa��es de campanhas e partid�rias, consultorias e repasses a entidades foram usados para ocultar valores desviados de contratos da Petrobras. O ex-presidente da OAS Jos� Aldem�rio Pinheiro Filho, o L�o Pinheiro - que chegou a ser preso em novembro de 2014 e depois foi solto em abril de 2015 - era o principal contato de pol�ticos nessa suposta triangula��o. Entre os contatos do empreiteiro est�o o ex-presidente Lula e o atual chefe da Casa Civil, Jaques Wagner. Ambos negam rela��es il�citas.
O objetivo n�o � usar os documentos para chegar ao montante doado para as legendas e campanhas, mas sim entender a sistem�tica de oculta��o interna dos valores de propina pagos por empreiteiras do cartel. Dois delatores auxiliam a Lava-Jato a decifrar essa engenharia financeira da OAS: o doleiro Alberto Youssef - que afirmou cuidar do caixa 2 da empreiteira - e o advogado Roberto Trombeta - que confessou fornecer notas por falsos servi�os para empresas.
N�o h� nenhuma men��o nas planilhas encontradas na empreiteira a um suposto caixa 2 ou pagamento de propinas. A descoberta de como os valores da corrup��o eram lan�ados nos or�amentos ajudar� a apontar que os pre�os de contratos eram majorados, por conta do esquema, acredita a for�a-tarefa. O material auxiliar� na responsabiliza��o aos partidos, buscada pela for�a-tarefa neste ano.
Doa��es
Analisando a caixa de mensagens do computador de Portela, a PF identificou o registro de algumas doa��es partid�rias e eleitorais lan�adas na declara��o de imposto de renda da empresa. Na Declara��o de Imposto de Rende Pessoa Jur�dica de 2014 da Construtora OAS - um dos bra�os do Grupo OAS -, por exemplo h� pelos menos 11 doa��es, a maior delas para o Diret�rio Nacional do PT no valor de R$ 7,07 milh�es. O Diret�rio Regional de S�o Paulo recebeu outros R$ 500 mil, segundo o documento.
O segundo maior partido a receber foi o PSDB. O Diret�rio Nacional tucano tem uma doa��o de R$ 3,78 milh�es registrada nessa contabilidade. O Diret�rio Regional de S�o Paulo do partido recebeu R$ 1,24 milh�o. DEM e PSD tamb�m receberam doa��es.
Os valores n�o representam o total doado pela OAS em 2014. A empreiteira repassou o montante de R$ 82,8 milh�es na disputa eleitoral. Foi a 3ª maior contribuinte das campanhas, atr�s apenas do Grupo JBS e da Andrade Gutierrez, tamb�m investigadas pela Lava-Jato. O levantamento � do Estad�o Dados. Do total de doa��es da OAS naquele ano, o PT foi quem mais recebeu (R$ 25,7 milh�es), o PSDB foi o segundo (R$ 16,6 milh�es), seguidos pelo PMDB (R$ 14,7 milh�es).
Campanha municipal
A PF tamb�m listou registros encontrados de doa��es para a campanha municipal de 2012 da Declara��o de Imposto de Renda Pessoa Jur�dica 2012. O representante � o ex-presidente L�o Pinheiro. O respons�vel pelo preenchimento do documento � o executivo Gustavo Amorin de Almeida. A PF destaca que "h� dados sobre doa��es" para diret�rios regionais do PT, PSDB, PMDB e PCdoB.
Defesas
A OAS n�o respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem. O Instituto Lula, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que n�o comentaria o caso. O ex-presidente, em outras ocasi�es, negou qualquer irregularidade nos recebimentos do instituto.
O PT disse, em nota, que "todas as doa��es recebidas pelo partido foram feitas estritamente dentro das normas legais e posteriormente declaradas � Justi�a".
O PMDB informou que "todas contribui��es de campanha" s�o feitas "de forma volunt�ria". “N�o h� nenhuma rela��o com propina e n�o s�o feitos como contrapartida a qualquer a��o ilegal. Todos recursos arrecadados foram obtidos de forma l�cita, seguindo as orienta��es da Justi�a Eleitoral", diz a legenda por meio de nota
O PSDB tamb�m emitiu nota dizendo que "apoia as investiga��es da Lava-Jato desde o in�cio". O partido "defende que o trabalho das institui��es p�blicas brasileiras avance para os esclarecimentos necess�rios. Ao mesmo tempo, � importante n�o permitir que atos ocorridos dentro da lei possam ser confundidos com o pagamento de propinas no governo do PT", diz o texto. O PSDB afirma que todas as doa��es est�o "identificadas na presta��o de contas do partido junto � Justi�a Eleitoral e seguiram as normas".