Os di�logos entre Jos� Adelm�rio Pinheiro Filho, o L�o Pinheiro, ex-presidente da OAS, e o ex-ministro da Previd�ncia Social Carlos Gabas apreendidos pelos investigadores da Opera��o Lava Jato mostram que a rela��o dos dois come�ou antes de o atual secret�rio especial de Previd�ncia Social intermediar neg�cios da empreiteira com o governo do Distrito Federal, em 2014. Dois anos antes, os dois trataram de um terreno em Salvador, local do camarote de um dos mais tradicionais blocos do carnaval baiano, o Il� Aiy�.
Documentos sigilosos da Lava Jato obtidos pelo jornal "O Estado de S. Paulo" mostram mensagem enviada por Pinheiro a Gabas em 11 de setembro daquele ano. O nome do bloco � grafado incorretamente na mensagem. "Precisamos conversar. Queria lhe falar tb sobre um terreno do INSS, que no carnaval � o Camarote do Yl� Ay� em Salvador, perto da P�a Castro Alves.", diz Pinheiro a Gabas.
Quinze dias depois, L�o Pinheiro envia mensagem a Rodolpho Tourinho, ex-ministro de Minas e Energia do governo Fernando Henrique e ex-diretor da OAS, que morreu no ano passado. "Rodolpho, Preciso lhe falar sobre uma reuni�o com Dr Gabas (Secretario Executivo do Minist�rio da Previd�ncia) e uma posterior com o Dr Nelson Barbosa, que seria coordenada pelo Gabas. Assunto: Desonera��o da Folha de pagamento. qdo puder me liga. Abs. L�o", diz a mensagem, que cita o atual ministro da Fazenda. Na �poca, Barbosa era secret�rio-executivo da pasta.
O jornal revelou nesta quinta-feira, 14, que Gabas intermediou neg�cios da empreiteira com o governo do Distrito Federal em 2014, �poca em que era comandado por Agnelo Queiroz (PT).
Investigadores afirmam que "sobre Gabas, destaca-se que h� trocas de mensagens ao menos desde junho de 2012, sendo um contato de pessoas vinculadas a empresas do grupo OAS com neg�cios relacionados ao governo".
Atual secret�rio especial de Previd�ncia Social, Gabas � pr�ximo � presidente Dilma Rousseff. Em 2013, ele levou a petista para passear de moto em sua garupa. Ele comandou o Minist�rio da Previd�ncia de janeiro a outubro de 2015, quando a pasta foi fundida com a do Trabalho. Gabas nega qualquer envolvimento com a Lava Jato.
As conversas envolvendo Gabas ocorreram entre 2012 e 2014, quando ele era secret�rio executivo do Minist�rio da Previd�ncia. Elas foram obtidas pelos investigadores em Curitiba e remetidas � Procuradoria-Geral da Rep�blica no ano passado por haver men��o ao nome de Gabas. At� o momento, n�o h� inqu�rito que investigue o envolvimento do ex-ministro na Lava Jato.
Outro lado
Gabas disse n�o se recordar da conversa sobre o terreno do INSS na Bahia, mas afirmou que se desfez de terrenos da Previd�ncia atrav�s de leil�o. "Teve um interesse muito grande em terrenos da Previd�ncia e todos os que n�s desfizemos foram atrav�s de leil�o e � descentralizado, a gerente que faz. N�s fizemos um grande processo de desmobiliza��o", disse Gabas. "Pode ser que o L�o tenha me perguntado, eu n�o me lembro o que eu respondi", completou o ex-ministro. "Se foi feito, foi feito por Salvador."
Gabas afirmou que n�o representa a OAS e que seu prop�sito era "ajudar o DF e o governo do DF". "N�o estou na Lava Jato, n�o tenho nada a ver com a OAS nem com nenhuma construtora. N�o defendo e nunca defendi interesse deles e tampouco recebi qualquer centavo deles. Posso garantir com tranquilidade que jamais isso aconteceu e � poss�vel, claro, se esclarecer e provar o que estou dizendo", disse o secret�rio especial.
Gabas reconheceu mensagens enviadas e recebidas por ele. Ele ressaltou que participou de reuni�es por integrar, desde 2010, o conselho de administra��o da Novacap, estatal do Distrito Federal respons�vel pela execu��o de obras. "N�o era representante da OAS, representante de ningu�m. Ajudava o DF. (Nas) horas vagas, n�o no meu hor�rio de trabalho, (participava de) reuni�es que eu pudesse colaborar at� dentro do conselho onde eu atuava, na Novacap", disse o secret�rio. Gabas disse ainda que pediu afastamento do conselho no final do ano passado.
Ele admitiu ser autor das mensagens atribu�das a ele e disse que conheceu L�o Pinheiro, ex-presidente da empreiteira, no anivers�rio de um amigo em comum. "N�o tive muitos contatos com ele. Encontrava socialmente", afirmou.
Em nota, a OAS informou que "a empresa n�o tem nada a comentar a respeito". O ex-vice-governador do DF Tadeu Filipelli disse que n�o ir� se manifestar por desconhecer o teor das mensagens. O advogado Paulo Guimar�es, respons�vel por defender Agnelo Queiroz, afirmou que o ex-governador s� ir� se pronunciar quando tiver acesso ao inteiro teor das mensagens.