S�o Paulo - O ex-diretor da �rea Internacional da Petrobras Nestor Cerver� citou o senador Fernando Collor (PTB-AL) em suas declara��es � Procuradoria-Geral da Rep�blica, preliminares ao acerto de colabora��o premiada que firmou na Opera��o Lava Jato. Segundo o delator, "o neg�cio do Collor � dinheiro, ela n�o arrecada para partido, mas para ele mesmo."
No documento entregue ao Minist�rio P�blico Federal, o delator afirmou que estudou com Collor no Rio e "sabe que o mesmo � rico de fam�lia e muito esbanjador".
O delator citou o ex-ministro do governo Collor Pedro Paulo Leoni Ramos, apontado pelos investigadores da Lava Jato como operador de propinas do senador. "Soube atrav�s de Pedro Paulo Ramos, que foi paga propina e que foi repassado para Collor, pelo pr�prio Pedro Paulo Ramos, mas n�o sabe precisar o valor correto. Mas em certa oportunidade, Pedro Paulo Ramos mostrou uma tabela de valores mensais para Fernando Collor, que chegava, na margem de milh�es de reais", afirmou.
Collor j� foi denunciado pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela suposta pr�tica de corrup��o e lavagem de dinheiro na Lava Jato. O senador tamb�m � alvo de outros dois inqu�ritos sobre o tema.
O delator declarou ao Minist�rio P�blico Federal que j� esteve na Casa da Dinda, resid�ncia do senador, em Bras�lia. "O lugar � nababesco." Cerver� foi diretor de Internacional da Petrobras entre 2003 e 2008. Ap�s ser exonerado do cargo, assumiu a diretoria financeira da BR Distribuidora, subsidi�ria da estatal, onde ficou at� 2014.
O nome de Collor foi citado pelo ex-diretor da Petrobras em um documento intitulado "Assunto: Constru��o de bases da UTC". Segundo Cerver�, durante o per�odo em que ele estava na BR Distribuidora - onde ocupou o cargo de diretor financeiro - , foram "realizadas licita��es (todas direcionadas) para a UTC construir bases de tancagem e armazenamento para a subsidi�ria". O delator afirmou que todas foram aprovadas por todas as diretorias da BR Distribuidora.
"Assim, aprovadas as constru��es, foram realizadas licita��es, sendo que a UTC restou como ganhadora e construiu as bases de Porto Nacional/TO, base do Acre e uma reforma de outra base da qual n�o se recorda o nome. A diretoria respons�vel pela constru��o das bases era a diretoria de Engenharia e Servi�os, cujo diretor era Jos� Zonis, indicado pelo senador Fernando Collor", diz o delator na sua declara��o.
� Procuradoria, Cerver� relatou que participou da aprova��o e dos pagamentos das bases, cujo or�amento era na casa de R$ 500 milh�es, mas n�o recebeu nenhuma propina. De acordo com o delator, neste caso, a propina n�o foi compartilhada com todas as diretorias.
"Somente recebeu a diretoria de Engenharia e Servi�os, que repassou a propina ao senador Fernando Collor. Em outras situa��es que ser�o apresentadas no futura, a propina foi compartilhada", sustentou.
"Zonis em outras oportunidades comentou que Collor sempre cobrava propina dos neg�cios relacionados a diretoria dele, sendo que inclusive Zonis foi substitu�do por Vilson por determina��o de Collor, j� que n�o atendeu a todas as demandas do senador", disse.
No cap�tulo "Conhecimento do fato", registrado pela Procuradoria, Cerver� reiterou. "A UTC deve ter o registro do pagamento para Pedro Paulo, que repassava para Collor. (...) Collor tinha grande influ�ncia na BR, pois havia indicado o presidente Lima e tinha as diretorias de Servi�os e rede de postos."
Um dos delatores da Lava Jato, Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, disse que repassou a Collor R$ 20 milh�es para conseguir obras de infraestrutura na BR licitadas na gest�o do presidente Jos� Lima de Andrade Neto.
Defesas
"O vazamento parcial de declara��es atribu�das a Nestor Cerver� � ilegal e busca covardemente verificar alvos escolhidos junto � opini�o p�blica. O senador Fernando Collor n�o teve qualquer participa��o ou inger�ncia em processos internos e licita��es realizadas pela BR Distribuidora, bem como jamais recebeu recursos il�citos da UTC, nem diretamente nem por interposta pessoa", disse a defesa de Collor.
A reportagem n�o conseguiu localizar o ex-presidente da BR Distribuidora Jos� Lima de Andrade Neto e o executivo Jos� Zonis.