Em interrogat�rio na Justi�a Federal do Paran�, o lobista Milton Pascowitch, um dos delatores da Opera��o Lava-Jato, afirmou que entregou propinas em "uma malinha de rodinha" ao ex-tesoureiro Jo�o Vaccari Neto, no Diret�rio Nacional do PT, em S�o Paulo.
"(As entregas), fazia atrav�s de uma malinha que eu tenho, com rodinha. R$ 500 mil cabia. (Entregava) dentro do diret�rio nacional do PT, na sala dele", declarou. Pascowitch contou que, no fim de 2009, foi apresentado a Jo�o Vaccari pelo ent�o diretor de Servi�os da Petrobras Renato Duque.
Segundo o delator, nesta �poca, se deu a assinatura do contrato de US$ 3 bilh�es dos cascos replicantes da Engevix com a estatal. O lobista afirmou que naquele ano o grupo pol�tico influente no setor n�o era mais representado por Dirceu, "apesar de poder indiretamente ter participa��o, mas n�o � de meu conhecimento".
Pascowitch disse que o grupo passou a ser representado por Jo�o Vaccari. "A liquida��o das comiss�es do contrato dos cascos se deu exclusivamente com o Jo�o Vaccari", relatou. "Isso coincide com as elei��es de 2010 e com a necessidade de recursos na data zero. O contrato dos cascos se desenvolveria em sete anos. Foi feito um acordo e se diminuiu esse porcentual para que ele pudesse ser liquidado durante o ano de 2010. N�o foi bem assim, porque ultrapassou, passou 2011 tamb�m. Mas foi fechado um valor de R$ 14 milh�es como comiss�es a serem pagas em refer�ncia ao contrato dos cascos."
No depoimento, Pascowitch declarou que os valores da propina seriam repassados "conforme a disponibilidade ou mais ou menos o faturamento do contrato dos cascos". De acordo com o lobista, foram feitas, "contribui��es pol�ticas da Engevix no montante de R$ 4 milh�es. Os R$ 10 milh�es restantes foram repassados em dinheiro entre o fim de 2009 e o meio de 2011".
"Essas doa��es eleitorais eram abatidas do montante da propina", sustentou. Em sua dela��o premiada, Milton Pascowitch declarou que tamb�m intermediou propinas a Jos� Dirceu com dinheiro que ele tinha das empresas Hope Recursos Humanos e Personal. Nesta quarta-feira, 20, na Justi�a Federal, ele afirmou que recebia montantes de "R$ 700 mil, R$ 800 mil, mas que na m�dia era perto de R$ 600 mil", provenientes de "contratos de servi�os terceirizados no compartilhado da Petrobras".
"A Hope me pagava em S�o Paulo, na maioria das vezes, e muitas vezes eu sa�a do escrit�rio da Hope e ia entrar ao Jo�o Vaccari. Algumas vezes eu trazia at� um complemento desses valores que eu tinha no Rio de Janeiro", contou. "(Jo�o Vaccari) necessitava de recursos livres, de dinheiro, de pagamento em dinheiro. Eu fazia essa transfer�ncia para ele, ent�o, dos recursos que eu recebia, que n�o eram de minha propriedade, mas que seriam uma parte do Duque, uma parte do Fernando (Moura, lobista e tamb�m delator da Lava-Jato), uma parte do Jos� Dirceu. E depois me ressarcia em contratos espec�ficos junto ao grupo Engevix."
O juiz S�rgio Moro, que conduz as a��es da Lava-Jato na 1ª inst�ncia, questionou Pascowitch sobre a ci�ncia de um dos donos da Engevix acerca da propina paga a pol�ticos e dirigentes da Petrobras. "L�gico, sabia. Esse valor era sabido, eu informava ao G�rson que tinha entregue X mil reais para o Jo�o Vaccari, ele passava, ent�o, uma autoriza��o para o Cristiano Kok (outro dono da empreiteira) elaborar um contrato de presta��o de servi�os. O Jos� Adolfo, meu irm�o, sentava com o Cristiano Kok e assinava esses contratos e n�s �ramos ressarcidos desses valores pagos", relatou.
Segundo ele, esses contratos n�o estavam vinculados a nenhuma obra. "Eles t�m uma caracter�stica, que � a rubrica 4000, da Engevix, vinculada � vice-presid�ncia da empresa e tem escopos completamente diferentes da nossa atua��o e tem uma caracter�stica principal, que � a do pagamento � vista. Toda nossa remunera��o, por exemplo, Cacimbas, come�ou em 2007 e terminou em 2011. Nesse caso de reposi��o de valores pagos de propina, eles t�m vencimento � vista, eles sempre foram pagos em uma parcela s�", disse.
Para o criminalista Roberto Podval, que defende Dirceu, o depoimento do delator "foi confuso". Podval nega taxativamente que o ex-ministro tenha recebido recursos il�citos. O criminalista Luiz Fl�vio Borges D’Urso, que defende Jo�o Vaccari Neto, tem reiterado que o ex-tesoureiro do PT, jamais arrecadou valores il�citos para o partido. "Todas as capta��es foram absolutamente legais e repassados ao PT, com declara��o � Justi�a eleitoral", afirma D’Urso.
Procurado, o PT afirmou que todas as doa��es recebidas pelo partido foram realizadas estritamente dentro da legalidade e posteriormente declaradas � Justi�a.