Genebra - O Brasil registrou a maior piora no ranking internacional da corrup��o, compilado todos os anos pela Transpar�ncia Internacional. No informe publicado nesta ter�a-feira, 26, em Berlim, a ONG coloca o Pa�s em 76.º lugar em uma lista de 168 pa�ses - queda de sete posi��es em compara��o ao ano passado. Na escala que vai de zero (considerado o mais corrupto) a 100 (considerado o menos corrupto), o Brasil aparece com 38 pontos.
A classifica��o avalia a percep��o internacional da corrup��o a partir de sondagens colhidas por diferentes entidades. A Dinamarca �, segundo o ranking, o pa�s menos corrupto do mundo; Coreia do Norte e Som�lia s�o os piores casos.
O Brasil, segundo a pesquisa, est� empatado com Burkina Fasso e Z�mbia, abaixo de El Salvador e Bulg�ria e �frica do Sul. Com os 38 pontos de 100 poss�veis, o Pa�s ficou abaixo da m�dia de pontua��o do mundo ou das Am�ricas e perdeu cinco pontos em um ano.
Na avalia��o do diretor da Transpar�ncia Internacional para a Am�rica Latina, Alejandro Salas, a Opera��o Lava Jato, com as pris�es de executivos e pol�ticos, tem sido "ofuscada" pela falta de reformas reais no Pa�s. "A corrup��o sempre existiu no Brasil. Ela n�o � algo de cinco ou 20 anos", disse Salas � reportagem. "Mas a quest�o � como o Pa�s � hoje visto pelo mundo e a percep��o � muito negativa", afirmou o diretor da ONG.
"Dilma Rousseff venceu as elei��es, mas suas reformas propostas na campanha n�o avan�aram nem sequer um cent�metro e, enquanto n�o houver uma reforma pol�tica, o Brasil n�o vai avan�ar na percep��o internacional. Enquanto houver uma disputa pol�tica e o Brasil estiver paralisado nela, nada vai melhorar", declarou Salas.
Reforma
Para o representante da ONG, apenas punir os respons�veis pelo caso de corrup��o na Petrobras n�o � o que o mundo espera do Brasil. "Isso � importante e precisa continuar. Mas (o juiz S�rgio) Moro n�o � suficiente. N�o se pode solucionar o problema estrutural da corrup��o apenas com puni��es. Sem novas leis, o risco � de que, em cinco anos, veremos que uma nova m�fia vai tomar conta uma vez mais da Petrobr�s ou de outras entidades, como o BNDES, e v�o se apropriar uma vez mais das estatais."
Para Salas, uma reforma "mandaria um sinal forte ao mundo de que o Brasil est� disposto a mudar". "Hoje, n�o � o que vemos por parte da classe pol�tica", disse. O diretor da Transpar�ncia afirmou que o argumento do governo Dilma de que as investiga��es s� est�o ocorrendo por que ela deu condi��es � "artificial e inv�lido".
"O governo n�o est� fazendo mais que sua obriga��o e isso n�o � um favor a ningu�m. Em nenhum lugar do mundo o Executivo deve impedir ou criar obst�culos para a Justi�a."
A ONG cita o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), denunciado na Lava Jato. "O mundo se pergunta como Cunha pode ser um l�der diante das acusa��es que pesam sobre ele?", disse Salas. "O Pa�s n�o caiu no ranking por que se descobriu a corrup��o. Mas porque a briga pol�tica, a insist�ncia de pol�ticos em se manter no poder e a falta de reformas ofuscam o que as investiga��es est�o fazendo", afirmou.
Salas, por�m, v� pontos positivos no Brasil. "Ju�zes, parte da Pol�cia Federal, procuradores e o trabalho dos jornalistas t�m sido fundamental." "A corrup��o continua a ser uma praga. Mas (em 2015) pessoas de todo o mundo enviaram um sinal forte ao poder: chegou a hora de atacar a corrup��o", disse o presidente da ONG, Jos� Ugaz.