S�o Paulo - O Minist�rio P�blico Federal requereu nessa quinta-feira, 28, ao juiz S�rgio Moro, da Opera��o Lava-Jato, que ordene novo interrogat�rio do delator Fernando Moura, empres�rio ligado ao PT e amigo do ex-ministro da Casa Civil Jos� Dirceu. A Procuradoria alega "flagrante contradi��o" no depoimento que ele prestou na sexta-feira passada em rela��o a um trecho de sua colabora��o premiada, firmada em agosto do ano passado.
O pedido do Minist�rio P�blico Federal � subscrito por 11 procuradores da for�a-tarefa da Lava-Jato. Eles destacam "a prova falsa produzida por Fernando Moura em ju�zo". Ontem, Moura foi ouvido pelos procuradores e confessou "ter mentido" para Moro. Com isso, ele tenta salvar os benef�cios que poderia ter como colaborador da Lava-Jato. Os procuradores entregaram ao juiz o depoimento gravado do empres�rio.
Moura alegou que mentiu por ter se sentido v�tima de uma "amea�a velada". "Sa� do despachante, uma pessoa me abordou: Oi, tudo bem? Como est�o seus netos no Sul. Fiquei completamente transtornado", afirmou Moura, que chegou a cogitar mudar todo o seu depoimento, mas n�o citou nomes.
Diverg�ncias
O trecho dos relatos de Moura que irritou os procuradores � relativo ao motivo de sua sa�da do Pa�s, em 2005, supostamente por sugest�o de Dirceu - r�u e preso da Lava-Jato por corrup��o, lavagem de dinheiro e organiza��o criminosa. Na dela��o que firmou para se ver livre da pris�o, o empres�rio afirmou em agosto de 2015 que "resolveu se mudar para Paris ap�s receber a 'dica' de Jos� Dirceu para 'cair fora'".
Na sexta-feira, em audi�ncia no processo em que � r�u, Moura deu vers�o diferente. Moro perguntou: "O sr. mencionou que na �poca do mensal�o deixou o Pa�s por qual motivo?". O delator respondeu: "Eu deixei o pa… a� nessa declara��o, at� a� que depois que eu assinei que eu fui ler, eu disse que foi o Z� Dirceu que me orientou a isso. N�o foi esse o caso. Eu, eu sa�, porque saiu uma reportagem minha na Veja, em mar�o de 2005."
Moro lembrou ao empres�rio que, na dela��o, ele deu aquela vers�o, atribuindo a Dirceu a ideia de deixar o Pa�s. "Falei isso?", questionou Moura. "Falou", disse Moro. "Assinei isso?", perguntou o empres�rio, rindo. "Devem ter preenchido um pouquinho mais do que eu tinha falado. Mas, se eu falei, eu concordo." "N�o, n�o � assim que a coisa funciona", repreendeu Moro. "Se eu falo e depois � colocado no papel, eu nem leio. Eu at� pergunto para o advogado, '� isso aqui?'", afirmou.
Para investigar a contradi��o, os procuradores abriram "procedimento de apura��o de viola��o de acordo de colabora��o premiada". "Todos os fatos revelados por ocasi�o da colheita desses termos de colabora��o no dia 28 de agosto de 2015 s�o verdadeiros, ao contr�rio do que foi dito por ele em seu interrogat�rio judicial."
Para os procuradores, "a contradi��o entre as informa��es prestadas pelo colaborador no anexo de seu acordo com as declara��es que foram prestadas em ju�zo � evidente". Eles sugerem que Moura seja ouvido novamente hoje, mesmo dia do depoimento de Dirceu.