
"Vou reescrever minha hist�ria sem revanchismo", afirmou o senador a amigos. Delc�dio era l�der do governo at� o dia 25 de novembro, quando foi preso sob acusa��o de tentar obstruir as investiga��es da Opera��o Lava-Jato. "Quero virar essa p�gina", insistiu ele.
Nem mesmo a expuls�o do PT, tida como certa, e as restri��es impostas por Teori - como a obrigatoriedade de ficar em pris�o domiciliar � noite e nos dias de folga - desanimam Delc�dio. O que ele quer � manter o mandato e far� de tudo para isso. Como senador, Delc�dio tem foro privilegiado e seu processo penal tramita no Supremo. Se perder o foro, o caso ser� transferido para a Justi�a Federal do Paran�, onde est� o juiz S�rgio Moro, que responde pelas a��es da Lava-Jato.
"Tudo o que o senador deseja � se concentrar na sua defesa", comentou o advogado Maur�cio Silva Leite. "Ele n�o fez acordo de dela��o e isso nem teria cabimento porque tal instituto � incompat�vel com a atividade parlamentar e com a defesa no Conselho de �tica. Esta hip�tese � absurda", refor�ou o advogado Lu�s Henrique Machado, que tamb�m o defende.
Ren�ncia
O PT vai pressionar Delc�dio a renunciar � presid�ncia da Comiss�o de Assuntos Econ�micos (CAE), sob o argumento de que ele deve se concentrar na salva��o de seu mandato e no processo penal que enfrenta. Na pr�tica, por�m, o partido e o Pal�cio do Planalto n�o desejam no comando de uma das principais comiss�es do Senado um pol�tico sob julgamento, denunciado pela Procuradoria-Geral da Rep�blica.
Mais da metade da bancada do PT subscreveu na semana passada um pedido de substitui��o de Delc�dio por Gleisi Hoffmann (PR) na presid�ncia da CAE. Entretanto, os petistas agem com cautela porque temem que, apesar das negativas, ele ainda possa fazer dela��o premiada e piorar ainda mais a crise do partido e do governo.
Em fam�lia
Delc�dio passou o fim de semana com a mulher, Maika, duas de suas tr�s filhas e a m�e, Rosely, em Bras�lia. "O que eu mais quero � ficar quieto, com minha fam�lia", disse.
Abatido, rabiscou algumas linhas do pronunciamento que pretende fazer amanh� na tribuna do Senado, no qual dir� que foi v�tima de uma grava��o feita "sorrateiramente" por Bernardo Cerver�, filho do ex-diretor da Petrobr�s Nestor Cerver�. Esta tamb�m foi a linha da defesa apresentada ao Conselho de �tica, onde PPS e Rede pedem a cassa��o de seu mandato por quebra de decoro parlamentar.
Para o senador, Bernardo s� gravou o di�logo porque viu ali a chance de conseguir um acordo de dela��o premiada para o pai. Na manifesta��o enviada ao Conselho de �tica, Delc�dio disse que men��es feitas sobre sua influ�ncia pol�tica no Supremo n�o passaram de bravata.
A defesa de Delc�dio estuda ainda entrar com novo recurso ao Supremo pedindo explica��es sobre "detalhes" da decis�o de Teori, como a proibi��o imposta ao senador de conversar com outros investigados e a obrigatoriedade de recolhimento noturno. Na avalia��o de advogados, a decis�o pode prejudicar atos inerentes ao mandato, uma vez que o Senado abriga outros 13 parlamentares investigados na Lava Jato, entre os quais o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), e h� vota��es at� tarde da noite.