Bras�lia - O senador Delc�dio do Amaral (PT-MS) poupou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nas tratativas do acordo de dela��o premiada com a for�a-tarefa da Lava-Jato. Ministros do PT e uma ala do PMDB est�o convencidos de que Delc�dio tinha um acerto com Renan, pelo qual o presidente do Senado trabalharia para convencer os colegas a absolv�-lo no Conselho de �tica da Casa. Em troca, o senador n�o o citaria na dela��o sobre o esquema de corrup��o na Petrobras.
Tanto Renan como Delc�dio negam qualquer acordo. O senador petista desmente at� mesmo que tenha feito dela��o premiada, mas, de acordo com informa��es obtidas pelo jornal O Estado de S. Paulo, ele passou quadro dias depondo ao Minist�rio P�blico. No depoimento, ele atirou na dire��o da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e de parte do PMDB.
Avisados de que o teor da dela��o era explosivo, senadores do PMDB citados por Delc�dio se rebelaram. Renan, ent�o, avisou o ex-l�der do governo no Senado que seria dif�cil absolv�-lo no Conselho de �tica.
Depois desse alerta, Delc�dio tentou recuar, uma vez que a colabora��o n�o havia sido homologada. "Todo mundo que me conhece sabe que eu nunca chantageei nem ameacei ningu�m e n�o vou mudar depois de velho", afirmou ele, no dia 22 ao Estado. "Eu posso ser tudo, menos chantagista."
O problema � que o depoimento de Delc�dio foi vazado para a revista Isto�, provocando uma reviravolta no caso. Em conversas reservadas, dirigentes do PT avaliaram nesta quinta que o vazamento partiu do Minist�rio P�blico, para criar um fato consumado contra Lula, o partido e o governo.
"Est� claro que o senador Delc�dio queria que seus colegas o salvassem no Conselho de �tica sem saber o que ele estava dizendo", afirmou o ex-ministro da Justi�a Jos� Eduardo Cardozo, que nesta quinta assumiu a Advocacia-Geral da Uni�o (AGU). "Ele queria ludibriar a todos para n�o ser cassado e, ao mesmo tempo, se vingar dos que n�o o salvaram".
Cardozo disse que Delc�dio mandou emiss�rios procur�-lo em janeiro sob a alega��o de que, se o governo n�o agisse para sua soltura, envolveria a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o pr�prio ministro num esc�ndalo sem precedentes. "N�s nada fizemos nem poder�amos fazer", afirmou Cardozo. "Ainda hoje, quando foi informada sobre o teor das afirma��es de Delc�dio, a presidente disse: 'Nada disso para de p�'".
Press�o
Telm�rio declarou nesta quinta ao presidente do Senado que discordava da afirma��o feita por ele, na semana passada, de que o Conselho de �tica s� deveria julgar Delc�dio ap�s uma decis�o do Supremo Tribunal Federal sobre a den�ncia contra o petista.
"O Conselho de �tica n�o tem como inverter o processo e fazer um julgamento pol�tico sem saber o que acontece no processo judicial. � preciso conectar as coisas", argumentou Renan, na ocasi�o.
Apesar da defesa de Renan, Telm�rio deu sinais de que seu parecer ser� pelo recebimento da representa��o da Rede e do PPS, que pedem a perda de mandato de Delc�dio. Para Telm�rio, a dela��o premiada deve acelerar o processo de cassa��o do ex-l�der do governo. "Imagina, o cara se autoconfessa r�u", observou ele. Questionado se pode haver press�o para salvar Delc�dio, Telm�rio foi contundente: "N�o aceito esse tipo de press�o. N�o h� nada no mundo que me fa�a aceitar".
Viagem
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se ausentou nesta quinta do Congresso Nacional. Apesar de constar na sua agenda, uma sess�o plen�ria marcada para �s 16h, ele n�o compareceu. No fim da tarde, Renan viajou para Alagoas onde se encontraria com o vice-presidente Michel Temer.
Durante toda a semana, o presidente do Senado evitou comentar eventos pol�ticos alheios � Casa. Primeiro, pediu para n�o falar sobre a sa�da de Jos� Eduardo Cardozo do Minist�rio da Justi�a. Na noite de quarta-feira, 2, esquivou-se de comentar o julgamento do Supremo Tribunal Federal em que maioria dos ministros j� havia votado para tornar r�u o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Me inclua fora dessa, n�o me ponha nessa confus�o."