Bras�lia, 09 - Em depoimento prestado � Justi�a, o lobista Mauro Marcondes Machado, r�u de a��o penal que avalia suposto esquema de "compra" de medidas provis�rias para prorrogar benef�cios fiscais a montadoras de ve�culos, disse que encontrou no governo um ambiente favor�vel � concess�o dos incentivos � ind�stria. "N�o senti resist�ncia. Senti que havia uma vontade pol�tica", afirmou, durante oitiva nesta quarta-feira, 9, que durou mais de tr�s horas.
Na audi�ncia, o lobista do setor automotivo confirmou ter feito gest�es junto a autoridades p�blicas para aprovar as medidas provis�rias. Mas explicou que esse trabalho se limitou � explica��o de vantagens, no aspecto t�cnico, da prorroga��o dos incentivos. Ele disse que, no lobby pelas MPs, entregou ao ex-ministro Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete do ent�o presidente Luiz In�cio Lula da Silva, um estudo e dois pareceres de juristas.
"Tenho 56 anos de atividade p�blica. Nunca precisei corromper ningu�m. Nunca cometi um ato il�cito. Nunca um colaborador meu cometeu", sustentou.
O lobista, que est� preso desde outubro, relatou ter trabalhado pela aprova��o das MPs 471, de 2009, e 627, de 2013. Nos dois casos, informou, os servi�os prestados a montadoras se limitaram � contrata��o de estudos e a reuni�es com agentes p�blicos, entre eles o atual secret�rio-executivo do Minist�rio da Fazenda, Dyogo Oliveira, para demonstrar os impactos favor�veis da aprova��o dos incentivos.
Credibilidade
No caso da 627, ele disse ter contratado, para estudos, os servi�os do economista Bernard Appy, que integrou a equipe do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci na primeira gest�o Lula (2003-2006), ligado ao partido do governo. "Fiz quest�o de que fosse do PT, porque tinha mais credibilidade".
O lobista foi questionado sobre porque, numa planilha apreendida em seu escrit�rio, a ex-assessora da Casa Civil Lytha Sp�ndola e o ex-ministro Gilberto Carvalho s�o citados como colaboradores de projetos de sua empresa. Lytha tamb�m � r� da a��o penal, acusada de ter recebido propina em troca de ter feito gest�es em favor das montadoras. Ela nega. Gilberto Carvalho � investigado por suposto "conluio" com o lobista, mas n�o foi denunciado. Tamb�m refuta qualquer ter participado de qualquer ilegalidade.
O lobista disse que a planilha foi elaborada por uma bab� que promoveu a secret�ria e se atrapalhou ao produzir o documento. "Ela andou fazendo algumas planilhas e incorreu em v�rios erros. Gosto de poder ajudar as pessoas", justificou.
Ao fim da sess�o, Marcondes chorou ao falar do impacto das investiga��es e da pris�o sobre sua vida pessoal e profissional. Ele alegou que seu trabalho foi sempre de lobby t�cnico e que a den�ncia do MPF, baseada em relat�rios da Receita Federal, entre outros documentos, se baseia em distor��es e "preconceito" contra a atividade. "Me sinto deprimido, n�o reconhecido. Est� sendo visto s� o lado negativo (do trabalho)", reclamou.
O lobista afirmou que as MPs investigadas (al�m da 471 e da 627, tamb�m h� suspeitas sobre a 512/2010) trouxeram investimentos de US$ 70 bilh�es para o Brasil e foram aprovadas sem maiores controv�rsias no Congresso.
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'N�o senti resist�ncia no governo', diz lobista suspeito de 'compra' de MPs
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