Bras�lia, 14 - Ap�s a indecis�o sobre qual posicionamento o governo deveria adotar em rela��o �s manifesta��es que ocorreram ontem, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, recebeu no in�cio da tarde desta segunda-feira, 14, em duas rodadas, grupos de jornalistas para declarar a opini�o do governo Dilma Rousseff sobre os atos.
"H� o reconhecimento de que a manifesta��o foi vigorosa, e h� o reconhecimento que, das �ltimas, foi a mais produzida, com envolvimento de federa��es e empresas", afirmou, destacando que isso "n�o tira o valor" dos protestos.
Para o ministro, "o bom ou mau humor" da rua tem a ver com o bom ou mau humor da economia e, apesar de dizer que o governo n�o tem solu��o m�gica para a crise, salientou que "o impeachment n�o � rem�dio nem para crise econ�mica nem impopularidade".
O ministro recha�ou ainda a compara��o das manifesta��es de ontem com os protestos que pediam as Diretas J� e disse que essa an�lise "� absolutamente indevida" e que era outro momento. "Nas diretas ningu�m patrocinou", disse. "S�o naturezas diferentes, numericamente n�o sei, mas do ponto de vista motivacional � totalmente diferente."
Na maior manifesta��o da hist�ria do Pa�s, milh�es de brasileiros foram �s ruas ontem, em pelo menos 239 cidades nas cinco regi�es, pedir a sa�da da presidente Dilma.
De acordo com institutos de pesquisa, Pol�cia Militar e historiadores consultados pelo
jornal O Estado de S. Paulo
, os atos p�blicos de ontem superaram em ades�o as manifesta��es das Diretas J� (movimento pelo fim da ditadura entre 1983 1984) e do movimento conhecido como Junho de 2013 (s�rie de protestos desencadeada pelo aumento do pre�o das passagens do transporte p�blico).
Wagner destacou que h� um claro foco de insatisfa��o com o governo e insistiu que o perfil dos que foram protestar era "claramente oposicionista" e provavelmente de eleitores do senador tucano A�cio Neves (PSDB-MG), derrotado por Dilma nas elei��es.
Apesar disso, o ministro salientou que os protestos mostraram a nega��o da pol�tica, at� porque "os parlamentares da oposi��o n�o tiveram benepl�cito". "Quem achou que ia faturar, n�o faturou", afirmou.
Para o ministro, os atos de domingo d�o mais responsabilidade para quem est� no comando das institui��es e aumentam a preocupa��o no sentido de que eles n�o apontam uma solu��o e, �s vezes, partem para um ataque pessoal. "Mesma press�o que a rua faz contra corrup��o tem que fazer pela reforma pol�tica. Essa era a bandeira que deveria ser levantada, sen�o n�o muda nada", afirmou.
Ao destacar que a classe pol�tica foi o principal alvo de insatisfa��o, Wagner afirmou ainda que o juiz S�rgio Moro, que comanda a Opera��o Lava Jato "tra�ou um plano de criminaliza��o da pol�tica". "O rei da festa foi o Moro".
Economia
O ministro disse que o governo n�o existe "guinada" na pol�tica econ�mica. Jaques Wagner descartou a possibilidade de o governo usar as reservas para fazer investimentos. "Se for o caminho, ser� para pagar d�vida, mas n�o h� nenhuma decis�o a respeito", afirmou ele, explicando que isso "tem uma l�gica".
E emendou: "essa perspectiva de queima de reservas para investimento, essa hip�tese est� descartada. A outra hip�tese, para abater d�vida federal, � uma reflex�o, mas n�o tem decis�o tomada", justificou.
Na entrevista, o ministro informou que a expectativa � de que at� dia 30 de mar�o seja conclu�da renegocia��o da d�vida dos Estados e munic�pios, al�m das d�vidas com o BNDES. "� para dar f�lego l� na ponta", disse ele, ao explicar que, al�m da renegocia��o das d�vidas, o governo pretende dar prosseguimento a obras do Programa de Acelera��o do Crescimento, com objetivo de aumentar o emprego.
"Para animar a economia tem de botar obra p�blica para rodar porque ela emprega, gira mercado e aumenta a massa salarial", justificou o ministro, insistindo que "n�o tem m�gica". Segundo ele, "para chegar no desenvolvimento que a gente quer, temos de continuar fazendo esse processo de ajuste fiscal".
Justi�a
Ap�s o imbr�glio envolvendo o comando do Minist�rio da Justi�a, Jaques Wagner negou que exista a possibilidade de ele assumir o comando da pasta. "N�o vou para Minist�rio da Justi�a, s� coloco o meu chap�u onde minha m�o alcan�a", afirmou, ressaltando que � preciso ter algu�m que domine o tema. "N�o h� essa hip�tese", refor�ou.
O nome de Wagner come�ou a ser cotado para a Justi�a ap�s a proibi��o pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou que Wellington C�sar Lima e Silva mantivesse tamb�m o posto de procurador do Estado da Bahia, e tamb�m por causa das especula��es em torno do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva voltar a ocupar um lugar no Planalto.
Wagner negou que tenha sido "trapalhada" do governo a nomea��o de Lima e Silva no lugar de Jos� Eduardo Cardozo e disse que era uma interpreta��o do governo. "Foi uma interpreta��o, tanto que havia outros 20 procuradores com outros cargos", disse. "Mas isso n�o se discute mais. Vamos aguardar posicionamento dele", afirmou o ministro, destacando que Lima e Silva deve dar uma resposta ao governo at� amanh�.
Procurador no Estado da Bahia, Lima e Silva j� tomou posse, mas de acordo com a decis�o do STF, tomada na quarta-feira passada, tem 20 dias para tomar uma decis�o se deixa o cargo na Bahia para permanecer no governo da presidente Dilma Rousseff.
