
Poucas horas depois da decis�o da ju�za Maria Priscilla Oliveira, da 4ª Vara Criminal de S�o Paulo, que estava incumbida de decidir sobre o pedido do Minist�rio P�blico para pris�o do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) transferir o caso ao juiz federal S�rgio Moro, na Justi�a Federal de Curitiba, lideran�as do PT e assessores do Pal�cio do Planalto deram como certo que ele deve aceitar o convite para ser ministro. O petista se re�ne hoje ou amanh� com a presidente Dilma Rousseff (PT) para discutir a possibilidade de integrar ao governo. Interlocutores do Planalto informaram na noite dessa segunda-feira (14) que no encontro ser� discutida a melhor forma de o ex-presidente assumir uma pasta no chamado n�cleo duro do governo. As principais op��es s�o a Casa Civil, ocupada hoje por Jaques Wagner, ou a Secretaria de Governo, comandada por Ricardo Berzoini. Caso Lula aceite o cargo na Esplanada dos Minist�rios, ele passa a ter foro privilegiado e n�o poder� mais ser julgado por Moro, que tem adotado postura rigorosa nas penas para condenados na Opera��o Lava-Jato.
A op��o mais prov�vel � que Lula passe a comandar a Secretaria de Governo, onde assumiria a articula��o anti-impeachment. Mesmo que a Casa Civil seja uma pasta mais poderosa, o excesso de atribui��es mais burocr�ticas seria um entrave, uma vez que o ex-presidente ficaria livre para negociar com partidos da base aliada que estudam desembarcar do governo. Os quatro milh�es de manifestantes que foram �s ruas no domingo pesaram na decis�o do ex-presidente. Ele telefonou nessa segunda-feira (14) para a presidente e os dois v�o se encontrar pessoalmente para a conversa final. “Ele quer salvar um projeto que est� sendo tachado de banditismo”, disse um fervoroso lulista. Ministro da Secretaria de Governo, Lula ter� a miss�o de conversar com os movimentos sociais, acalmar a milit�ncia petista e articular a aprova��o no Congresso dos projetos de interesse do governo, especialmente aqueles ligados � economia.
Ao ver a multid�o nas ruas domingo pedindo o impeachment da presidente e pris�o dele, Lula resolveu minimizar as cr�ticas de que estaria apenas em busca de foro privilegiado para escapar de Moro. O �nico empecilho � a d�vida se o processo que envolve o ex-presidente relativo ao triplex do Guaruj� e ao s�tio de Atibaia e que corria at� nessa segunda-feira (14) na 4ª Vara Criminal de S�o Paulo, sob responsabilidade da ju�za Maria Priscilla,causaria algum obst�culo legal � nomea��o de Lula para a Esplanada.
ESPERAN�A A decis�o pol�tica, contudo, j� est� tomada. A integra��o de Lula ao governo � a �ltima esperan�a do governo e de Dilma de escapar do impeachment. O objetivo � que Lula consiga retomar um di�logo com uma parcela da popula��o que est� afastada do PT e do Planalto: as classes C, D, E, mais afetadas pela crise econ�mica. A avalia��o � de que n�o h� como recuperar a popularidade na classe A, que sempre foi refrat�ria ao PT, e na classe m�dia, apertada pela escalada inflacion�ria e assombrada pelo desemprego. Foram esses dois segmentos da popula��o que lotaram as ruas no domingo. Lula, o PT e o Planalto querem dinamizar novamente a economia, com mais cr�dito para a popula��o e um discurso vigoroso de otimismo para reacender a esperan�a na popula��o mais carente. “Se Dilma conseguir chegar a 20%, 30% de popularidade, fica mais dif�cil falar em impeachment”, disse um petista.
“A decis�o � dele, pessoal. Minha opini�o � que ele deveria ir, independentemente dos protestos, mas � uma decis�o dif�cil, tem que ser muito pensada”, afirmou o presidente nacional do PT, Rui Falc�o. Lula, segundo auxiliares pr�ximos, tamb�m n�o estaria mais preocupado com a possibilidade de que o impeachment da presidente Dilma, mesmo com a presen�a dele no governo, pudesse manchar-lhe a biografia. “� uma quest�o de dignidade. Para Lula, seria muito mais f�cil e c�modo ficar em S�o Paulo resolvendo os pr�prios problemas. Ele quer vir para Bras�lia para ajudar o governo”, disse um cacique que despacha no Instituto Lula em S�o Paulo.